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Vitor Miziara é sócio da Performa Ideias, empresa de análise de mercado. Atua desde 2008 no mercado financeiro com experiência em gestoras, assessoria, análises e mais. Além de empreendedor, atua como investidor ativo em empresas e no ramo imobiliário, sempre em busca de valorização e renda passiva. Entusiasta do mercado, ele discorre sobre cenários e investimentos, sem evitar assuntos polêmicos e críticas abertas.

Escreve quinzenalmente, às terças-feiras.

Vitor Miziara

Não compre dólar como investimento

Considerando o custo de oportunidade de investimentos no Brasil, a moeda americana pode não compensar

(Foto: Shutterstock)
  • Quando fazemos um investimento, devemos levar sempre em conta o “custo de oportunidade”
  • Por que investir em “A” em vez de “B”? Onde vou conseguir um retorno mais rápido ou igual entre “A” e “B”, mas com maior segurança? O que estou deixando de ganhar se investir em outro mercado?

Poucas pessoas fazem a conta de quanto custa investir em dólar. E é aqui que começa o erro do investidor ao decidir transformar parte do seu dinheiro na moeda norte-americana. Afinal, ao fazer qualquer tipo de investimento, devemos levar sempre em conta o “custo de oportunidade”.

Por que investir em “A” em vez de “B”? Onde vou conseguir um retorno mais rápido ou igual entre “A” e “B”, mas com maior segurança? O que estou deixando de ganhar se investir em outro mercado?

No mundo dos investimentos e dos negócios, a ótica sob o custo de oportunidade é essencial e sempre deve fazer parte sempre do nosso plano de investimentos. Como aqui no Brasil a taxa de juros é muito alta e segura – risco país muito baixo –, a maioria dos investidores usa o quanto ganharia na renda fixa como um comparativo para todos os outros investimentos.

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Por que investir na minha empresa para ganhar 10% a.a. enquanto posso ganhar 12%a.a. sem risco e trabalho na renda fixa? E por aí vão as escolhas e perguntas desde startups a investimentos mais tradicionais como ações. No caso de hoje, o dólar.

Enquanto escrevo esse artigo, o dólar comercial é cotado à R$ 5,74  – uma das máximas do ano e da história do dólar contra o real.

Segundo o boletim Focus do dia 10 de janeiro, a expectativa para a Selic é de 11,75% para 2022 e 8% para 2023. Se considerarmos que comprando dólar vamos deixar de ganhar esse dinheiro quietinho na renda fixa, o dólar precisaria subir para um valor maior do que essa correção para valer o investimento, certo?

Então teríamos a seguinte conta:

R$ 5,74 + 11,5% em relação à 2022, que daria R$ 6,40, e depois mais 8% referente à 2022, que levaria o custo do investimento em dólar para R$ 6,90.

Ou seja, considerando um horizonte de dois anos de investimento em dólar, a moeda teria que subir de R$ 5,74 para R$ 6,90 apenas para igualar o valor do dinheiro que teríamos investido na renda fixa.

Por isso, mais importante do que apenas comprar o dólar, é o que fazer com esse capital dolarizado depois, e também inserir isso na conta de risco. Investimento em renda fixa no exterior praticamente não existe. O risco de investir em ações americanas pode ser de risco menor, mas também há risco.

Também vale pôr no risco, a possibilidade de desvalorização do dólar frente ao real. Segundo o mesmo relatório Focus, a projeção dos analistas para 2022 é de um dólar mais próximo dos R$ 5,60, mas com um valor mais baixo nos anos de 2023 (R$ 5,45) e 2024 (R$ 5,39) por conta da expectativa de uma melhora da economia local.

Use o dólar como um veículo para levar seu dinheiro para outros lugares do planeta, outras classes de ativos, outros mercados. A diversificação hoje depende de transformar seu dinheiro na moeda mais liquida do mundo, mas nem por isso devemos deixar de lado o custo dessa transação.

Mas se sua ideia for levar o dinheiro para fora para depois trazer, temos que avaliar todas as possibilidades como a queda do dólar frente ao real, mesmo essas sendo uma situação que não vemos desde que o dólar estava R$ 2,10 – que saudade.