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Comportamento

A estratégia do CEO que fez a ação de uma empresa saltar 5.300%

A estratégia de Masaru Tange destacou sua empresa como uma das com melhor desempenho na bolsa do Japão

A estratégia do CEO que fez a ação de uma empresa saltar 5.300%
Masaru Tange, CEO da SHIFT, em Tóquio. (Foto: Bloomberg/Shoko Takayasu)
  • As ações da Shift registraram uma alta de mais de 5.300% desde que passaram a ser negociadas na bolsa, em 2014, o segundo melhor desempenho no índice referencial de ações de Tóquio
  • A capitalização de mercado da companhia subiu para US$ 2,3 bilhões

(WP/ Bloomberg) – Masaru Tange afirma que a estratégia que destacou sua empresa como uma das com melhor desempenho na bolsa do Japão pode surpreender: ele compra empresas menores e eleva o salário dos seus funcionários.

A Shift, empresa de Masaru que testa software, compra outras empresas que estão na base da cadeia de suprimentos do setor e aumenta os salários dos seus engenheiros. Masaru diz que faz isso e ainda consegue cobrar preços competitivos reduzindo as camadas de empresas que atuam como intermediárias no processo de terceirização. E com mais funcionários, as vendas aumentam.

As ações da Shift registraram uma alta de mais de 5.300% desde que passaram a ser negociadas na bolsa, em 2014, o segundo melhor desempenho no índice referencial de ações de Tóquio. A capitalização de mercado da companhia subiu para US$ 2,3 bilhões, e o valor da participação de Tange aumentou 33%, para cerca de US$ 745 milhões.

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Masaru Tange, 46 anos, diz que seu modelo de negócio é uma tentativa de eliminar as ineficiências no setor de software do Japão, em que as camadas de terceirizadas ficam com uma parte dos ganhos com as encomendas antes de passar o trabalho para outra companhia abaixo. E ele também diz que é uma quebra na estratégia de compra de empresa para reduzir o seu custo.

“Tenho um desejo forte de resgatar esses jovens empregados”, diz Tange, fundador, presidente e CEO da Shift, em uma entrevista. “Desejo criar um ambiente de trabalho justo por meio de fusões e aquisições”.

Quem é Masaru Tange?

Tange cresceu no que descreve como uma família comum em Hiroshima, no sudoeste do Japão, onde seus pais eram funcionários públicos. Ele fundou a Shift em 2005 depois de se formar em engenharia mecânica e passar mais de cinco anos trabalhando numa consultora.

Ele começou assessorando empresas sobre como melhorar os lucros. Em 2009, entrou no setor de testes de software.

Ele diz que desejava mudar a percepção dos engenheiros de que testar software é um trabalho de segunda categoria, pagando a eles melhores salários.

Por exemplo, para um serviço em que o preço de mercado era US$ 18 mil (dois milhões de ienes) a Shift cobrava US$ 14 mil (1,5 milhão de ienes). Isso permitiu ganhar mais clientes. Ao mesmo tempo, elevou o salário pago a um engenheiro de US$ 4.600 (500 mil ienes) para US$ 7.300 (800 mil ienes). O que foi possível eliminando intermediários.

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A Shift adquiriu a empresa de Yusuke Sato em 2016. Desde então, o desenvolvedor de software diz que seu salário subiu mais de 70%.

“Ingressar na Shift foi um momento decisivo na minha carreira”, disse Sato.

O sucesso da Shift

A Shift tem 3.308 engenheiros como funcionários permanentes, um número 14 vezes maior em comparação com os 228 no final de novembro de 2015. A empresa adquiriu pelo menos 14 companhias durante esse período.

O aumento do número de engenheiros resultou diretamente no crescimento das receitas, pois permitiu à companhia fazer mais negócios, disse Go Saito, analista do Credit Suisse.

“As vendas são derivadas da multiplicação do número de engenheiros e o preço unitário dos engenheiros. A companhia já criou uma estrutura para a capacitação desses profissionais, o que permite a ela cultivar recursos humanos de alta qualidade”, disse o analista.

As receitas aumentaram para US$ 262,4 milhões (28,7 milhões de ienes) nos 12 meses que terminaram em agosto de 2020, mais do que triplicando o patamar dos três anos anteriores.

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Os lucros alcançaram US$ 14,6 milhões (1,6 bilhão de ienes), comparados com US$1,9 bilhão (208 milhões de ienes) três anos antes. A companhia prevê que as vendas atingirão um recorde de US$ 11,5 milhões (45 bilhões de ienes) neste ano fiscal.

Os engenheiros de software são subpagos no Japão em comparação com os dos Estados Unidos, disse Saito. Esta é uma razão pela qual o modelo adotado pela Shift de terceirizar a testagem de software funciona, diz Tange.

“Somos os maiores nessa área no Japão. Prevejo que a receita chegará a 100 bilhões de ienes”, diz ele, referindo-se à meta da empresa para o ano fiscal a encerrar em agosto de 2025.

As ações, cujo valor disparou, não estão imunes a revezes. Elas caíram 22% depois de um recorde em outubro com os investidores vendendo ações de tecnologia. Mesmo após a queda, as transações na bolsa são cerca de 87 vezes os ganhos estimados.

Para o investidor veterano Mitsushige Akino, a ação pode sofrer mais volatilidade nos próximos meses e cair nos períodos de baixa do mercado. “Mas seus fundamentos são sólidos e a Shift vem tendo progresso no plano que implementou”, afirmou o executivo da Ichiyoshi Asset Management. “Não é estranho ver mais compras desses tipos de ações se os investidores focarem novamente nas ações em crescimento”.

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Saito, do Credit Suisse, disse que a chave está na capacidade da Shift de continuar a aumentar o número dos seus engenheiros.

Se isso vai acontecer, ainda não sabemos, mas Masaru Tange, pelo menos, está muito confiante.

“Estamos apenas começando”, disse.

(Tradução de Terezinha Martino)

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