Tudo sobre Renda Fixa

Marilia Fontes é sócia-fundadora da Nord Research e possui 12 anos de experiência de mercado financeiro. Trabalhou como gestora de renda fixa e câmbio em gestoras como Itaú, Mauá e Kondor, em fundos de até R$ 2 bilhões, com operações nacionais e internacionais. Na Empiricus, ela foi a analista fundadora e responsável pelos relatórios: Tesouro Empiricus e Empiricus Renda Fixa. Marilia é mestre em Economia pelo Insper e autora do livro “Renda Fixa NÃO é fixa!”
Twitter: @mariliadf2

Escreve na terceira sexta-feira de cada mês

Marilia Fontes

Selic alta traz de volta rendimento de 1% ao mês

O lado ruim é que os motivos que levaram os juros a subirem tanto assim não são positivos

Foto: Pexels
  • Fazia tempo que não víamos uma taxa de juro tão alta, não é mesmo? Depois de Selic de 2% ao ano, ficamos órfãos de taxas altas no Brasil
  • O aumento forte da taxa de juros sempre é acompanhado por instabilidade na bolsa de valores

Se você investiu recentemente em títulos que rendem no mínimo 105% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) para o próximo ano, então trago boas notícias. Você terá um rendimento equivalente a 1% ao mês!

Fazia tempo que não víamos uma taxa de juro tão alta, não é mesmo? Depois de Selic de 2% ao ano, ficamos órfãos de taxas altas no Brasil.

O lado ruim é que os motivos que levaram os juros a subirem tanto assim não são positivos. Entre aumento de gastos, inflação galopante e riscos políticos, estamos tendo que pagar um juro maior para conseguir financiar as dívidas do País.

A inflação alta não é um tema apenas brasileiro. Estamos com números altos em todo o mundo, de emergentes a países desenvolvidos. Preços de alimentos, energia e moradia subiram bem nos últimos meses, influenciando a cesta de consumo de todo o globo.

Com essa preocupação, os Banco Centrais estão tendo que ajustar sua linguagem de política monetária para antecipar juros mais altos no futuro próximo. É um evento generalizado.

O aumento forte da taxa de juros sempre é acompanhado por instabilidade na Bolsa de Valores brasileira. Não por outro motivo, estamos vendo a Bolsa voltar aos 100 mil pontos, depois de ter batido 130 mil pontos em junho deste ano.

Além de todos os riscos que um cenário como esse já traz, temos ainda um risco bem alto só nosso: as eleições de 2022.

Diversos investidores evitam investir em países durante o ano eleitoral. É uma época de muita instabilidade, principalmente pois não se sabe quem será a próxima equipe econômica a comandar o país, e quais as políticas que ela defenderá.

Frente a esse cenário, eu não recomendo que ninguém aqui alongue muito os prazos dos seus investimentos.

Caso vença uma equipe que decida pressionar para acabar com o teto de gastos, ou não se preocupar com o controle da inflação, podemos ver um cenário ainda pior do que estamos vendo agora.

Vamos lembrar que em 2016, antes do Impeachment, as taxas de juros de 10 anos no Brasil eram de incríveis 16%. Ou seja, se rumarmos para o caminho errado, ainda temos um bom espaço para essas taxas subirem.

Para que as taxas de juros passem a voltar para uma tendência de queda, temos que ter uma evolução importante no controle da inflação e na responsabilidade fiscal. Enquanto isso não acontecer, as taxas não vão melhorar. E você investidor não precisa ter pressa alguma em travar esses números para o longo prazo.

Agora é o momento de aguardar tranquilo, sem muito risco na carteira. Observar como vai se desenhar a eleição e no final de 2022 voltar a pensar em alongar os prazos da carteira de renda fixa.

E sabe qual o melhor de tudo?

O investimentos curtos e conservadores estão te pagando taxas maravilhosas, de 1% ao mês. Não estamos mais no cenário onde você tem que arriscar muito ou alongar muito para ter retornos razoáveis.

Então aproveite esse cenário e ano que vem conversamos novamente.

Não se esqueçam que renda fixa só é fixa se você levar o título até o vencimento. Se você decidir vender o título antes, acaba sofrendo a marcação a mercado, podendo inclusive ter prejuízo.

Quem entrar no site do Tesouro Direto, na tabela de rentabilidade acumulada no ano, vai ver prejuízos de até 30% em títulos prefixados e IPCA+.

Tão importante quanto achar um bom título, é escolher o vencimento certo para se aproveitar dos momentos positivos de mercado.