O que este conteúdo fez por você?
- Banco central americano vai se reunir no fim de janeiro para definir nova taxa de juros
- Última reunião marcou o fim de sucessivos aumentos de 0,75%
- Inflação americana dá sinais de queda e é possível que a taxa de juros seja aumentada em apenas 0,25%
No final de janeiro, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, se reunirá para decidir o aumento da taxa de juros.
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Em sua última reunião, em dezembro passado, o banco aumentou a taxa em 0,50 pontos percentuais, após uma sequência pesada de aumentos ao longo do ano na faixa dos 0,75 pontos percentuais.
A queda da última reunião mostra que o Fed começa a entender que está conseguindo segurar o aumento da inflação – principal razão para o aumento das taxas de juros – e a enxergar um horizonte a médio prazo, no qual a curva de juros poderá voltar a baixar.
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O Presidente do Fed, Jerome Powell, está sendo visto em Washington como “mais aberto do que o normal” para ouvir e negociar pontos de vista com outros membros. Um dos mais enfáticos nas reuniões (que ocorrem a cada seis semanas), é o Presidente do Fed da Philadelphia, Patrick Harker. O sentimento em Washington é de que Harker defende o aumento de 0,25 pontos percentuais desde antes da reunião de dezembro, e foi um dos grandes influenciadores no processo de reversão dos 0,75 para os 0,50.
Além de Harker, Susan Collins, do Fed de Boston, também vê com bons olhos um aumento de 0,25. No entanto, na cúpula do governo, pensa-se que Susan não acredite que uma queda no aumento do juros, agora, represente uma obrigação para manter este índice na próxima reunião.
Vista como apreciadora das análises mais curtoprazistas (ao contrário de outros, como James Bullard, de St. Louis), Susan e Patrick Harker são essenciais para garantir uma curva decrescente dos juros pela influência que exercem sobre os colegas.
A inflação mostra sinais de queda (6,5%), apesar de os índices de risco e focos de alta inflacionária alertarem para o perigo. A volatilidade nas tensões entre EUA e China aparentemente se acalmaram enquanto Xi Jinping lida com o enorme — e contínuo — problema interno da Covid-19. No segundo semestre deste ano, entretanto, talvez possamos assistir a uma leve piora. A guerra na Ucrânia também traz um risco geopolítico que deixa o Fed mais atento do que o normal.
Há duas linhas no momento que são de vital importância. Naturalmente, essas linhas não são pétreas, pois dependem de inúmeros impactos de curto, médio e longo prazo. Por enquanto, há uma perspectiva otimista de que, ao longo do ano, a taxa de juros ultrapasse os 5%, possivelmente chegando a 5,5%, e, mesmo assim, feche o ano nos 5%.
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A dificuldade em controlar a inflação vem gerando uma ansiedade grande, tanto no Fed quanto na Casa Branca. Em dezembro, o ano foi encerrado com 6.5%, apesar de que a inflação em Miami, por exemplo, fechou em 9,9%, 8,4% em Dallas, e 7,5% em partes da Califórnia.
As poupanças e os grandes pacotes econômicos lançados ao longo dos governos Trump e Biden colaboraram de forma aguda para este aumento.
O Índice de Preço do Consumidor (CPI) aumentou como não havia sido observado por muito tempo. O rebote da Covid-19, pesados pacotes de estímulo, alta demanda do consumidor e impactos negativos na cadeia global de suprimentos tiveram um papel importante na guinada do CPI.
Pelo menos nos EUA e na Europa, a Covid-19 está relativamente sob controle, mas, na China, a situação está longe de ser resolvida. Ainda há uma expectativa razoável de que disrupções na cadeia de suprimentos se tornem um problema grave neste ano, principalmente para eletrônicos e chips semicondutores. Em um artigo anterior, falo se está mais arriscado investir na Ásia.
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Por mais que o ano de 2023, nos EUA, demonstre estar um pouco menos sombrio do que o ano de 2022, ainda existem riscos reais. O Fed não vai focar em nada além do que garantir que a inflação volte para a casa dos 2%. Para isso, aumentar a taxa de juros é pouco, desde que outros fatores também ocorram, como aumento nos gastos de poupança ou uma inesperada estabilidade duradoura no cenário internacional.
A política monetária do Fed vai seguir firme, atenta para afastar o risco de recessão. Embora haja visões bastante distintas entre os tomadores de decisão — Jerome Powell, por exemplo, durante um bom tempo, foi capaz de convencer seus colegas que o aumento na taxa de juros era a única saída; já Harker argumentava que o aumento já estava chegando ao seu limite — possivelmente, 2023 vai ser o ano onde a obsessão com a inflação diminua e os embates de membros nas reuniões sinalize a virada de onda para uma calmaria.