O que este conteúdo fez por você?
- O novo governo, liderado pelo PT, volta à usar uma tática antiga: soltar boatos e especulações para ver como o mercado financeiro reage
- De aumentar a dívida todo mundo entende, mas quem financia essa dívida é o mercado financeiro
- Quando compramos título públicos, estamos dando dinheiro para o governo em troca de rendimentos considerados seguros
O mercado financeiro vive uma fase de turbulência. Já é normal ver o Brasil fechar as contas em déficit, ou seja, gastando mais do que arrecadando. Aumentar a dívida todo mundo entende, mas quem financia essa dívida é o mercado financeiro. Gringos, bancos, e até mesmo nós, pessoas físicas, quando compramos título públicos, dando dinheiro para o governo em troca de rendimentos considerados seguros.
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Hoje, a taxa Selic está estável em 13,75% a.a.. No entanto, é possível negociar taxas de juros futuros (contratos de juros negociados com vencimentos mais longos) como base para tomadas de dívidas, renegociação de contratos de juros e referência para as emissões de títulos de investimentos.
Nos últimos dias, esses contratos de juros longos estressaram e mostraram que o mercado está pessimista com a economia do País. Quanto mais pessimismo, mais os juros sobem nesses contratos. O racional é simples: se a economia andar mal e o governo pegar dinheiro emprestado, terá que pagar mais juros por isso.
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Segundo a XP, e a minha avaliação de mercado, “o movimento altista ganhou força em meio às falas do ex-ministro da Educação e candidato a ocupar o Ministério da Fazenda no novo governo, Fernando Haddad. A interpretação do mercado foi a de que o discurso deu ainda mais força à perspectiva de que o político comandará a economia no mandato petista, mas ainda falta sinalização sobre como endereçar o problema fiscal do País.”
Voltamos a vivenciar uma prática (até que inteligente) de a política testar o mercado. Inteligente porque os testes ajudam a direcionar as decisões para que sejam mais alinhadas com quem no fim pagará a conta: o mercado.
Voltando agora às taxas de juros futuros, ao stress do mercado e ao financiamento ao governo. O mercado estressou tanto na semana passada que os agentes acreditavam que o Banco Central teria que subir o juros em pelo menos mais duas vezes de 0,25% para ter o controle da inflação e um prêmio justo para emprestar dinheiro ao governo.
A leitura hoje é simples, cíclica e segue o seguinte “passo a passo”:
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1 – Governo pode gastar mais;
2 – Mais gastos, mais inflação;
3 – Juros ficam mais altos para controlar a inflação;
4 – Com juros mais altos, a dívida do País fica mais cara e o mercado pede mais prêmio para financiar novas dívidas;
5 – Mais dívidas, mais pedido de juros;
6 – Juros mais altos, economia mais devagar e menor arrecadação do governo que, consequentemente, precisará de mais dinheiro.
Essa é cartilha da expectativa do mercado e já vemos contratos pedindo juros em 15% e dando sinais de que as últimas decisões do governo não estão agradando o mercado financeiro. Sabendo disso, e já no preço de mercado, podemos considerar que muito já está precificado. Neste cenário, será que é hora de comprar juros via títulos pré-fixados ou o mercado pode se estressar mais?
Eis a questão do momento! O que vai render mais daqui pra frente: juros ou inflação? Esse tema fica para o próximo artigo. Para ilustrar eu coloquei algumas imagens no meu Instagram @vmiziara. Vai lá conferir!