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Dólar cai 15% em 2025: sinal de real forte ou moeda americana fraca?

A queda do dólar frente ao real em 2025 expõe mais a fragilidade global da moeda americana do que a força da economia brasileira

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Apesar da Selic alta e de fatores internos, a queda de 15% do dólar frente ao real em 2025 reflete mais a fraqueza global da moeda americana do que uma valorização estrutural do real. (Imagem: Adobe Stock)
Apesar da Selic alta e de fatores internos, a queda de 15% do dólar frente ao real em 2025 reflete mais a fraqueza global da moeda americana do que uma valorização estrutural do real. (Imagem: Adobe Stock)

No começo do ano, os ânimos estavam exaltados. O dólar havia atingido o patamar inédito de R$ 6,30, e o receio de alguns analistas era de que a moeda norte-americana pudesse buscar os R$ 7,00. Havia dados que sustentavam essa expectativa, como o aumento dos gastos fiscais, a incerteza em relação à condução da política econômica do atual governo e, principalmente, a combinação desses fatores, que pressionava a relação dívida/PIB para uma trajetória de alta descontrolada.

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De fato os gastos aumentaram e a Dívida/PIB também, mas algo aumentou ainda mais: a taxa Selic. De fato, os gastos aumentaram e a dívida/PIB também, mas algo avançou ainda mais: a taxa Selic. Internamente, ela tem sido um dos principais fatores de valorização do real frente ao dólar. Mas será que sozinha explica esse movimento?

Seria compreensível — ou até correto — especular que o dólar ganharia valor neste ano frente ao real. Apesar de a economia aparentar força, sustentada pelo elevado gasto público, as projeções apontam para um cenário de inflação persistente, queda na arrecadação, nova alta da relação dívida/PIB e, sobretudo, falta de confiança na condução da política econômica pelo governo.

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Apesar de tudo apontar para a alta do dólar, ele perde 15% de valor no ano contra o real. Será o real forte ou o dólar que está fraco? Essa é a reflexão que eu quero trazer aqui.

Quando falamos em câmbio estamos avaliando um par de moedas afinal a relação do câmbio é Moeda ”A”/Moeda “B” ou seja, se as duas moedas perderem o mesmo valor % a relação de câmbio fica no zero, a moeda “A” pode subir e a moeda “B” também o que deixaria a relação de câmbio também no zero a zero. Agora, quando analisamos que o Dólar/Real caiu 15% no ano podemos supor os seguintes cenários:

A) O dólar devalorizou.

B) O real valorizou.

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C) O dólar desvalorizou e o real valorizou.

Pra descobrir de fato o que houve até agora a gente precisa olhar a moeda que mais tem liquidez no mundo e entender o que aconteceu com ela nesse ano: o dólar.

Para analisar o dólar, é possível compará-lo diretamente com outra moeda ou recorrer ao DXY — também conhecido como US Dollar Index. Esse indicador mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis moedas estrangeiras, na seguinte ordem de peso: euro (57,6%), yen (13,6%), libra esterlina (11,9%), dólar canadense (9,1%), coroa sueca (4,2%) e franco suíço (3,6%).

No ano o DXY cai 11% ou seja, podemos falar que no ano o dólar contra todas essas moedas caiu 11%. Podemos afirmar então que dos 15% que o dólar caiu contra o real temos 11% de queda que é da própria fraqueza em sí? Sim!

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Agora vamos voltar no tempo para fazer uma análise ainda mais completa. Em 2024 o DXY subiu 8% mas o Dólar/Real subiu 27% ou seja, nossa desvalorização foi muito maior que a relação no mundo inteiro.

Já entendeu onde eu quero chegar né?

No ano passado o real desvalorizou 20% a mais em relação ao DXY (índice dólar) e esse ano só valoriza 4% a mais – ainda deixando um valor absurdo de desvalorização frente a moeda americana e provando que o real está fraco, mesmo com a relação dólar/real caindo esse ano.

Outro ponto que ajuda (por pouco tempo na minha opinião) é o fato da Taxa Selic estar em 15% e isso ajudar a trazer dinheiro do exterior para investimentos aqui, pressionando ainda a moeda americana já que pra investir em renda fixa no Brasil o “gringo” precisa vender o dólar e comprar real.

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Entende como as vezes olhar apenas um dado pode nos deixar cego para a relação completa?

Muita gente pediu, então vou fazer uma live no fim desta semana para falar sobre dólar, taxa de juros e dívida/PIB. Se você gostou do tema da coluna desta semana, certamente vai gostar também da live — aberta a todos — com convite disponível no meu grupo do WhatsApp. Basta clicar aqui para entrar.

Espero que tenha gostado e na próxima, JUROS – o que ainda esperar para 2026.

Um abraço.

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