- Fábio de Andrade, professor de relações internacionais da ESPM e especialista em economia mundial, afirma que o conflito traz incertezas para o mercado
- Quando o assunto são ações, as petroleiras como a Petrobras devem ser beneficiadas pela alta dos preços do petróleo
Imagens de conflitos armados no Oriente Médio correm o mundo desde sábado (7). O grupo terrorista palestino Hamas disparou milhares de foguetes contra Israel, matando centenas de civis em um ataque surpresa. Na segunda-feira (9), os mercados acordaram sob tensão na esteira das incertezas geopolíticas. Entenda nesta matéria por que judeus e palestinos têm embates no Oriente Médio.
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Fábio de Andrade, professor de relações internacionais da ESPM e especialista em economia mundial, afirma que o conflito traz incertezas para o mercado. Para ele, a primeira preocupação é de que a guerra afete a exploração e o transporte de petróleo.
Isto porque o conflito acontece próximo à Arábia Saudita e Irã, grandes produtores de petróleo.
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A Arábia Saudita estava em negociações com Israel, enquanto o Irã tem ligações com o Hezbollah, grupo islâmico próximo ao Hamas. “Contudo, os militares israelenses não enxergam ainda participação do Irã nos embates que estão ocorrendo”, diz Andrade. Por outro lado, é difícil dizer se os impactos se restringirão ao curto prazo ou se arrastarão para o longo prazo.
Frente à possibilidade de oferta menor de petróleo no mundo, a cotação do barril de petróleo Brent fechou a sessão da última segunda-feira (9) em alta de 4,22%, aos US$ 88,15. É também esperada corrida maior para o dólar e ouro, considerados ativos de proteção, como reflexo da aversão ao risco.
Como a guerra afeta o Brasil?
Pedro Neves Ribeiro, analista da Aware Investments, acredita que se o preço do petróleo continuar escalando nos próximos dias e semanas em função do conflito haverá impacto na inflação brasileira, já que a elevação de preços deve chegar ao consumidor final.
“Nesse cenário observaremos uma alteração no ciclo de queda de juros brasileiro, com os investidores precificando uma inflação mais persistente e, consequentemente, juros mais altos do que o anteriormente precificado”, diz Ribeiro. Além disso, o analista da Aware vê um cenário de aumento de saídas de capital em ativos de risco no Brasil.
Já Andrade, especialista em economia mundial, acredita que um cenário de prolongamento e agravamento da guerra e escalada forte de inflação no Brasil não é o mais provável. “Já há países tentando resolver o problema”, afirma. “Os Emirados Árabes Unidos, que são bastante competentes em negociações, junto com o Egito, estão tentando intermediar conversas entre Israel e os palestinos.”
Quando o assunto são ações, as petroleiras como a Petrobras devem ser beneficiadas pela alta dos preços do petróleo. Contudo, existe um ponto de atenção relevante em relação à estatal, que não segue mais a antiga política de preço de paridade internacional.
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Desta forma, segundo Ribeiro, caso não repasse a alta do petróleo ao consumidor final, a empresa pode ter sua rentabilidade pressionada. “Devemos acompanhar de perto os desdobramentos do conflito. O envolvimento e posicionamento de outras nações árabes ligadas a produção da commodity, podem acarretar uma redução da produção e, consequentemente, novas altas da commodity”, diz Ribeiro, analista da Aware.
Rodrigo Cohen, educador financeiro, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira. “Não vejo uma melhora no curto prazo. Com isso, dólar, juros e petróleo devem subir”, afirma.