Comportamento

Gestores revelam seus maiores temores para o novo governo Lula

Pesquisa da Warren ouviu as expectativas para o governo Lula de 87 integrantes do mercado financeiro

Gestores revelam seus maiores temores para o novo governo Lula
Cenário de incerteza fiscal preocupa mercado no Lula 3. Foto: André Dusek/Estadão
  • A corretora de investimentos e gestora de patrimônio Warren ouviu 87 integrantes do mercado financeiro para saber quais as expectativas da Faria Lima para o novo governo Lula
  • A pesquisa da Warren mostra que, para 42,5%, a ausência de âncora fiscal é o maior risco para ativos brasileiros
  • Nesse cenário de incerteza fiscal, a melhor classe de ativo para estar posicionado positivamente em Brasil aos preços atuais são os ativos indexados à inflação curta, dizem os entrevistados

A corretora de investimentos e gestora de patrimônio Warren ouviu 87 integrantes do mercado financeiro, entre gestores, traders e economistas, para saber quais as expectativas da Faria Lima para o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A eleição do petista tem abalado os pregões na Bolsa de Valores à medida que a equipe de transição discute uma forma de driblar o teto de gastos para financiar os programas sociais prometidos em campanha. Como mostramos nessa reportagem, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Transição é um dos principais fatores que estão pressionando o desempenho do Ibovespa.

E é justamente isso que a pesquisa da Warren mostra. Para 42,5%, a ausência de âncora fiscal é o maior risco para ativos brasileiros. Outros 37,9% indicaram a aprovação de R$ 175 bilhões a 200 bilhões fora do teto por quatro anos ou tempo indeterminado, enquanto 18,4% acreditam que o maior risco é um nome político do PT para o cargo de ministro da Fazenda. Apenas 1,1% destacou o cenário macroeconômico mundial, com possível recessão global, como a maior preocupação.

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A discussão da PEC no modelo em que foi apresentada ao Congresso na última semana faz o mercado temer uma espécie de “carta branca” para o aumento de gastos no novo governo Lula, o que eleva a incerteza fiscal no País. Reflexo disso, nos últimos dias, a taxa de juros futura do Brasil disparou.

Nesse cenário de incerteza fiscal, a melhor classe de ativo para estar posicionado positivamente em Brasil aos preços atuais são os ativos indexados à inflação curta, dizem 26,4% dos entrevistados. Outros 24,1% destacaram os títulos prefixados curtos, enquanto 16,1% responderam posições compradas em ações.

Por outro lado, na visão de 36,8% dos gestores e traders, a principal classe de ativo para estar posicionado negativamente em Brasil aos preços atuais é o dólar. Outros 25,3% responderam títulos prefixados longos e 13,8% disseram posições vendidas em ações.

Preocupação fiscal

A pesquisa da Warren traz ainda algumas sinalizações sobre as expectativas do mercado para a PEC de Transição. O texto apresentado ao Congresso, que ainda precisa ser debatido por deputados e senadores, propõe abrir um espaço no teto de gastos de R$ 175 bilhões para o Bolsa Família, deixando também R$ 22,9 bilhões para gastos adicionais.

Mas, segundo as fontes ouvidas, parece que a proposta ainda deve desidratar antes de ser aprovada. Apenas 9,2% dos entrevistados acreditam que o texto final deixe entre R$ 175 bilhões e R$ 200 bilhões fora do teto. Para 31%, a expectativa é de gasto entre R$ 150bilhões e R$ 175 bilhões fora da “regra de ouro”, enquanto outros 27,6% acreditam que o espaço será de R$ 125 bilhões a R$ 150 bilhões.

O texto da PEC apresentado também não estabelece um prazo deixar os gastos de fora do teto. Mas, para 52,9% dos entrevistados pela Warren, a expectativa é de que o programa social fique apenas 1 ano fora da regra fiscal. Além disso, 35,6% dos pesquisados acreditam que o novo arcabouço fiscal que deve substituir o teto de gastos seja aprovado no segundo trimestre de 2023.

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Quando o assunto é a composição dos ministérios, Fernando Haddad parece se consolidar como o nome mais provável para o Ministério da Fazenda na opinião dos entrevistados, aparecendo em 46% das respostas. Este é o pior cenário na visão do mercado, conforme contamos nesta reportagem.

Para a pasta do Planejamento, o nome que mais apareceu é do ex-governador e senador eleito pelo Piauí, Wellington Dias (PT), em 26,4% das respostas.

Projeções para o final de 22

Para 48,3% dos entrevistados, a bolsa brasileira tem espaço para novas quedas e deve encerrar 2022 entre 100 e 110 mil pontos, patamar próximo dos 108 mil pontos que o Ibovespa negociava nesta quarta-feira (23).

Ainda, 42,5% veem espaço para valorização do dólar, esperando que a cotação da moeda norte-americana termine o ano entre R$ 5,40 e R$ 5,60 – acima dos atuais R$ 5,38.

A expectativa da maioria (56,3%) é de que a taxa Selic fique entre o atual 13,75% e 14,25% no final do primeiro semestre de 2023.

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