Comportamento

Warren Buffett e a aposta de US$ 6 bi no Japão que ‘não deu certo’

Embora tenha sucesso nos investimentos, a ação não atraiu muitos investidores

Warren Buffett e a aposta de US$ 6 bi no Japão que ‘não deu certo’
Warren Buffett completa 90 anos: lições de investimento. (Mark Willing/ Reuters)
  • Warren Buffett chocou os mercados de Tóquio em agosto do ano passado com uma aposta de US$ 6 bilhões nas cinco maiores corretoras do país.
  • Embora suas participações em empresas com muitos recursos tenham sido um sucesso, não despertou uma onda de seguidores internacionais.

(Gearoid Reidy, Shoko Oda, WP Bloomberg)Warren Buffett chocou os mercados de Tóquio em agosto do ano passado com uma aposta de US$ 6 bilhões nas cinco maiores corretoras do país.

Um ano depois, seus investimentos estão valendo a pena. Em meio à alta nos preços das commodities, o valor coletivo das participações da Berkshire Hathaway Inc. nas cinco “sogo shosha” aumentou cerca de US $ 2 bilhões. Esse ganho de mais de 30% ultrapassou o aumento de 22% do índice de referência Topix e não leva em conta a receita de dividendos.

Embora suas participações em empresas com muitos recursos tenham sido um sucesso, o homem às vezes conhecido na mídia japonesa como o “deus dos investimentos” não despertou uma onda de seguidores internacionais. Em vez disso, muitos investidores permanecem cautelosos diante da incerteza da pandemia e da liderança política.

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“Ele comprou num bom momento”, disse Hideaki Kuribara, analista da Tokai Tokyo Securities Co. “Espero que ele fique por muito tempo e, no longo prazo, esses investimentos podem ser um sucesso. É exatamente o que você esperaria dele”.

As cinco firmas – Itochu Corp., Marubeni Corp., Mitsubishi Corp., Mitsui & Co. Ltd. e Sumitomo Corp. – no papel, parecem um arranjo incomum para a filosofia “compre-o-que-você-conhece” de Buffett. Mas, com esses investimentos ocorrendo poucos dias depois de Shinzo Abe anunciar que deixaria o cargo de primeiro-ministro – desencadeando a primeira mudança de liderança em mais de sete anos – muitos esperavam que a marca Buffett despertasse um renovado interesse estrangeiro nos mercados japoneses.

Na época, o Japão estava resistindo à pandemia melhor do que a maioria das economias e Yoshihide Suga logo assumiria o cargo de primeiro-ministro com popularidade quase recorde.

De início, as ações subiram depois que o dinheiro de Buffett chegou, com o Nikkei chegando em fevereiro a 30 mil pontos pela primeira vez em 31 anos. Desde aquele pico, porém, o benchmark do Japão entrou em declínio constante.

Por um lado, os casos de covid-19 aumentaram à medida que a campanha de vacinação do país ficou atrás das dos Estados Unidos e da Europa. Enquanto isso, as avaliações de Suga caíram para níveis recordes enquanto ele se encaminha para uma eleição geral, com as Olimpíadas de Tóquio fazendo pouco para melhorar sua imagem.

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Os investidores estrangeiros mais venderam do que compraram ações japonesas na maioria das semanas desde os investimentos de Buffett. O ganho de 8,7% do Topix em 2021 fica atrás dos 21% do índice S&P 500. Como resultado, as ações do Japão estão sendo negociadas com um desconto relativo.

A Dalton Investments disse na semana passada que o país “impopular” tinha muitas gems com avaliação barata. O Topix está sendo negociado a 14 vezes os lucros futuros, em comparação com 21 vezes do S&P 500.

Embora a Berkshire tenha sinalizado que poderia aumentar suas participações em qualquer uma das cinco corretoras para até 9,9%, a empresa ainda não divulgou quaisquer mudanças – os acionistas são obrigados a divulgar quando as participações sobem ou caem um ponto percentual. A Berkshire também não informou outras participações em empresas japonesas, uma exigência caso sua participação chegue a 5%.

O conglomerado vendeu 160 bilhões de ienes (US $ 1,5 bilhão) em títulos denominados em ienes no início deste ano, levando a algumas especulações sobre em que seriam empregados.

“Embora seja obviamente melhor para eles subir do que cair, Buffett não ficará satisfeito com um retorno de 30%”, disse Shuhei Abe, CEO do Sparx Group Co. / Tradução de Renato Prelorentzou.

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