O que este conteúdo fez por você?
- Maafushi é para onde você deveria ir: tem acomodações três estrelas com diárias de US$ 100 por pessoa, com café da manhã incluso
- Além de praias públicas, Maafushi tem uma vibe de litoral brasileiro com restaurantes, bares e lojas — uma imersão na cultura local que vai te surpreender
- Os passeios a ilhas e praias paradisíacas são baratos e incluem fotos com drone, além de ser possível ter um dia num resort de luxo por muito menos do que custa uma diária
Esqueça todos aqueles comentários que certamente você já ouviu sobre as Maldivas serem um destino caríssimo e impossível de ir sem ser rico ou milionário. Eu estive lá e vou te mostrar como visitar este paraíso banhado pelo Oceano Índico sem ter que gastar rios de dinheiro.
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As Maldivas são um arquipélago formado por mais de 1.100 ilhas, sendo 203 delas habitadas. Muitas delas são usadas para abrigar resorts de luxo, aqueles que você já deve ter visto nas revistas de turismo ou nos perfis de blogueiros no Instagram. A experiência nesses resorts é caríssima porque você fica hospedado numa ilha paradisíaca exclusiva, com as melhores comodidades à disposição e um staff qualificado pronto para te atender a qualquer momento. Mas o que nem todo mundo sabe é que para conhecer as Maldivas você não precisa se hospedar num lugar assim.
É possível ficar em uma ilha habitada do arquipélago, onde vivem os locais. A construção de hotéis e pousadas para turistas estrangeiros está permitida nas ilhas públicas habitadas das Maldivas desde 2008. Foi a forma que o governo local encontrou para gerar empregos e estimular a economia do país.
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O segredo é a escolha da ilha. Na capital, na cidade de Malé, onde fica o aeroporto, até há opções de hospedagem, mas a experiência ali pode não ser boa. Essa ilha é a maior do arquipélago e a que tem mais pessoas. É onde moram mais de 130 mil dos cerca de 500 mil habitantes do país. É lá onde está toda a estrutura do governo, além de universidades, hospitais, prédios comerciais e residenciais, e até a cadeia local.
Como toda “cidade grande”, Malé tem um lado mais pobre e violento que certamente não é o que um turista estrangeiro busca. Por isso, minha escolha foi me hospedar na ilha habitada de Maafushi — e recomendo! Das ilhas habitadas fora da capital, Maafushi é a que tem a melhor estrutura para receber estrangeiros.
A ilha é pequena, muito limpa e organizada, com hotéis comuns de ótima qualidade e excelente relação custo-benefício, além de ter uma boa rede de comércio local, com lojas que vendem desde souvenirs até supermercados, farmácias e restaurantes. Caminhar pelo centro de Maafushi em suas ruelas de areia à noite tem um clima meio parecido com o de Paraty (RJ) — algo que o pessoal que opta por ficar nas ilhas-resort perde.
Por ser uma ilha, claro, Maafushi tem praias — e elas são todas banhadas pelo mesmo mar de águas cristalinas de qualquer outra do arquipélago, incluindo as ilhas-resort. Algumas praias de Maafushi são públicas, mas, antes de vestir seu traje de banho e colocar os pés na areia, é preciso estar ciente das normas locais. Nem todo mundo sabe, mas Maldivas são um país muçulmano e, portanto, seguem as tradições dessa religião.
Em Maafushi, você só poderá usar biquíni ou sunga/bermuda sem camisa na chamada “Bikini Beach”, uma praia estruturada para os estrangeiros. Dentro dos hotéis, a regra é definida por cada estabelecimento, mas no geral eles também permitem o vestuário como estamos acostumados. Existe uma praia na ilha onde você só pode ir vestido adequadamente. Nas ruas, nada de colo, ombros ou barriga à mostra, respeitando a cultura e a religião local. Véu para cobrir os cabelos, no caso das mulheres, não é necessário.
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Também se acostume com os alto-falantes das mesquitas anunciando cinco vezes ao dia o horário de oração. O som não atrapalha em nada a sua estadia e na maioria das vezes que tocar você estará fora, fazendo algum passeio, e nem vai ouvir.
O costume mais difícil para nós, não muçulmanos, é a proibição de bebidas alcoólicas. Nos bares e restaurantes da ilha, você só conseguirá consumir cerveja e drinks sem álcool. Mas não se preocupe que há passeios onde você vai conseguir tomar o que você deseja, e eu já te explico como.
Sobre a acomodação, minha escolha foi o Rehendhi Villa. É um hotel comum, três estrelas, sem luxo, mas com uma ótima estrutura, suficiente para descansar com conforto no fim do dia. Ele fica próximo das praias, dos restaurantes e tem uma ótima piscina, que pode ser usada até as 18h todos os dias.
Paguei cerca de US$ 400 por quatro diárias em um quarto para duas pessoas (casal) — aproximadamente R$ 2.040 no total. Por cerca de US$ 50 por pessoa (R$ 255), o hotel também faz o serviço de transfer do aeroporto para Maafushi em barco na ida, e o caminho inverso na volta. O café da manhã está incluso na diária.
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Há opções mais baratas e mais caras de acomodação em Maafushi, mas o Rehendhi Villa atende perfeitamente a expectativa de um hotel médio, sem luxo, mas com limpeza e comodidade. A experiência de atendimento que eu tive também foi ótima.
Estive ali em março de 2024, exatamente na melhor época para visitar o arquipélago, entre os meses de janeiro e março de cada ano, durante a estação mais seca (com pouca chuva) e com menos ventos. Se você for em outra época do ano ainda pode conseguir preços melhores, mas fique atento à previsão do tempo — afinal, ninguém quer ir à praia com chuva, não é mesmo?
O que fazer nas Maldivas
Mesmo sem estar em um resort de luxo, você não vai ficar sem experiências exclusivas nas Maldivas. Em Maafushi, há muitas empresas que organizam passeios para turistas. Os próprios hotéis também costumam oferecer esse tipo de serviço, mas você encontrará preços melhores por fora, e me arrisco a dizer com qualidade superior.
A empresa que eu escolhi foi a iCom Tours, que eu também recomendo. Dos quatro dias que estive nas Maldivas, fiz passeio com essa agência em três deles. O primeiro foi o pacote “Full Day”, que dura o dia todo (das 9h às 16h), e custa US$ 50 por pessoa (R$ 255), incluindo almoço — o que é ótimo porque assim você já economiza com refeição.
Você encontra o grupo na loja da empresa, no centro de Maafushi, e de lá vai até o barco que vai ficar com vocês todo o período. Vão no máximo de 15 a 20 pessoas em cada barco. A iCom fornece todos os equipamentos de mergulho (colete salva-vidas, nadadeiras e snorkel), além de uma toalha.
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O passeio “Full Day” é um dos mais buscados por quem visita as Maldivas porque ele inclui fazer snorkel com tubarões-lixa. Quem tem medo pode ficar no barco, sem problemas. Mas os mais corajosos podem descer e nadar com os animais. Tudo é orientado por mergulhadores profissionais que nos acompanham no barco durante todo o passeio.
Os tubarões-lixa são animais geralmente tranquilos e considerados inofensivos aos seres humanos, mas precisam, claro, ser respeitados. Nada de querer tocá-los ou abraçá-los, embora muito provavelmente eles irão encostar em você durante o mergulho, já que são muitos. Se isso acontecer, é só manter a calma que eles não irão atacar.
É um ótimo passeio para fazer fotos com drone, já que o mar parece uma piscina e os tubarões ficam bastante visíveis no meio das pessoas fazendo snorkel e nadando. Se você for como eu e não tiver levado um drone para lá, não se preocupe, as empresas que fazem esse passeio geralmente têm seus próprios equipamentos a bordo e podem fazer o registro para você.
Eu paguei inacreditáveis US$ 15 (R$ 77) por dezenas de fotos e vídeos em alta qualidade do mergulho com meus novos “amiguinhos”. Veja abaixo:
O valor também inclui fotos debaixo d’água nos demais pontos de parada do passeio: um imenso recife de coral e um mergulho com golfinhos, se você tiver sorte (no dia que eu fui, encontramos dezenas deles).
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O almoço é servido num paradisíaco banco de areia, no qual você pode pagar US$ 15 (R$ 77) extras para também fazer diversas fotos e vídeos aéreos rodeado de um mar cristalino e surreal. Como eu achei que o valor estava ótimo (geralmente em destinos desse tipo as empresas costumam cobrar muito mais pelo serviço de fotos e vídeos com drone), garanti o meu registro.
Nadando com tartarugas e resort day
No segundo dia, fiz o passeio de “Half Day” da iCom, que vai das 10h30 às 14h, também com almoço incluído, e custa US$ 35 por pessoa (R$ 180). É uma ótima opção porque você consegue aproveitar a tarde para explorar Maafushi e ir à praia para descansar e tomar sol.
Saindo do mesmo ponto de encontro, o passeio inclui ida ao Bivaadhoo Reef para fazer snorkel nos corais, passando pela Kuda Giri, uma ilha onde se der sorte poderá nadar com tartarugas. Fotos e vídeos subaquáticas já estão incluídos no preço do passeio.
O almoço foi na famosa Gulhi Island, outra ilha habitada das Maldivas, onde tivemos tempo para aproveitar um pouco a praia e uma feira de artesanato local. Existe transporte público (barco) para quem quiser estender a visita a Gulhi e voltar mais tarde para Maafushi (tem horários determinados e custa US$ 12 por pessoa). Voltei com o tour, que já estava incluído, e acabamos cruzando com vários golfinhos no caminho — e novamente nadamos com eles.
O terceiro dia foi uma experiência de resort de luxo: vários dos hotéis cinco estrelas que ficam nas ilhas exclusivas permitem que turistas paguem para usar suas instalações por algumas horas. Também com a iCom Tours, fui conhecer o Fihalhohi Resort, num tour das 8h15 às 17h.
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Além do almoço, o day use também inclui open bar. Sim, nas ilhas-resort cada estabelecimento faz suas próprias regras, e todos eles oferecem bebidas alcoólicas, já que recebem basicamente turistas estrangeiros. Por tudo isso, custa US$ 100 por pessoa (cerca de R$ 512).
A diária no Fihalhohi Resort, para ficar hospedado lá, custa entre 600 euros e 1.000 euros, dependendo da época do ano (entre R$ 3.330 e R$ 5.555 por pessoa, aproximadamente). E ele nem está entre os resorts mais caros do arquipélago, há opções que custam muito mais que isso. Mesmo os mais caros também têm serviço de day use — se a ideia é gastar pouco, vale muito a pena.
Fique de olho na passagem
Um dos fatores que mais pesam no custo total da viagem para as Maldivas é a passagem aérea. O arquipélago fica a sudoeste do Sri Lanka, bem distante do Brasil, e infelizmente não há voos diretos para lá.
Ainda assim é possível encontrar promoções de passagens aéreas saindo do Brasil para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que é um hub de conexão bastante usado por quem viaja para as Maldivas. De lá, o voo para as Malé é barato. Então vale a pena monitorar as ofertas.
As rotas mais comuns que fazem os viajantes brasileiros para as Maldivas são via Emirates (São Paulo – Dubai – Malé), British Airways (São Paulo – Londres – Malé), Turkish Airlines (São Paulo – Istambul – Malé) e Qatar Airways (São Paulo – Doha – Malé). Uma simulação no site Skyscanner em maio de 2024, para viajar entre 1 e 6 de março de 2025, indicava preços entre R$ 6.800 a R$ 8.700 através dessas companhias aéreas citadas acima.
O gasto que eu tive com hospedagem e passeios (incluindo fotos e vídeos com drones) nos quatro dias que estive nas Maldivas foi de US$ 665 (cerca de R$ 3.400). Para alimentação foram mais US$ 120 (cerca de R$ 610).
Eu já estava de passeio pela região quando fui para as Maldivas, então vou considerar o preço de R$ 8.700 pela passagem aérea (o mais alto na minha simulação) saindo de São Paulo. Sendo assim, o custo total da viagem (hospedagem, transfer, passeios, fotos, alimentação e passagem aérea) ficaria em torno de R$ 12.710.
O valor é alto, mas bem abaixo do que ficaria se você optasse por ficar quatro dias em um resort de luxo. A experiência também é outra: ficando em Maafushi você tem contato real com os locais, conhece sua cultura e tem uma variedade muito maior de coisas para fazer do que isolado em uma ilha-hotel, onde você provavelmente só vai comer e ir à praia todos os dias.
Este é meu ponto de vista, viajando solteiro e com amigos. Um casal em lua de mel provavelmente vai preferir ficar em um resort cinco estrelas e aproveitar toda sua estrutura para esse momento especial. Tudo vai depender do objetivo de cada um. De uma forma ou de outra, todo mundo que tiver oportunidade deve ir para as Maldivas um dia, é um verdadeiro paraíso.