- Prestar serviços financeiros com qualidade não é mais a única obrigação cobrada por clientes de bancos na América Latina
- Uma pesquisa feita em 6 países da América Latina mostrou que mais de 80% dos entrevistados têm uma outra exigência com as instituições de que são usuários: a contribuição para causas ambientais e sociais
- A falta de transparência dos bancos é apontada como um problema
Prestar serviços financeiros com qualidade não é mais a única obrigação cobrada por clientes de bancos na América Latina. Uma pesquisa feita pela Sherlock Communications com mais de 3.200 participantes de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru mostrou que mais de 80% dos latino americanos têm uma outra exigência para as instituições nas quais são usuários: a contribuição para causas ambientais e sociais.
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O estudo foi realizado em parceria com a Kaapora Finance e obtido em primeira mão pelo E-Investidor. A conclusão principal é que os clientes se importam com a forma que as instituições financeiras se comportam e destinam seu dinheiro.
Os entrevistados mostraram apoio a políticas que impeçam bancos de fornecer crédito a organizações que tenham impactos sociais e ambientais negativos: 83% disseram que “as empresas que não tratam as pessoas com respeito e dignidade não deveriam ter acesso ao crédito”. A mesma parcela também concordou que “as empresas que não tratam bem o meio ambiente” não deveriam ser elegíveis para empréstimos. Entre os entrevistados brasileiros, esses números são ainda mais altos: 89% e 90%, respectivamente.
- Veja também: Por que o mercado ainda ignora tragédias ambientais?
A grande maioria dos entrevistados afirmou também que as empresas deveriam ser excluídas do crédito por estarem ligadas ao crime organizado (80%), causarem desastres ambientais (80%) e terem ligação com trabalho infantil (78%).
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“A pesquisa mostra que uma proporção significativa de latino-americanos acredita que seus bancos deveriam usar suas políticas de investimento para criar uma mudança no comportamento das empresas – e não apenas daquelas que estão claramente operando à beira da ilegalidade, mas também daquelas que estão ativas em indústrias que têm um impacto ambiental negativo”, afirma Pedro Gerhardt, sócio-gerente da consultoria de sustentabilidade Kaapora Finance e autor de “Finanças Verdes: Guia latino-americano para finanças sustentáveis”.
Problemas na transparência
Quando questionados o que esperavam de um banco que afirma ser sustentável, 43% dos entrevistados disseram que a clareza em torno da política de investimento do banco era crítica, mais do que qualquer outro elemento. No Brasil, 38% consideram a transparência importante – e apontam a falta dela como um dos problemas principais.
Além disso, 83% dos entrevistados brasileiros afirmaram que os bancos devem informar os seus clientes sobre a forma como utilizam seus fundos de depósito. No entanto, apenas 27% sentem que as instituições fornecem informações claras sobre como investem o dinheiro, com outros 8% que reportaram que “sentem que os bancos partilham esta informação, mas tendem a colocá-la sem destaque no meio de outros textos.”
O mesmo cenário também apareceu nas respostas dos entrevistados de outros países da região.