- O ajuste do mercado financeiro ainda não acabou
- Quem tem dinheiro e souber usá-lo, aplicá-lo com calma, vai ter uma dessas oportunidades únicas
- Para os endividados, é preciso aproveitar as possibilidades de renegociação para fazer caixa
O economista Ricardo Amorim tem uma agenda apertada. É comum ele se deslocar de São Paulo para outros estados, diariamente, para participar de grandes eventos. Mas desde o início da quarentena para conter o avanço do novo coronavírus, Amorim está em casa. Isso não significa menos trabalho. Ele está ativo nas redes sociais para analisar os impactos dessa crise na economia. E também para reforçar a necessidade do isolamento. Cuidar da saúde, neste momento, é o melhor que se tem a fazer para que esse período dure o menor tempo possível e a atividade possa voltar ao normal.
“Ainda acredito que o ajuste do mercado financeiro ainda não acabou”, diz Amorim. “Mas quem tem dinheiro e souber usá-lo, aplicá-lo com calma, sem correr riscos exagerados, dentro do seu perfil de risco, para prazos de investimento longo, vai ter uma dessas oportunidades que só batem na porta uma ou duas vezes por década.”
Para o E-Investidor, Amorim dividiu em 3 grupos específicos as dicas financeiras para enfrentar a crise. Confira:
1 – Pessoas físicas com dívidas:
“Vai para o banco conversar e renegociar prazos. Os bancos já abriram essa possibilidade, mas não vejo uma quantidade suficiente de gente aproveitando isso”
2 – Empresas com problemas de caixa ou endividadas:
“Vale a mesma dica da pessoa física para as empresas. Mas para elas também tem a questão do pagamento de impostos. Um programa de governo abriu espaço para postergar o pagamento de impostos por três meses, então é preciso aproveitar isso, que é uma forma de geração de caixa”
3 – Quem tem dinheiro para investir:
“Questão básica é que uma ou duas vezes por década surgem oportunidades únicas de ter ganhos muito maiores em prazos muito menores e com risco muito menor. No Brasil surgiu em 2008, com a crise financeira global, surgiu uma com o impeachment da ex-presidente Dilma e agora está surgindo uma terceira. Do que estou falando? Qualquer produto comum que entra em liquidação as pessoas correm para a loja. Caiu o preço de um sapato ou bolsa, vai ter um monte de gente querendo comprar esse sapato ou bolsa se custar 40% 50% ou até 90% menos do que custava antes. Nos investimentos é o contrário. Ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa pré-fixado, indexado a inflação – particularmente os de prazo mais longos – estão com descontos de 30% a 70%, dependendo do ativo. Acredito que ainda ficarão com descontos um pouco maiores porque a perspectiva econômica ainda é muito complicada e a solução para a saúde também. O ajuste do mercado financeiro ainda não acabou. Mas quem tem dinheiro e souber usá-lo, aplicá-lo com calma, sem correr riscos exagerados, dentro do seu perfil de risco, para prazos de investimento longo, vai ter uma dessas oportunidades que só batem na porta uma ou duas vezes por década”