- BC avalia que o aumento da digitalização e a criação do PIX, entre outros pontos, aumentaram a concorrência no mercado
- As modificações têm trazidos novos desafios para abarcar dentro de um mesmo arcabouço regulatório diferentes negócios
- Diante da concorrência com fintechs, bancos tradicionais estão buscando maior digitalização de processos e canais de atendimentos
O Banco Central (BC) publicou um boxe no Relatório de Economia Bancária (REB) de 2021 que trata da nova dinâmica de competição no Sistema Financeiro Nacional e no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
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O BC avalia que o aumento da digitalização, acelerado pela pandemia, a criação do PIX, o ingresso na atividade financeira de empresas de outros ramos e mudanças regulatórias de estímulo à competição aumentaram a concorrência no mercado. Essas modificações, segundo a autarquia, têm trazidos novos desafios ao regulador, para abarcar dentro de um mesmo arcabouço regulatório diferentes modelos de negócios.
“Como consequência, essas mudanças desafiam cada vez mais o regulador, uma vez que há um redesenho da estrutura e organização do sistema financeiro e maior complexidade para adequar diferentes modelos de negócios sob um único perímetro regulatório”, diz o BC no documento, destacando questões de privacidade dos dados, segurança cibernética, interoperabilidade, neutralidade competitiva e condutas anticoncorrenciais.
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No boxe, o BC faz uma longa explanação sobre a evolução do sistema financeiro e de pagamentos nos últimos anos. Segundo a autarquia, os esforços para promover a competição têm proporcionado a entrada de novas instituições no mercado, com produtos e serviços financeiros “cada vez mais inovadores e inclusivos”.
Dentre as iniciativas, o BC destacou a criação da Sociedade de Crédito Direto (SCD) e da Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), que possibilitou maior segurança jurídica para atuação das fintechs do mercado de crédito; o lançamento do PIX, a regulação e implementação do Open Finance e a realização do 1º ciclo do Sandbox regulatório.
O BC afirmou que a principal porta de entrada de novas instituições tem sido a oferta de serviços de pagamentos, como foco em cartão de crédito, mas que evoluem com o empacotamento de serviços financeiros trazidos pelas fintechs, sem que o conglomerado resultante obtenha necessariamente licença de banco. Além disso, o órgão destacou que o mercado de pagamentos tem atraído grandes varejistas, empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros, empresas de telecomunicações, plataformas de transportes e delivery.
Por isso, alguns desses novos agentes estão constituindo instituições de pagamento, fintechs de crédito ou realizando parcerias com o intuito de oferecer contas de pagamento, cartões pré-pago, cartões de crédito e outros serviços financeiros, afirmou o regulador. “O objetivo é reter os recursos transacionados no seu ecossistema, gerar maior engajamento de seus clientes e ampliar o volume de negócios e fontes de receitas, o que traz uma nova dinâmica para a indústria de pagamentos.”
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Além disso, empresas com grande base de clientes, como montadoras, companhias telefônicas e aéreas, também estão recorrendo aos cartões para diversificar suas receitas. Para gerar engajamento, os emissores aumentaram a oferta de benefícios aos clientes, como isenção de anuidade, cashback e investback.
“Além do crescimento do uso do cartão de crédito, a popularização do PIX e das contas pré-pagas trouxe nova dinâmica ao mercado de pagamentos, elevando o número de transações digitais de forma expressiva nos últimos anos.”
Em paralelo, o BC avaliou que algumas bigtechs e grandes varejistas estão intensificando sua atuação na área de pagamentos e de crédito, aproveitando-se de suas amplas bases de clientes, significativa quantidade de dados e tecnologias analíticas avançadas para rentabilizar seus negócios e reduzir as barreiras de acesso a serviços financeiros.
“Juntamente às fintechs, essas empresas [bigtechs] vislumbram uma oportunidade de crescimento na área financeira com o avanço do open finance nos próximos anos, o que pode trazer maior pressão competitiva sobre as instituições financeiras incumbentes.”
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Diante da concorrência, os bancos tradicionais estão buscando maior digitalização de processos e canais de atendimentos, criação de marcas digitais e fusões e aquisições para prover melhor experiência para o usuário, destacou o BC.