Descomplica, invista!

Vitor Miziara é sócio da Performa Ideias, empresa de análise de mercado. Atua desde 2008 no mercado financeiro com experiência em gestoras, assessoria, análises e mais. Além de empreendedor, atua como investidor ativo em empresas e no ramo imobiliário, sempre em busca de valorização e renda passiva. Entusiasta do mercado, ele discorre sobre cenários e investimentos, sem evitar assuntos polêmicos e críticas abertas.

Escreve quinzenalmente, às terças-feiras.

Vitor Miziara

Volatilidade no Ibovespa é a única certeza para os próximos meses

Cenário de muitos riscos deixa difícil de fazer projeção para o mercado nos próximos meses

Com aumento de juros, guerra e eleições, a tendência é o mercado ficar ainda mais volátil. (Foto: Envato Elements)
  • Nos EUA temos a constante preocupação com a inflação alta, persistente e que demanda do Banco Central uma atitude agressiva em aumentos de juros
  • A Europa traz um cenário ainda mais assustador dado que além da inflação alta e juros subindo pela primeira vez em mais de 10 anos, há uma preocupação com a guerra
  • Bom, e o Brasil? Temos ainda juros subindo mais forte do que o mercado esperava, com mais um possível aumento agora em setembro

Depois de uma primeira metade de ano com muita volatilidade e queda nos mercados, tivemos uma recuperação forte nas últimas semanas. Esse rally de alta não era esperado por ninguém, nem mesmo pelo Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset e um dos maiores nomes da história do nosso mercado.

No último relatório de resultados dos fundos uma frase me marcou: “Não esperávamos um rally de tal magnitude, mas víamos oportunidade de alocar capital a preços bem interessantes.”

Gosto sempre de fazer aquele exercício de desenhar um ‘T’ em um caderno e listar de um lado coluna os riscos que enxergo no mercado, e do outro lado os drivers que podem trazer ganhos e melhora principalmente para o mercado de ações.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Depois de ter participado do evento da XP Investimentos, a EXPERT 2022, sai de lá com a cabeça de que o cenário é muito mais complexo e de longa resolução do que a impressão de que tudo já está no preço.

Durante o fim de semana abri meu caderno de análises e comecei a minha auto terapia financeira, analisando minhas anotações durante o evento e combinando com o que eu estou lendo em cartas de gestoras, notícias, twitter e tudo o mais.

Dessa vez, temos praticamente riscos no mercado, que se resolvidos se tornarão imediatamente pontos positivos e que poderão trazer bons resultados. Do lado negativo, a não resolução desses pontos pode fazer o mercado ficar “barato” por muito tempo.

Nos Estados Unidos temos a constante preocupação com a inflação alta, persistente e que demanda do Banco Central uma atitude agressiva em aumentos de juros. A questão é se o aumento de juros será tão agressivo que pode causar uma recessão maior ainda nos mercados por lá. Parte da recuperação das últimas semanas foi motivada pelos resultados melhores que o esperado pelas empresas de capital aberto. O que pouca gente deu importância foi o alto nível de demissões dessas empresas, prevendo tempos difíceis à frente.

A Europa traz um cenário ainda mais assustador visto que, além da inflação alta e juros subindo pela primeira vez em mais de 10 anos, há uma preocupação com a guerra, a falta de energia e agora o fim do verão europeu que traz grande receita com turismo. Vale lembrar que faz anos que o velho continente não consegue caminhar sozinho.

Tão importante quanto mas com menos informação, temos a China que apesar de continuar crescendo sempre e ainda injetando estímulos na economia diferente do resto do mundo, começa a revisar os números de crescimento para o futuro e principalmente para o mercado imobiliário que segue fraco e corresponde à quase 30% da economia.

Ah, não podemos esquecer das commodities que seguem com forte volatilidade e sem ninguém cravar um acerto. Para se ter uma noção do descompasso das projeções, teve analista falando que o petróleo iria para US$ 60 enquanto outro especialista projetava o preço em mais de US$ 130. Claramente há uma discussão bem grande para se fazer nesse ponto.

Mas e o Brasil? Temos ainda juros subindo mais forte do que o mercado esperava. Com mais um possível aumento no próximo mês de setembro, ainda temos a questão das eleições que vão adicionar um tempero a mais no mercado.

Já ficou claro que há inúmeros riscos e não são pontos fáceis de resolver, ou ainda, que possamos traduzir  para as projeções do mercado. A única certeza de fato é que teremos ainda muita volatilidade que aumentará com qualquer notícia positiva ou negativa ligadas a esses pontos.

Agora, voltando à carta de gestão do Fundo Verde, eles diminuíram a exposição em bolsas globais e por enquanto mantiveram as ações no Brasil.

Sobre valor de mercado, já falei algumas vezes das oportunidades e de análises de múltiplos em relação às ações, tanto no Brasil quanto lá fora. A questão é aguentar o movimento nem sempre racional e ter paciência para colher os frutos do longo prazo.

A frase que deixo para hoje e que sempre tenho anotado quando estou eufórico ou achando tudo de graça é que “o barato de hoje pode ser o caro de amanhã”.