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Colunista

Como será a renda fixa no governo Lula?

Investidores precisam ficar atentos aos nomes da Fazenda e ao montante de estímulos negociados fora do teto

Foto: Carla Carniel | Reuters
Foto: Carla Carniel | Reuters

Estamos passando por uma realidade inédita no Brasil de eleger um novo presidente que já passou pela Presidência da República antes.

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Nesse sentido temos uma facilidade maior na análise, pois já sabemos as preferências e os setores priorizados em seu governo anterior.

O governo Lula é um governo que entende que o Estado deve ajudar na promoção do crescimento. Que os bancos e empresas estatais devem fazer parte das políticas públicas.

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É também um governo de reajustes de salário, e auxílio para a população de baixa renda.

Essas políticas têm como consequência o aumento dos gastos fiscais. O aumento dos gastos, por sua vez, aumenta também a pressão nos preços.

Podemos ver que durante o governo de Lula de 2003 a 2010, a inflação oscilou em sua grande maioria entre o centro e o teto da meta. Em 2003 tivemos o rompimento do teto para cima, e em 2006 ficamos abaixo do centro da meta, ainda no intervalo de confiança.

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No governo Dilma as políticas de estímulos públicos foram intensificadas e como consequência a inflação também passou para patamares ainda mais elevados.

O grande temor do mercado é entender que tipo de governo Lula seria essa nova gestão.

Durante a campanha eleitoral Lula prometeu reajustar o salário mínimo para ganhos de até R$ 5 mil. Os custos seriam em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões fora do teto de gastos.

Outra promessa seria a manutenção da redução de imposto para combustíveis, que teria o impacto de R$ 30 bilhões fora do teto.

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Por último teria o reajuste real do funcionalismo público, com impacto de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões acima do teto.

O que o mercado está de olho é exatamente qual será o tamanho do estímulo fora do teto que será negociado no início do governo.

Caso fosse algo mais parecido com o primeiro mandato chamado de Lula I, teríamos um cenário de estímulos em torno de R$ 100 bilhões, que é um número que o mercado aceita, e que não teria grandes consequências em termos de prêmio de risco nas curvas de juros atuais.

Neste caso, estaríamos vendo uma política de fiscal controlado e dívida sobre PIB em trajetória cadente, mesmo se em um futuro mais distante.

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O grande medo do mercado seria um governo mais parecido com Lula II ou Dilma I e II, com estímulos mais agressivos, e gastos fora do teto mais na faixa de R$ 200 bilhões.

Caso isso acontecesse, poderíamos ver aumentos dos prêmios de risco no mercado, com desvalorização cambial, aumento dos juros longos, e pressões inflacionárias mais intensas.

Como o mercado de renda fixa atualmente precifica uma queda da taxa Selic durante o ano que vem, uma pressão dos salários e preços pode significar que essa queda não irá acontecer.

A reprecificação das taxas de juros para cima, em um momento de juros altos ao redor de todo o mundo, causaria prejuízo para os detentores de títulos prefixados e indexados à inflação.

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Por isso, temos que ficar bem atentos aos próximos meses, e ao novo governo que será anunciado.

Tanto os nomes da Fazenda, quanto o montante de estímulos fora do teto negociados.

Essas informações serão cruciais para o comportamento dos títulos de renda fixa durante esse final do ano e início do ano que vem.

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