- A corrida bancária acontece quando um grande número de clientes solicita, ao mesmo tempo, resgates de suas contas. As motivações podem ser rumores ou preocupações reais em relação à saúde financeira daquele banco
- Na última sexta (10), o Silicon Valley Bank (SVB) quebrou após sofrer uma corrida bancária. O pânico veio de informações negativas sobre a saúde financeira da instituição
- O banco do Vale do Silício teve que vender R$ 21 bilhões em títulos públicos no 1º trimestre de 2023 para pagar os saques de empresas de tecnologia. A operação teve um prejuízo de US$ 1,8 bilhão, pela desvalorização desses papéis em função da escalada dos juros nos EUA
A falência “súbita” do Silicon Valley Bank (SVB), 16º maior banco dos EUA, pegou de surpresa os investidores na última sexta-feira (10). A instituição financeira fundada em 1983 tinha foco em prestar serviços bancários para startups de tecnologia, mas com a nova conjuntura econômica, mergulhou em uma grave crise de capital que desembocou em uma “corrida bancária” – o pior pesadelo de qualquer player do setor.
Os EUA enfrentam a maior inflação em 40 anos, o que forçou o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a subir os juros para o maior patamar desde 2008 (4,5% a 4,75%). Neste cenário, as empresas de tecnologia são as mais impactadas, já que o crédito mais caro e escasso dificulta o crescimento. O índice Nasdaq, de ações de tecnologia, sofreu uma queda de 33% somente em 2022, por exemplo.
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Para manter as operações, algumas dessas startups começaram a tentar sacar o capital que depositaram no SVB na era de juros baixos e crédito farto. Contudo, boa parte desses recursos estava aplicada em títulos de longo prazo do Tesouro americano, mas que perderam valor em função da alta de juros.
O banco do Vale do Silício teve que vender R$ 21 bilhões em títulos no 1º trimestre de 2023 para pagar às empresas de tecnologia, com um prejuízo de US$ 1,8 bilhão. A operação foi comunicada pelo SVB na quarta (8), assim como a necessidade de fazer uma nova emissão de ações para cobrir o capital perdido na operação.
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A informação caiu como uma bomba entre os investidores e correntistas, que temiam a falência da instituição financeira. Esses clientes “correram”, ao mesmo tempo, para sacar os valores que detinham no banco. E, com isso, anteciparam a quebra do SVB, após solicitações de saques de US$ 42 bilhões somente na quinta (9), segundo o Departamento de Informação Financeira e Inovação dos EUA (DFPI). No dia, as ações SIVB caíram 60,4% no pregão. Esta é a temida corrida bancária, um movimento que pode quebrar até bancos saudáveis.
Corrida por medo
A corrida bancária acontece quando um grande número de clientes solicita, ao mesmo tempo, resgates de suas contas. As motivações podem ser rumores ou preocupações reais em relação à saúde financeira daquele banco.
E mesmo as instituições financeiras saudáveis podem entrar em uma crise de liquidez com esse fluxo, já que os bancos fazem empréstimos com o dinheiro dos correntistas e podem não possuir capital suficiente para pagar a todos de uma vez. No caso do SVB, que já demonstrava sinais preocupantes, sobreviver a uma corrida bancária era quase impossível.
Agora, com a quebra do SVB, a preocupação está em torno de um “contágio” no sistema financeiro. Isto é, que o pânico se espalhe entre clientes de outras instituições financeiras, o que provocaria uma série de corridas bancárias e consequentes falências de bancos pelos EUA. De acordo com o Washington Post, há chances de os depósitos feitos no SVB serem inteiramente cobertos pelo governo americano, medida que visaria impedir que o desespero se alastre no mercado. O Fed também anunciou uma linha de crédito de emergência para bancos nos EUA.