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- Conflitos dessa magnitude resultam na alta do preço do petróleo.
- Essa guerra coloca o príncipe da Arábia Saudita em posição delicada.
- Se o conflito se mantiver entre Israel e Palestina, o impacto econômico tende a ser menor.
A guerra no Oriente Médio, iniciada no último sábado (7) quando o grupo terrorista Hamas atacou Israel com bombas e deixou um rastro de destruição e morte, obriga o investidor global a recorrer ao dólar, ao ouro e ao Treasury (título de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) em busca de proteção.
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Conflitos dessa magnitude resultam na alta do preço do petróleo, que já sobe quase 5% desde o início do ataque e, consequentemente, gera mais inflação em todos os mercados. O barril de óleo do tipo Brent para dezembro fechou o pregão desta segunda-feira (9) com alta de 4,22%, cotado a US$ 88,15, e o WTI para novembro avançou 4,33%, cotado a US$ 86,38.
Um terço do petróleo mundial sai do Oriente Médio e o enfrentamento entre os dois povos tende a colocar mais lenha no caldeirão cultural que caracteriza a região, cujas divisas opõem Israel, Egito, Irã, Jordânia e Palestina.
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Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, esse acontecimento deve gerar, em um primeiro momento, comoção a favor de Israel, seguido de apoio para que o país governado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tome as medidas cabíveis. A fala dele se insere no contexto geopolítico.
Alves destaca que essa guerra coloca o príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, em posição delicada, pois vinha tentando fechar acordos comerciais com Israel e com o Irã e isso deve ser cancelado, porque estes eventos congelam qualquer tipo de apoio.
“Se o conflito se mantiver entre Israel e Palestina, o impacto econômico tende a ser menor”, diz, acrescentando que o investidor deve acompanhar os desdobramentos e posicionamentos dos demais países.
Já há, inclusive, investigações que tentam checar participação ou conexão do Irã com o ataque deflagrado pelo Hamas, dado o poder bélico que se viu em uma região controlada, onde a entrada de armas é dificultada ao máximo pelo exército de Israel.
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Do lado dos investimentos, o analista ressalta que a aversão ao risco está crescendo e quando isso ocorre, os índices de volatilidade sobem e os ativos de risco performam mal, a exemplo de bolsa de valores, bem como moedas e bolsas de países emergentes.
Esta é a razão pela qual o índice do dólar está se valorizando. “Neste panorama, o mundo busca a segurança das Treasuries americanas, do dólar e do ouro”, ressalta. Este último se valoriza 1% hoje.
“É sempre fundamental ter dólar em momentos como este”, indica, elencando ainda o iene, que é a moeda do Japão, e o franco suíço. “Estes ativos tendem a performar bem”, frisa.
Efeito da guerra
De acordo com o CEO da Corano Capital, Bruno Corano, o efeito da guerra nos mercados é colateral, e não direto, visto que a instabilidade gera corrida para o dólar e essa fuga de capital faz com que outros ativos percam valor. A queda das bolsas serve como uma amostra disso.
O executivo reforça que o investidor brasileiro deve se dolarizar e buscar oportunidades em renda fixa. Entretanto, quem ainda não está posicionado em dólar, segundo ele, tende a ter certa dificuldade em fazer isso no curto prazo.
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Em relação à liquidez global, que é a capacidade de converter ativos em dinheiro rapidamente, Corano explica que enquanto a guerra for local não há risco atrelado a esse fator. Porém, se o conflito escalar com a entrada de outras nações, aí a situação muda.
Ele dá como exemplo a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em março de 2021, que incidiu em um aumento no preço do petróleo e do gás, mas que em poucas semanas os mercados se normalizaram, porque aquela guerra se manteve local.
O CEO da Corano Capital, no entanto, faz um alerta: “Com essa dinâmica, os três indicadores que temos que ficar muito atentos são: juros, câmbio e petróleo, que estão totalmente interligados.” Segundo ele, com a instabilidade, dólar e petróleo sobem. “Estamos em processo inflacionário, em que os juros se movimentam para cima, ou seja, tudo isso cria menor interesse e transforma o Brasil num ambiente menos atrativo e favorável para o investidor de altas cifras e globais”, aponta.
Em se tratando dos Estados Unidos, ele destaca que o país nunca teve dificuldade em emitir dívida e recentemente emitiram mais de US$ 1 trilhão. Já no Brasil, diz, dependendo do nível de comprometimento, de eficiência fiscal, o investidor terá que pagar muito para conseguir se financiar. “Mesmo em situações críticas, certas economias até se beneficiam disso”, frisa.
Ativos de proteção
O CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, reforça o ouro como um ativo de proteção e acrescenta também os títulos do governo de países estáveis e moedas fortes, como o dólar americano, como refúgio.
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O executivo ressalta que os investidores brasileiros devem ficar em alerta com seus aportes em ações, títulos, fundos mútuos e ETFs (fundos atrelados a uma carteira de ativos que buscam retorno semelhante a um índice de referência), especialmente aqueles com exposição a setores sensíveis à geopolítica, como energia, commodities e tecnologia.
Ele destaca que perante o cenário global a liquidez deve ser afetada devido à incerteza e ao medo dos investidores, levando a uma retração temporária nos mercados financeiros à medida que buscam ativos mais estáveis com menor volatilidade.
Também diz que a guerra pode resultar em alta volatilidade no Ibovespa, com oscilações de preços em ações de empresas com operações ou relações comerciais significativas com a região afetada ou com mercados que reagem à geopolítica. Neste caso, atenção para companhias como Petrobras (PETR3; PETR4), PRIO (PRIO3), e 3R Petroleum (RRRP3).
Gonçalvez enfatiza ser fundamental que os investidores estejam de olhos abertos às notícias e análises geopolíticas atualizadas e ampliem de forma coerente e segura seus portfólios, analisem estratégias de hedge (proteção) e mantenham um horizonte de investimento de longo prazo para se resguardarem dos efeitos da volatilidade desencadeados pelo conflito.
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