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O que o investidor deve esperar do mercado até a posse de Lula

Analistas veem cenário de incertezas até a consolidação do petista na Presidência, em janeiro de 2023

O que o investidor deve esperar do mercado até a posse de Lula
Sem a definição da equipe econômica de Lula, o mercado segue 'no escuro'. Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO
  • Nesta semana, o Brasil tenta se recuperar da “ressaca eleitoral” após o segundo turno das eleições presidenciais
  • O líder do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou a disputa pelo Planalto no domingo (30), com 50,9% dos votos
  • Contudo, sem a definição da equipe econômica de Lula, o mercado segue 'no escuro'. A principal projeção até a posse do ex-metalúrgico, em 1 de janeiro de 2023, é de intensa volatilidade na Bolsa brasileira

Nesta semana, o Brasil tenta se recuperar da “ressaca eleitoral” após o segundo turno das eleições presidenciais. O líder do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou a disputa pelo Planalto no domingo (30), com 50,9% dos votos.

O atual presidente e principal adversário do petista, Jair Bolsonaro (PL), ficou com 49,1% dos votos. A grande incerteza em torno do terceiro mandato de Lula pode ser observado na montanha-russa vivida pelo Ibovespa na segunda-feira (31). Depois de desvalorizar 2,11% às 10h, pior momento do dia, o indicador inverteu a tendência de queda e fechou em alta de 1,31%, aos 116.037,08 pontos.

A melhora no desempenho do índice ao longo da sessão teve a ver com o clima político mais “ameno” do que o esperado inicialmente. “Mercado não considerou que eleição de Lula tenha sido negativa ou um fracasso tão grande”, afirma Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos.

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Além disso, a apreensão dos investidores com o silêncio de Bolsonaro após a votação foi aliviada na terça-feira (01) – mais de 40h depois do resultado eleitoral. O discurso de menos de três minutos de duração veio com sinalizações positivas e o Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,77%, aos 116.928,66 pontos.

Apesar de não ter dito expressivamente que aceita a derrota, o atual presidente indicou que seguirá a Constituição. A perspectiva é que ele faça uma passagem de poder pacífica, o que afasta os temores de crise institucional, principalmente por parte dos investidores estrangeiros.

“A sensação é que não haverá contestação (do resultado das urnas) e a transição deverá ser mais suave e tranquila que o esperado”, afirma Marcelo Boragini, especialista em renda variável da dados investimentos.

Volatilidade à vista

Contudo, sem a definição da equipe econômica de Lula, o mercado segue ‘no escuro’. A principal projeção até a posse do ex-metalúrgico, em 1 de janeiro de 2023, é de intensa volatilidade na Bolsa brasileira. O futuro ministro da Economia terá que lidar com uma bomba fiscal armada para o ano que vem, que envolve a acomodação do Auxílio Brasil no orçamento.

O teto de gastos também caminha para seus momentos finais, já que tanto o líder do PT, quanto o militar da reserva já indicavam mudanças na âncora fiscal. Segundo Boragini, o mercado vai focar seus holofotes na nomeação da nova equipe econômica do governo Lula.

Caso os nomes escolhidos por Lula sejam alinhados com o pensamento de responsabilidade com as contas públicas, o mercado deve reagir positivamente. Na hipótese de serem figuras contrárias a essa tese, o Ibov deve aprofundar as quedas.

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Até essa definição, entretanto, a aversão a risco deve ser um fator de presença permanente na Bolsa. “O nome do jogo com certeza será volatilidade”, diz Boragini

Orlando Bachesque, sócio da Alta Vista Investimentos, reforça esse posicionamento. “Daqui para frente teremos volatilidade, que pode ser tanto para o lado positivo, quanto para o lado negativo”, afirma Bachesque. O executivo observou também uma tendência par a troca de papéis na Bolsa, com investidores saindo de estatais e aplicando em varejistas.

Isto porque o presidente eleito já sinalizou a inclinação a intervir mais nas empresas governamentais, principalmente a Petrobras (PETR4). Por outro lado, o varejo deve ser beneficiado com o maior acesso da população ao crédito, que foi uma das marcas dos últimos dois governos de Lula.

“Essa troca pode continuar crescendo”, afirma Bachesque. “O real, em contrapartida, se valorizou na segunda-feira (31). Isso pode indicar que o investidor estrangeiro tenha tomado uma posição de compra porque os múltiplos da Bolsa brasileira estão baratos.”

O analista de investimentos Mario Goulart, criador do canal no Youtube “O Analisto”, também destaca que o desempenho do mercado até a posse de Lula em 2023 vai depender bastante das composições de governo. Segundo ele, a cada novo nome que surgir como possível candidato ao ministério da Fazenda, os investidor deve reagir positivamente ou negativamente, de acordo com o perfil do especialista.

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“Está bem disperso o que o mercado pensa. O investidor estrangeiro viu oportunidades na segunda-feira, com exceção das estatais, que caíram bastante. Em resumo, o mercado vai ficar esperando as  sinalizações do governo”, afirma Goulart.

 

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