- Nas últimas décadas, a tecnologia tem sido o campo de batalha para disputas geopolíticas, com destaque para o confronto entre os Estados Unidos e a China;
- O cenário de agora, marcado por acusações mútuas de práticas desleais e esforços para restringir o acesso a tecnologias críticas, coloca em perspectiva não apenas uma rivalidade bilateral, mas uma batalha com profundas ramificações globais;
- O impacto dessa escalada no mercado internacional pode ser profundamente disruptivo. Além disso, essa disputa ameaça fragmentar a internet global e os padrões tecnológicos em esferas de influência distintas.
Nas últimas décadas, a tecnologia tem sido o campo de batalha para disputas geopolíticas, com destaque para o confronto entre os Estados Unidos e a China. No entro dessa disputa estão os semicondutores, peças fundamentais que impulsionam desde smartphones até sistemas avançados de defesa. O cenário de agora, marcado por acusações mútuas de práticas desleais e esforços para restringir o acesso a tecnologias críticas, coloca em perspectiva não apenas uma rivalidade bilateral, mas uma batalha com profundas ramificações globais.
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O governo dos EUA, sob a administração de Joe Biden, tem ampliado sua política de “America First” na indústria de semicondutores, evidenciado pelo ato “Chips and Science” que destina bilhões em subsídios para estimular a produção nacional. Paradoxalmente, tais medidas, embora visem fortalecer a indústria doméstica, levantam acusações de hipocrisia, visto que simultaneamente os EUA acusam a China de práticas semelhantes, agravando as tensões comerciais.
A China, por sua vez, não está apenas na defensiva. Respondeu com o desenvolvimento acelerado de sua própria indústria de semicondutores e impôs tarifas significativas contra produtos americanos, além de promover a substituição de tecnologia estrangeira em seus sistemas governamentais e industriais por alternativas locais. Essa estratégia de “autossuficiência tecnológica” é tanto uma medida de proteção quanto um claro sinal de sua intenção de desafiar a hegemonia tecnológica americana.
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O impacto dessa escalada no mercado internacional pode ser profundamente disruptivo. As cadeias de suprimentos globais para semicondutores são intricadas e interdependentes; uma interrupção pode levar a uma crise de abastecimento, aumentando os preços e atrasando a entrega de produtos eletrônicos ao consumidor. Além disso, essa disputa ameaça fragmentar a internet global e os padrões tecnológicos em esferas de influência distintas, o que poderia resultar em um aumento de custos e em uma desaceleração na inovação.
A questão central não é apenas quem fabrica os semicondutores, mas também quem define e controla as tecnologias emergentes como a inteligência artificial e a computação quântica. O domínio nesta área pode redefinir o equilíbrio de poder tecnológico e econômico no século XXI.
Para o Brasil e outros países em desenvolvimento, essa rivalidade apresenta desafios e oportunidades. Há o risco de maior volatilidade econômica e de serem forçados a escolher parceiros em um ambiente de “nova Guerra Fria” tecnológica. Por outro lado, pode surgir a oportunidade de atrair investimentos de ambas as potências que buscam aliados e vantagens estratégicas em regiões geopoliticamente significativas.
A postura que o Brasil e similares adotarem em face dessa nova realidade determinará muito de seu desenvolvimento futuro. A independência tecnológica, a diversificação de parceiros comerciais e o investimento em pesquisa e desenvolvimento serão cruciais.
Em suma, a escalada da disputa tecnológica entre os EUA e a China não é apenas um jogo de poder entre duas nações; é um sinal de um realinhamento mais amplo das forças globais que moldará o futuro econômico e tecnológico do mundo. O caminho a seguir exige cautela, estratégia e, acima de tudo, uma visão clara das implicações a longo prazo dessa batalha pelo domínio tecnológico.
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