Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil avança no Congresso
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (1), o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A proposta, que é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), busca corrigir parte da defasagem da tabela do IR. A ausência desta correção, segundo o Sindifisco Nacional, sindicato que representa os auditores-fiscais da Receita Federal, elevou o peso da carga tributária para a classe média nos últimos 16 anos.
Um levantamento realizado pela entidade revela que, em 2007, quem ganhava cinco a sete salários-mínimos pagava cerca de R$ 12,60 por mês de IR. Já em 2023, a mesma contribuição mensal saltou para R$ 397,80. Ou seja, o valor nominal do IR sobre o salário dessa população subiu 3.000% neste intervalo de tempo. Os números já levam em consideração a correção da inflação, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A variação das alíquotas, contudo, foi diferente para a alta renda. O imposto sobre quem ganha mais de R$ 400 mil por mês (mais de 320 salários-mínimos) caiu 37% durante o mesmo período. O abismo tributário, segundo o Sindifisco, foi causado, principalmente, pelo congelamento da tabela do IR e pelo fim da tributação de lucros e dividendos distribuídos.
O Estado tem que enfrentar a tributação dos ricos para poder distribuir de forma mais equânime. Isso é bom para a sociedade, para reduzir a desigualdade e fundamental para o desenvolvimento econômico do país, diz Dão Real, audidor-fiscal e presidente do Sindifisco Nacional.
Com a aprovação dos deputados, o texto que prevê o aumento da faixa de isenção do IR segue para o Senado. Como mostrou o Estadão nesta reportagem, o governo espera que a nova medida beneficie cerca de R$ 10 milhões. Já para quem ganha entre R$ 5 mil a R$ 7.350 terá uma redução parcial da cobrança do IR, de forma escalonada. Nesta medida, serão beneficiadas cerca de 16 milhões de pessoas.