- A inflação acelerou nos EUA, onde foi registrado o maior aumento de preços nos últimos 40 anos
- Os efeitos do choque de oferta foram sentidos em todo o mundo.
- O Brasil está na quarta posição entre as maiores inflações do G20 quando desconsiderado os efeitos de medidas momentâneas, como a redução de impostos
A principal economia do mundo, a dos Estados Unidos, registrou a maior inflação das últimas quatro décadas, liderando um movimento de inflação global. Isso começou com a pandemia de Covid-19, que desorganizou as cadeias produtivas, restringindo os produtos disponíveis. Depois, as medidas de auxílio emergencial aqueceram a economia, gerando um choque entre demanda e oferta.
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“Além desse desequilíbrio, a guerra na Ucrânia tem gerado mais escassez de oferta”, analisa Tiago Feitosa, especialista em mercado financeiro da T2 Educação. A Rússia é um dos principais exportadores de petróleo e fertilizantes, mas sofreu sanções por conta do conflito. Isso provocou o aumento de custo com energia e insumos agropecuários no mundo.
Apenas a China e o Japão parecem estar imunes à aceleração inflacionária entre as maiores economias globais. De forma geral, os países asiáticos conseguiram limitar os lockdowns. “Em razão disso, houve menos quedas bruscas no consumo de bens e serviços e mais estabilidade econômica”, explica o economista Carlos Caixeta, também consultor empresarial.
Quais são as maiores inflações do mundo em 2022?
O Zimbábue (África) teve a maior inflação do mundo nos últimos 12 meses, com um índice de 280%, de acordo com o Trading Economics. O cenário no país africano envolve uma alta dependência de importações, a emissão de moeda sem crescimento econômico e ainda a expectativa de inflação incorporada ao mercado local.
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Quando considerado apenas o G20, que reúne as maiores economias globais, a Turquia (83,45%) e a Argentina (83%) enfrentam as maiores altas do último ano. Como o resto do mundo, os dois países são sensíveis ao aumento de custo de energia e dos alimentos, mas também envolvem políticas monetárias altamente intervencionistas.
“O relatório trimestral do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as perspectivas da economia mundial reforça que o mundo enfrenta uma série de desafios graves”, aponta Caixeta. Com relação aos outros membros do G20, as maiores inflações projetadas para 2022 são da Rússia (13,8%), do Reino Unido (9,1%), da Alemanha (8,5%) e dos Estados Unidos (8,1%).
Como está a inflação no Brasil?
Com uma inflação acumulada de 7,17% nos últimos 12 meses, o Brasil está na 123a posição entre os 186 países do ranking de inflação global do Trading Economics. Dentro do G20, a economia brasileira ocupa a 14a posição, atrás dos Estados Unidos, da Alemanha, da França, do Reino Unido, da Rússia, da Índia e do México, entre outros.
No entanto, o índice brasileiro está sob o efeito da redução de impostos para bens essenciais, como combustíveis, energia e telecomunicações. “Quando considerado o núcleo da inflação, que desconsidera esses choques a curto prazo, o Brasil sobe para a quarta posição, ficando atrás apenas de Argentina, Turquia e Rússia”, explica Feitosa.
Além da energia e dos combustíveis, a inflação dos alimentos se sobressai. “Um dos itens que se destacaram no aumento de preços comparado aos países da América Latina foi o litro de leite longa vida”, destaca Fabrício Gonçalves, diretor-executivo (CEO) da Box Asset Management. O produto chegou a acumular uma alta de 51,69% em 12 meses.
Como combater a inflação global?
Para controlar a inflação, os bancos centrais do mundo inteiro optaram por elevar os juros na tentativa de reduzir a demanda e promover um equilíbrio com a oferta. “No entanto, o remédio para combater a inflação tem como efeito colateral o aumento da dívida pública e a falta de investimentos”, alerta Feitosa. Isso pode provocar uma recessão na economia.
O Banco Central do Brasil começou a elevar os juros em março de 2021, bem antes dos Estados Unidos e da Europa, o que contribuiu para um cenário de deflação nos últimos meses. “Para garantir que esse movimento continue, o Brasil deve continuar com os juros na casa de dois dígitos até o ano que vem”, defende Gonçalves.
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Por fim, a relação institucional estável e a previsibilidade dos resultados econômicos estimulam os investimentos produtivos internacionais, melhorando a relação cambial. “A estabilidade do real brasileiro frente ao dólar norte-americano também contribui para a redução da pressão sobre a inflação”, acrescenta Caixeta.