O que este conteúdo fez por você?
- Na avaliação dos especialistas, os viajantes devem comprar de forma fracionada o dólar para reduzir os riscos de comprar a um preço elevado
- A queda da cotação da moeda norte-americana não torna o custo do uso do cartão de crédito no exterior mais barato
- A desvalorização do dólar é motivada, principalmente, pelo movimento de alta da taxa de juros no Brasil
O desejo de realizar uma viagem internacional já voltou a fazer parte dos planos de alguns brasileiros. Com a redução dos casos de covid-19, o receio de ir ao exterior em função da pandemia tem deixado de ser uma barreira para os turistas. Nos últimos meses, esse público ganhou um estímulo ainda maior: o preço do dólar caiu para abaixo dos R$ 5.
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A moeda norte-americana sofre quedas sucessivas desde o início deste ano. Na última segunda-feira (4), por exemplo, a cotação do dólar teve mais um recuo e fechou em R$ 4,60. O valor é o menor desde março de 2020.
De acordo com os dados da Cotação DTVM, empresa de câmbio que faz parte do Grupo Rendimento, o volume de vendas do dólar comercial saltou 600% no primeiro trimestre de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado.
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“Estávamos em crescimento no fim de 2021 em função da liberação de alguns países para a entrada de estrangeiros. No começo desse ano, o interesse aumentou por causa da queda do dólar”, afirma Alexandre Fialho, diretor do Grupo Rendimento.
O momento favorável aos viajantes traz uma oportunidade para reduzir os custos na organização de uma viagem internacional. No entanto, isso não significa que as pessoas devem gastar todas as suas reservas para comprar a moeda estrangeira em um único dia ou esperar uma desvalorização ainda maior no futuro.
Segundo Bárbara Almeida, consultora financeira da Leve, plataforma de bem-estar financeiro, caso adote essa estratégia, o viajante corre o risco da moeda sofrer novas quedas ou ter uma forte alta em um curto período de tempo devido à volatilidade cambial. “O mais indicado é converter aos poucos o valor que será utilizado e avaliar as formas de pagamento da viagem”, afirma Almeida.
Por esse motivo, a orientação dos especialistas é que as pessoas busquem se planejar financeiramente com pelo menos um ano de antecedência. Durante esse processo, Fialho aconselha que os viajantes programem de forma parcelada a compra da moeda para que tenham o valor desejado no dia do embarque.
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“Vou viajar e pretendo levar US$ 4 mil. Se faltam quatro meses para viajar, vou comprar mil dólares para o mês”, diz Fialho. Na prática, a estratégia reduz os riscos de comprar a moeda estrangeira em um momento de forte alta e aumenta as chances de aproveitar os períodos de quedas.
O uso do cartão de crédito
A queda do dólar não significa que o uso do cartão de crédito pode ser uma alternativa interessante durante sua temporada no exterior. Fernando Bueno, especialista em investimentos na Ágora Investimentos, recomenda o uso do cartão apenas para situações de emergência que podem acontecer durante a viagem. O motivo se deve aos custos atribuídos na fatura.
“O viajante não vai pagar o preço que aparece na cotação. Será debitado no cartão de crédito o valor do dólar, mais o spread cambial (lucro do cartão de crédito por possibilitar o consumidor usar no exterior). Além disso, tem o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)”, explica Bueno.
Esses encargos extras na fatura elevam o consumo em comparação ao uso do papel moeda como forma de pagamento. “O papel moeda é a opção mais vantajosa para se usar lá fora (no exterior)”, diz Bueno.
Por que o dólar está caindo?
O movimento de alta taxa dos juros é um dos principais motivos apontados pelos especialistas para a desvalorização do dólar frente ao real. Segundo Marcelo Cabral, gestor de investimentos da Stratton Capital, a Selic a 11,75% estimula os investidores a deixar parte dos seus recursos rendendo no País. “As taxas de juros elevadas no Brasil estão atraindo o capital estrangeiro. Os investidores institucionais brasileiros também estão se posicionando na moeda local para se beneficiar da elevação da taxa de juros”, afirma Cabral.
Isso acontece porque os investidores institucionais estrangeiros e brasileiros costumam pegar dinheiro emprestado em um país com uma taxa de juros bem mais baixa e aplicam esse mesmo dinheiro no Brasil, onde a Selic está a dois dígitos. Esse mecanismo financeiro é denominado como carry trade.
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“Os investidores pegam emprestado US$ 100 mil dólares em iene japonês. Têm um prazo para pagar daqui a um ano com taxa de 0,25%. Depois, aplicam esse mesmo dinheiro no Brasil, que tem uma taxa de quase 12%”, exemplifica Cabral.
Outro fator que também contribui para a depreciação do dólar no Brasil é o movimento de exportação. Como há uma demanda crescente por commodities, e o País é um dos principais exportadores do mundo, esse fluxo aumenta demanda pelo real, o que impacta no câmbio. “Quando exportação cresce, você tem mais venda de dólar e mais compra da moeda local”, diz Cabral.
No entanto, de acordo com Marcos Trabbold, chefe da mesa de operações da B&T Câmbio, esse movimento sinaliza que, quando os investidores (institucionais estrangeiros e brasileiros) não tiverem mais interesse em aumentar a sua posição de investimentos no Brasil, haverá um aumento da conversão do real para o dólar. O efeito esperado é a valorização da moeda norte-americana.
“Quando o investidor realizar o lucro dele no Brasil, o dólar que estava no País vai sair”, detalha o chefe da mesa de operações. “Não sabemos quando essa reversão vai acontecer, mas a nossa taxa de juros deve permanecer em alta no País até o fim deste ano.”
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Segundo os dados da Cotação DTVM, o preço do dólar frente ao real segue abaixo dos R$ 5 desde o último dia 18 de março.