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- O setor bancário contribuiu com quase metade do crescimento dos pagamentos globalmente, segundo a 41ª edição do estudo Janus Henderson Global Dividend Index;
- Isso resultou no lucro acima da média por parte dos bancos em 2023. Tal fato ocorreu em função de dois vetores fundamentais que são a taxa de juros e a baixa inadimplência, cujo risco estava embutido nas operações. Com isso, houve o aumento do spread bancário;
- Dessa forma, o aumento dos pagamentos no setor compensou as quedas das empresas de commodities que tiveram cortes, como o caso da Petrobras (PETR3;PETR4). Em valores, os dividendos globais subiram para um recorde de US$ 1,66 trilhão no ano passado, com crescimento de 5,0% numa base subjacente.
Os bancos entregaram dividendos recordes no ano de 2023, sobretudo nos países emergentes. Isso fez com que o setor contribuísse com quase metade do crescimento dos pagamentos globalmente, segundo a 41ª edição do estudo Janus Henderson Global Dividend Index. Ao todo, o aumento foi de 5% e puxado por resultados como o do HSBC, que teve uma forte recuperação pós-pandemia.
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O ranking aponta um salto de 15%, para um valor recorde de US$ 220 bilhões, que refletiu principalmente o ambiente de taxas de juros mais elevadas, sobretudo pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Tal contexto possibilitou que o setor bancário aumentasse as suas margens de lucro, empréstimo e investimento.
De acordo com o analista e sócio-diretor da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, isso ocorreu porque o preço da mercadoria do banco – o dinheiro – é a taxa de juros. “O motivo foi a contenção da inflação, que não deu ainda sinais de acomodação, e motivada por risco de desaceleração de atividade que também não se enxergou no horizonte”, diz o analista.
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Isso resultou no lucro acima da média por parte dos bancos em 2023. Tal fato ocorreu em função de dois vetores fundamentais que são a taxa de juros e a baixa inadimplência, cujo risco estava embutido nas operações. Com isso, houve o aumento do spread bancário.
Dessa forma, o aumento dos pagamentos no setor compensou as quedas das empresas de commodities que tiveram cortes, como o caso da Petrobras (PETR3;PETR4). Em valores, os dividendos globais subiram para um recorde de US$ 1,66 trilhão no ano passado, com crescimento de 5%. Além disso, 2023 conseguiu terminar com uma nota particularmente positiva, com uma subida de 7,2% no quarto trimestre.
O analista de investimentos e sócio da Mirae Asset Wealth Management, Pedro Galdi, apontou também outros fatores que fazem com que os bancos paguem mais dividendos eventualmente, como o aumento da capitalização.
“Bancos tendem a ter uma estrutura de capital sólida e reservas de capital significativas para atender aos requisitos regulatórios e enfrentar situações de estresse financeiro”, afirma o analista. “Quando têm capital em excesso, podem optar por distribuir parte desse capital excedente aos acionistas como dividendos.”
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De acordo com o estudo, a maior contribuição veio dos bancos dos países emergentes, seguidos pelos bancos europeus, incluindo o Reino Unido, e depois pelos da Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, que não obteve um crescimento muito relevante. Já os dividendos do Reino Unido, que foram prejudicados pelo setor de mineração, foram puxados para cima pelos bancos e produtores de petróleo, registrando um acréscimo de 5,4%, no mesmo nível da média global.
Na Europa, o crescimento foi de 10,4%, mais que o dobro da média. Três décimos vieram apenas de bancos. O total de US 300,7 bilhões ocorreu graças às marcas históricas registradas na França, Alemanha, Suíça, Itália, Dinamarca, Noruega e Áustria. Também houve uma forte contribuição dos setores industriais, automobilísticos, petrolíferos e de saúde.
Ao contrário dos outros países do continente, os bancos não foram os principais impulsionadores do crescimento na França. Já os bancos italianos contribuíram com três quartos do aumento, mesmo não havendo qualquer corte em outros setores do país. Os dividendos espanhóis, por sua vez, cresceram um quarto praticamente (+23,4%).
No entanto, a maioria dos países desenvolvidos da Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, têm registrado baixas ao longo dos anos. Alguns foram salvos como Hong Kong e a Austrália, que teve seu crescimento em dois quintos por contribuição do aumento de dois dígitos do setor bancário. No quarto trimestre, o porcentual foi de 6,9%.
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Do ponto de vista setorial, o estudo aponta que o rápido crescimento dos bancos em todo o mundo deve abrandar este ano.
O crescimento dos bancos nos países emergentes
Os bancos foram os principais contribuintes para o crescimento dos pagamentos na maioria dos mercados emergentes, que registraram recordes pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com a Janus Henderson. No geral, os dividendos das empresas permaneceram estáveis.
Para o consultor financeiro e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, bancos de mercados emergentes geralmente oferecem spreads mais altos por ter menos concorrência do que mercados desenvolvidos. É possível uma cobrança mais alta por empréstimos, investimentos e operações de mercados de capitais.
“Outro fator é que há uma maior taxa de crescimento mais alta do que países desenvolvidos”, diz o consultor. “Um mercado financeiro pujante, associado a um país que está crescendo mais, possibilita mais operações e isso gera uma receita adicional para os bancos.”
Já o analista e coordenador de MBA na Trevisan Escola de Negócios, Acilio Marinello, afirma que as taxas de juros em países emergentes tendem a ser maiores, por uma questão de conjuntura local.
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“A dinâmica do mercado, concorrência entre os bancos, além do nível de endividamento e capacidade de renda da população são fatores que influenciam”, afirma o analista. “Por ter uma economia mais instável, os países emergentes têm tendência a ser mais vulneráveis e os bancos têm mais oportunidade de lucro.”
Marinello também destaca o fato desses países eventualmente não terem um mercado financeiro “maduro”, ou seja, não é totalmente regulamentado. Isso possibilita que bancos e outras instituições financeiras apliquem taxas elevadas.
O setor bancário fez com que a Arábia Saudita crescesse quase um terço, emergindo como um contribuinte significativo para os dividendos globais, saltando à frente dos Países Baixos em 2023 na classificação global. Os bancos também foram responsáveis por nove décimos do aumento subjacente de 44% nos dividendos indonésios, segundo o estudo.
A exceção foi a China. Os lucros chineses distribuídos aumentaram apenas 4,2% em 2023, limitados por resultados bancários mais baixos, que compõem metade do montante pago na China. Dois terços das corporações chinesas reduziram os pagamentos de lucros, significativamente mais do que em qualquer outra nação importante. Isso refletiu as políticas de distribuição de lucros que implicam que os resultados variam de acordo com os lucros, e a grande influência dos bancos no mercado de ações chinês. No entanto, o montante total ainda alcançou um novo pico de US$ 52,3 bilhões, impulsionado pela Petrochina.
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Já o Brasil teve o forte crescimento de seus bancos mascarados por reduções de empresas. A Petrobras distribuiu US$ 10 bilhões a menos aos seus acionistas do que em 2022, enquanto a mineradora Vale cortou sua distribuição em US$ 1,2 bilhão. Houve também um corte menor da Ambev.
Quais são os bancos que aparecem no ranking?
O HSBC registou o maior aumento entre todas as empresas, não apenas os bancos, ao restaurar um calendário trimestral completo de pagamentos. Mais uma vez, figurou entre os três maiores bancos pagadores de dividendos do mundo, juntamente com o China Construction Bank e o JP Morgan. Esses três representam um sexto dos dividendos bancários mundiais.
O consultor financeiro e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, aponta que bancos que atuam maneira internacional têm focado bastante numa gestão de risco interessante para os investidores. “Operações mais sólidas e menos arriscadas, otimização de processos, entre outros têm contribuído”, afirma.
"O HSBC conseguiu expandir seus negócios com um foco maior na Ásia, onde tem conquistado boas operações, principalmente com clientes corporativos e investment banking”, diz o consultor. “Houve aumento de lucro 78% em relação a 2022, despesas operacionais caíram mais de US$ 32 bilhões em relação ao ano passado, recompra de ações e maior dividendo desde 2008.”
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Após anos, o banco britânico global figurou novamente entre os 20 maiores pagadores de dividendos. Os efeitos de restauração pós-pandemia trouxeram resultados totalmente restaurados e o colocaram em 14º lugar no ranking. A última vez que havia aparecido foi em 2019, em nono lugar.
Meira aponta um dividend yield (retorno em dividendos) de 10,09% para o HSBC, no valor de US$ 3,89.
Com o maior resultado entre os bancos de 2023, o China Construction Bank apareceu em 4º lugar, atrás apenas da Microsoft, Apple e a petrolífera americana Exxon. Todos os anos esse banco aparece entre os 10 maiores.
Por fim, o JP Morgan Chase manteve sua posição em nono lugar, conquistada no ano passado. Meira estima o dividend yield de 2,25%, no valor de US$ 4,34.