- a classe de ativos de renda fixa possui de longe a maior fatia deste bolo
- Se fizermos investigação um pouco mais profunda, podemos verificar quais são os tipos de títulos públicos mais alocados por estes seletos investidores
Na minha coluna do mês passado comentei que o Brasil tinha mais de 23.000 fundos de investimento onde alguns trilhões de reais estão investidos.
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Deste total, cerca de 3.500 fundos são exclusivos em que o cotista único é uma pessoa física. Para se ter uma ideia do crescimento deste mercado, apenas em 2022 pelo menos 169 fundos exclusivos de pessoa física foram criados.
O patrimônio destes 3.500 fundos girava na época que o texto foi escrito em torno de R$ 209 bilhões.
Classe do Ativo | Soma do valor alocado (R$ bilhões) | Renda Fixa ou Variável |
Títulos Públicos | 70,13 | Renda Fixa |
Ações | 52,93 | Renda Variável |
Cotas de Fundos | 31,05 | |
Investimento no Exterior | 30,98 | |
Operações Compromissadas | 21,59 | Renda Fixa |
Outras operações passivas e exigibilidades | 15,22 | |
Debênture simples | 9,38 | Renda Fixa |
Depósitos a prazo e outros títulos de IF | 6,79 | Renda Fixa |
Certificado/recibo de depósito de valores mobiliários | 5,66 | Renda Variável |
Ações e outros TVM cedidos em empréstimo | 4,83 | Renda Variável |
Valores a receber | 4,06 |
Tabela 1: Classe dos ativos investidos pelos Fundos Exclusivos.
Dos R$ 209 bilhões, mais de R$ 106 bilhões estavam em renda fixa. Logo, a classe de ativos de renda fixa possui de longe a maior fatia deste bolo de dinheiro.
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Destes R$ 106 bilhões investidos em renda fixa, R$ 91 bilhões estão alocados em títulos públicos federais e operações compromissadas, duas classes de ativos consideradas de baixíssimo risco e de grande liquidez.
Em resumo, os números nos levam a crer que os multimilionários brasileiros investidores de fundos exclusivos são majoritariamente conservadores (ou pelo menos moderados) e possuem elevada preferência por liquidez.
Embora as informações coletadas não forneçam nenhum indício de como a riqueza foi criada, elas demonstram que na cabeça dos multimilionários a riqueza deve ser preservada. Na mente destes investidores ultra endinheirados, o espaço para aventuras é limitado.
Se fizermos uma investigação um pouco mais profunda, podemos verificar quais são os tipos de títulos públicos mais alocados por estes seletos investidores.
Indexador | Participação |
IPCA | 59,93% |
SELIC | 30,54% |
PRE | 9,47% |
DOL | 0,05% |
IGP-M | 0,01% |
Total | 100,00% |
Tabela 2: Quebra dos Títulos Públicos por Indexador.
Notem a enorme participação dos títulos públicos indexados à inflação, reforçando a ideia de preservação do capital almejada pelos investidores com bolso profundo. Em segundo lugar temos os títulos públicos indexados à taxa básica da economia, a Selic. Num distante terceiro lugar, estão os títulos públicos pré-fixados.
A baixa participação de títulos indexados ao câmbio e ao IGP-M não se deve à falta de interesse dos investidores, mas pela falta de emissão pelo governo de títulos atrelados a estes indicadores.
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Creio que estes dados tenham ajudado a lançar luzes sobre o que passa na mente dos investidores com dinheiro suficiente para dispor de fundos exclusivos.