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Jogos de empreendedorismo: 5 clássicos que ensinam grandes lições

Entenda como World of Warcraft, Age of Empire e Super Mario podem ser excelentes jogos de empreendedorismo

Jogos de empreendedorismo: 5 clássicos que ensinam grandes lições
Age of Empires é um dos títulos que você pode considerar entre os jogos de empreendedorismo. Foto: Reprodução
  • Em 2019, levantamento da consultoria Newzoo apontou que o Brasil é o maior mercado de games da América Latina e o 13° maior do mundo
  • Em termos de faturamento, o segmento movimentou cerca de US$ 1,5 bilhão no país no ano passado
  • Jogos como World of Warcraft e Age of Empires ensinam pontos como a importância da segmentação e como construir um bom planejamento para os negócios

Games como World of Warcraft e Age of Empires ensinam pontos como a importância da segmentação e como construir um bom planejamento para os negócios, por isso podemos considerá-los, de certa forma, como jogos de empreendedorismo.

Qualquer pessoa que nasceu a partir da década de 1980 dedicou boas horas de sua infância e adolescência a games eletrônicos – muitos o fazem até hoje. Videogames, porém, estão longe de ser unanimidade entre pesquisadores.

O lado positivo dos jogos de empreendedorismo

De tempos em tempos são lançadas pesquisas que mostram tanto os benefícios quanto os malefícios dos jogos. Mas relacionar jogos eletrônicos à economia não é uma tarefa difícil: em 2019, levantamento da consultoria Newzoo, especializada em e-sports, apontou que o Brasil é o maior mercado de games da América Latina e o 13° maior do mundo.

Em termos de faturamento, o segmento movimentou cerca de US$ 1,5 bilhão no país no ano passado. Mas além de representarem um mercado em expansão e com bom potencial para investimento, os videogames, por si só, fornecem uma série de lições sobre negócios com alguns títulos que podemos considerar jogos de empreendedorismo.

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Dúvida? Confira 5 lições de games que podemos considerar jogos de empreendedorismo.

1. Uma boa administração é a chave de qualquer negócio (Age of Empires)

Um dos principais pontos da série Age of Empires diz respeito ao melhor aproveitamento possível dos recursos disponíveis, como madeira, comida, rochas e ouro.

Eles são, afinal, limitados, e o segredo para seu reino não sucumbir é um bom planejamento. Não é diferente com um negócio, que exige um bom plano de negócios e administração cautelosa desde o início.

“Questões como capital necessário, metas e estratégia são pilares essenciais em qualquer plano de negócios, e a gestão do fluxo de caixa é, sem dúvidas, um dos pontos que merecem mais atenção”, afirma Marcio Pacheco, CEO da PhoneTrack e investidor-anjo.

Ele acredita ainda que saber qual é o problema de mercado que se pretende resolver com o negócio é o ponto de partida para qualquer planejamento.

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A gestora do Faap Business HUB, centro de empreendedorismo da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Alessandra Andrade, concorda. Ela explica que o planejamento é crucial para que o empresário saiba qual é o seu norte e que recursos são necessários para chegar até lá.

Outro aspecto mais imprescindível do que ter esse plano, diz a especialista, é conseguir adaptá-lo. “O planejamento deve ser feito a lápis, não a caneta. A gente vive em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. Tudo muda muito rápido, e o grande valor do empreendedor deve ser a adaptabilidade. Diante das circunstâncias, ele deve ser capaz de readequar seu planejamento e seus projetos”, pontua.

Outra dica de ouro (o material mais valioso em Age of Empires) de Alessandra é: separar o CPF e o CNPJ desde o nascimento do negócio. 

Ela diz que no início a contabilidade e os gastos da empresa e do empreendedor tendem a se misturar, e esse pode ser um mau sinal.

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Logo, o empresário deve ter uma reserva pessoal própria e não contar com proventos da empresa para o pró-labore por, pelo menos, seis meses. Aos poucos, há a necessidade de gerar fluxo de caixa.

Ainda, o empreendedor deve lançar mão de uma característica bastante demandada em jogos de estratégia (que são bons jogos de empreendedorismo): a criatividade. 

Não são necessários zilhões para iniciar um negócio. Muitas startups conseguem fazer muito com pouco ou, ao menos, começar o empreendimento com poucos recursos.

2. Considere trabalhar em conjunto (Counter-Strike)

Clássico das ‘lan houses’ brasileiras dos anos 2000, Counter-Strike tem uma lógica simples.

Os jogadores têm que se dividir em duas equipes, terroristas ou esquadrão antiterrorista, que tem como objetivo impedir um ato de terror dos primeiros (sequestro ou bombardeio, por exemplo).

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Para que o grupo tenha sucesso na missão, o trabalho em equipe é fundamental – e essa é uma lição importante, ainda que Counter-Strike não seja, necessariamente, um dos muitos jogos de empreendedorismo.

Quando o assunto são negócios, muitas vezes trabalhar em cooperação é crucial para o empreendimento deslanchar.

Veja a seguir alguns grandes trabalhos em conjunto que geraram grandes resultados:

  • Steve Wozniak, Steve Jobs e Ronald Wayne: Apple;
  • Bill Gates e Paul Allen: Microsoft;
  • Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia: AirBnB;
  • Ben Cohen e Jerry Greenfield: Ben & Jerry ‘s.

“O sócio é tão importante para um negócio quanto o parceiro no casamento. Uma instituição, para poder crescer e se dar bem, é muito valioso que haja um sócio ou alguém na empresa que, ao menos, aja com um sócio.

Há casos de pessoas que começaram sozinhas e se deram bem, mas certamente apanharam muito e tiveram que aprender a ouvir muito”, opina Nelson Fragoso, coordenador da incubadora de empresas da Universidade Mackenzie.

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Alessandra Andrade complementa que o ideal é que os sócios consigam se complementar em termos de recursos, características e especialidades, a fim de criar um time multidisciplinar.

Caso o empreendedor tenha iniciado o negócio sozinho e esteja na dúvida sobre qual é o momento ideal para procurar um parceiro, a gerente do Faap Business HUB afirma que é quando o empresário quer expandir: ou financeiramente (sócio-capitalista) ou em conhecimento, para dar conta de todas as demandas com poucos recursos.

3. Não desista no primeiro desafio (Super Mario World)

Se Mario tivesse desistido na primeira fase aparentemente impossível de Super Mario World, a princesa Peach estaria aprisionada por Bowser até hoje.

Desistir facilmente, portanto, não deve ser considerado por nenhum empreendedor que almeja ter um bom negócio, lição valiosa em vários jogos de empreendedorismo.

“Persistência e resiliência devem fazer parte do DNA do empreendedor. Sem essas características, é muito difícil aguentar a pressão e adversidades do dia-a-dia.

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O ditado ‘99% suor e 1% inspiração’ é regra para qualquer pessoa que deseja empreender. A maioria – senão todos – que empreende tem altos e baixos e muitas vezes pensam em desistir, mas só vai atingir o sucesso aquele que persistir e aguentar a jornada”, fala Marcio Pacheco.

Ao mesmo tempo, porém, o empreendedor precisa ter cuidado para não se “apaixonar” demais pelo negócio e tentar levá-lo até às últimas consequências. No caso de Mário, a paixão por Peach foi recompensadora, mas no mundo dos negócios é bem diferente.

Às vezes, o empreendedor tem que reconhecer que é hora de encerrar a empresa. A atitude, entretanto, não precisa ser encarada como fracasso.

“Encerrar um negócio não é desistir, muito pelo contrário. Aceitar o fato que o negócio proposto não funcionou e, assim, fechar o ciclo para começar outro empreendimento é o que diferencia um empreendedor de um aventureiro” opina o CEO da PhoneTrack.

4. Não subestime a concorrência (Mortal Kombat)

Em Mortal Kombat, as aparências enganam. Na edição de 1993 do jogo, Kitana foi apresentada como uma das novas personagens. Princesa do Outworld, é esguia e delicada. Trata-se, porém, de uma assassina bastante cruel, capaz de fazer cabeças rolarem com seus leques afiados.

O que o game ensina (ainda que bem distante dos convencionais jogos de empreendedorismo) é que as aparências enganam; nunca deve-se fazer menos de alguém somente pelo o que o outro aparenta.

E assim como Kitana, a concorrência não pode ser subestimada ou mesmo temida como se fosse um lutador prestes a desferir-lhe um fatality.

“Uma concorrência serve para te deixar alerta. É sempre mais legal você paquerar uma menina que está todo mundo paquerando. Isso faz com que você se arrume melhor, se perfume mais. A concorrência faz com que você seja mais zeloso e busque mais performance no seu negócio”, afirma Alessandra.

Quem decide a concorrência, entretanto, é o mercado. 

O empresário precisa estar atento aos sinais que o mercado dá para que possa fazer a concorrência correta, seja por preço, por diferenciação, pelo atendimento, pela inovação, entre outros. Para os especialistas, a concorrência é saudável, benéfica e uma aliada do empreendedor.

“O fundador da Sadia, Atílio Fontana, criou a ‘oração para o concorrente’. Ele desejava saúde, bem estar e desenvolvimento para seus concorrentes. Pois era a concorrência que fazia com que ele acordasse, se mexesse e procurasse inovar.

No momento que você não tem concorrência, ou tem uma concorrência ruim, você não tem uma linha para enxergar como está o mercado. É o caso da Xerox, que se acomodou e quando finalmente abriu o olho, já estava sendo engolida pela Cannon.

A gente não pode ter medo da concorrência, mas sim da nossa insensatez”, alerta Nelson Fragoso.

5. Pesquise para segmentar (World of Warcraft)

World of Warcraft é, sem dúvidas, um dos mais populares jogos online de RPG (role playing game, ou seja, jogo de interpretação de personagem) de que se tem notícia (e um dos jogos de empreendedorismo com provavelmente mais lições dessa lista).

Nesse tipo de game, o jogador, ao criar seu personagem, escolhe uma classe para controlar, que vai influenciar nas habilidades e na jogabilidade – e, mais importante, ela não pode ser modificada posteriormente.

Cada classe tem especializações únicas, com ataques e magias, e a escolha é feita – ou deveria ser – com base em prós e contras, tal como em outros jogos de empreendedorismo.

Dentre as classes, há druidas, magos, guerreiros, monges e até caçadores de demônios.

Percebe-se, portanto, que a segmentação é fator crucial nesse game. Nos negócios, que algumas vezes não possuem relação com jogos de empreendedorismo, não é diferente.

Hoje, há uma infinidade de produtos, serviços e modelos de negócios que fragmentaram o negócio a ponto de ser impossível vender para todos – ou, ao menos, começar vendendo para todos.

Marcio Pacheco diz que entender um segmento significa conhecer a dinâmica do dia-a-dia da área, dores, personas, concorrentes, precificação, etc.

Para que haja a compreensão necessária, pesquisar é fundamental. 

Pesquisa qualitativa, quantitativa, testes de mercado, protótipos, feedbacks. Os especialistas falam em “dor do cliente”, sendo que para cada “dor” há um remédio específico.

O empreendedor precisa testar se o seu remédio é o que o cliente precisa. E essa pesquisa precisa ser constante. Ao contrário do que ocorre em World of Warcraft, empreender não tem magia e nem segredo.

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