Em novo estudo, gestora independente mapeia como o investidor se torna o inimigo de seu próprio enriquecimento. (Foto: Adobe Stock)
Fluxo de investidores estrangeiros saindo dos Estados Unidos com destino a novos mercados, um tarifaço redesenhando a dinâmica comercial global, acirramento dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio, idas e vindas na tributação de investimentos no Brasil compõem um cenário desafiador. Acompanhar em detalhe o noticiário e os impactos que os eventos podem ter nos ativos da carteira no curto prazo pode ser a fórmula perfeita para empobrecer.
É o que diz a TAG Investimentos em um novo estudo, compartilhado em primeira mão com o E-Investidor.Nele, a gestora independente mostra como os vieses comportamentais – excesso de confiança, ilusão de controle, aversão à perda – levam os investidores a alterar suas estratégias de alocação de forma equivocada e em momentos inoportunos.
E isso já começa no entendimento de mercado sobre o “perfil de risco”, uma avaliação obrigatória feita por corretoras no momento de cadastro do investidor. O problema, segundo a TAG, é que essa resposta não é única. E nem deveria ser.
“Geralmente, em tempos de mercado em alta quase todos são agressivos, arrojados e sofisticados. Ao menor sinal de virada dos mercados para um ciclo negativo, o bravo leão normalmente se transforma no mais conservador dos investidores,” diz o documento.
A TAG levantou dados do comportamento do Ibovespa em diferentes anos, junto ao fluxo de resgate ou de captação dos fundos de ações no Brasil. E eles ilustram bem esse movimento que a gestora chama de “efeito retrovisor”: os brasileiros só olham para retorno passado na hora de investir. “Na média, o investidor compra quando os preços estão altos e vende quando os preços estão baixos. Esta deveria ser a fórmula infalível para se ficar pobre”, diz a carta.
Se esse é o caminho a não ser seguido, a solução, segundo a TAG, passa por superar esses vieses comportamentais e focar no que realmente importa para a construção de riqueza no longo prazo: a disciplina de poupança e de aportes constantes, especialmente na primeira metade da vida profissional.
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A carta da gestora dá algumas sugestões para esse público, dividindo o dinheiro em três tipos de reserva:
A reserva de emergência: aquele dinheiro líquido, aplicado em investimentos de baixo risco para o caso de uma necessidade de uso imediato, a perda do emprego, um problema de saúde;
Os planos intermediários de vida: um recurso com objetivo certo, uma viagem, um apartamento, um curso no exterior que, a depender do montante e do prazo, permite que o investidor corra um pouco mais de risco;
A aposentadoria: a reserva de longuíssimo prazo, que permite ao investidor tomar mais risco e prolongar ainda mais os prazos.
“Para que se apavorar se as ações caíram 30%, se você só vai usar esse dinheiro em algumas décadas? Na verdade, se fosse um apartamento ou um carro com 30% de desconto, você iria se esforçar para comprar, certo? Por que não a mesma mentalidade com ativos financeiro?”, questiona a TAG.
Outras caminhos também podem ajudar. Buscar auxílio profissional. Reavaliar o perfil de investidor de acordo com o momento de vida. E buscar eficiência de custos e taxas nos investimentos – se o mega investidor Warren Buffett tivesse feito seus investimentos via fundo de ações com as taxas “2 com 20”, no modelo brasileiro, seus retornos teriam sido absolutamente normais, segundo a gestora.
“Investimento é um processo lento, chato e de disciplina. Ao invés do giro louco, que só enrique a corretora, aloque com sabedoria e espere, no longo prazo as economias crescem, as empresas geram retorno e a maior parte das dívidas são pagas. O tempo é seu amigo”, orienta.