O que este conteúdo fez por você?
- No Brasil, as transferências bancárias através de Pix e o uso do celular tornaram-se mais comuns, assim como o número alarmante de golpes
- Em março, a Polícia Civil de São Paulo cumpriu um mandado de busca e apreensão para investigar cerca de 300 empresas que foram alvos de clonagem
- O principal problema dos golpes está na engenharia social do cliente que é enganado para fazer uma transação
No início deste ano, o contador Alexandre de Neves Bastos, de 36 anos, foi mais uma vítima de golpe na internet. Ele foi alvo do ‘Golpe do Falso Parente’, que representa cerca de 20% dos crimes de maior prejuízo financeiro no Brasil, segundo dados da Pesquisa Silverguard de 2023. Bastos teve a sua foto de perfil roubada, o que facilitou o contato dos autores do crime com familiares que acreditaram ser o contador. Durante a ação, o golpista pedia o valor de R$ 2.875,00 à mãe da vítima.
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“Eles pegaram minha foto, por meio do celular da minha mãe, e começaram a mandar mensagem para ela dizendo que era eu e que tinha trocado de número”, disse Bastos. Na ocasião, os autores aproveitaram para fazer outra vítima da mesma família, o irmão de Alexandre.
Com a popularidade das transferências bancárias por meio do Pix, via celular, o número de golpes também se intensificaram. Em março deste ano, a Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com a Secretaria da Fazenda, cumpriu um mandado de busca e apreensão durante a operação Olho no Pix, para investigar 300 empresas que foram alvos de clonagem. Na ação, um servidor da Delegacia Regional Tributária da Capital (DRTC-III), no Butantã, identificou um pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) por meio de Pix falso.
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Ao E-Investidor, o delegado Tiago Fernando Correia, titular do Departamento de Proteção à Cidadania (DPPC), esclareceu que, a maioria das empresas abertas em nome de um mesmo contador, tinha o nome fantasia semelhante ao de repartições públicas como Detran, além de marcas varejistas famosas.
“Os autores pegam sites de grandes empresas e duplicam, de maneira falsa, em sites para induzir os usuários ao erro com pagamento de boletos fraudulentos”, diz Correia. Até o momento, as autoridades bloquearam 542 empresas abertas para utilização de golpes.
Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção de Fraudes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse ao E-Investidor que o principal problema dos golpes está na engenharia social do cliente que é enganado para fazer uma transação. “Hoje, um dos crimes mais comuns é o que nós chamamos das falsas centrais telefônicas. Na tentativa de golpe, eles tentam se passar pelos bancos”, detalhou.
Na prática, o autor manda um SMS ou faz uma ligação para a vítima, alegando que há uma transação não reconhecida. A partir dali, a pessoa é induzida a fazer ou não uma transferência bancária. No entanto, do outro lado da linha não existe nenhum representante do banco.
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Recentemente, a Febraban listou os principais golpes praticados por meio de celulares. As abordagens ocorrem por ligações, SMS, e-mails e aplicativos de mensagens, anúncios de promoções e possibilidades de ganhos fáceis. Veja abaixo quais são as fraudes presentes na lista:
Golpe do 0800
Através do envio de mensagens, os clientes são informados sobre uma transação suspeita de valor alto. Naquele momento, o golpista solicita que a vítima entre em contato com uma falsa central para resolver o problema. O telefone de atendimento é formado pelo número 0800, que indica, supostamente, ser de uma central telefônica de um banco ou do setor de cartões de crédito.
Na mensagem, aparece o nome de alguma instituição financeira, como por exemplo:
“Compra aprovada no valor R$10.000,00 em loja exemplo.br no dia 14/02/2024. Para confirmar digite 1. Caso não reconheça, ligue para 0800 000 0000.”
Durante a ligação falsa, o golpista afirma que a transação está em análise e não aparecerá na fatura da vítima. Por isso, para aplicar o golpe, o autor induz a pessoa a fazer uma transferência bancária ou fornecer dados pessoais, como número de conta e senha.
Golpe da tarefa
O golpe é aplicado por meio de aplicativos de mensagens, onde os criminosos prometem dinheiro fácil em troca de tarefas simples na internet, como curtir e comentar em publicações.
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Na ação, eles se passam por funcionários de empresas de marketing digital que buscam pessoas para realizar pequenas tarefas diárias online. O objetivo é melhorar a visibilidade de produtos na internet. Inicialmente, para ganhar confiança, os golpistas fazem pequenos depósitos nas contas das vítimas. Em seguida, exigem um pagamento para continuar participando, prometendo reembolso imediato. Após o pagamento, a vítima é bloqueada do grupo e perde o dinheiro investido.
Golpe da clonagem no WhatsApp
Ao usar, falsamente, o nome de empresas conhecidas, golpistas pedem o código de segurança da vítima, enviado por SMS, alegando o uso para atualização ou manutenção de cadastro. Com o código, clonam o WhatsApp da vítima em outro celular e pedem dinheiro emprestado aos seus contatos.
Golpe do Phishing
O phishing é uma técnica de fraude online que rouba senhas e dados pessoais dos usuários. Isso geralmente ocorre por meio de e-mails falsos de bancos ou mensagens em aplicativos e redes sociais, que induzem a pessoa a clicar em links maliciosos ou acessar páginas falsas, onde são solicitadas a inserir suas informações pessoais.
Golpe do acesso remoto
No Golpe da Mão Fantasma, o fraudador finge ser um funcionário do banco e engana a vítima com várias táticas, persuadindo-a a instalar um aplicativo que supostamente resolveria um problema. Mas na verdade, esse aplicativo é um malware que permite ao criminoso acessar o celular da vítima.
Como evitar os golpes?
O perfil das vítimas de fraude varia. Volpini, da Febraban, diz que os grupos mais suscetíveis são de pessoas idosas ou com menos contato com o universo digital. “Independentemente de estar mais ou menos habituado com a internet, os criminosos se valem da mesma técnica de usar falsas centrais para desestabilizar a pessoa. Nas falsas vendas, as pessoas imaginam que é possível comprar um produto ou serviço mais barato, então acabam não desconfiando e aí o golpe acontece”, diz.
Na era digital, é importante adotar práticas que impeçam cair em golpe, como a conscientização dos usuários sobre como navegar na internet. “Ao fazer compras na internet, pesquise a empresa e cheque tudo primeiro. Quando você recebe um SMS ou uma oferta em uma rede social, em vez de clicar e comprar, procure no site oficial da empresa e verifique se a oferta aparece no site, porque se a promoção não estiver, provavelmente é fraude”, recomenda Volpini.
O especialista em segurança digital André Ribeir tao reforça os alertas aos usuários, principalmente na adesão à autenticação de dois fatores, que pode diminuir o impacto no vazamento de dados pessoais. “Estabelecer códigos específicos, contendo informações conhecidas apenas pelos envolvidos, pode ser uma estratégia eficaz. Esses códigos funcionam como uma camada adicional de autenticação, permitindo a confirmação da legitimidade da comunicação e prevenindo possíveis tentativas de fraude”, afirma.
A Febraban diz ainda que é importante ter uma ação conjunta da vítima com as autoridades policiais por meio do registro de Boletim de Ocorrência (BO) para dar visibilidade ao crime e ajudar nas investigações. É a partir dessa medida que será possível a identificação e prisão dos envolvidos nos golpes.
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