- Depois de a produtora de carnes vegetais Beyond Meat ter sido pioneira ao abrir capital, chegou a vez dos laticínios de origem vegetal
- Na última semana, a Beyond Meat nomeou como CFO o veterano da Amazon Phil Hardin, elevando as expectativas para o futuro da empresa e do setor
- Para o investidor brasileiro que tem interesse em entrar no setor, é possível fazer por meio de BDRs, ETF e corretoras internacionais
Um mercado que tem chamado a atenção no exterior é o de empresas veganas, seja no setor de alimentos, cosméticos ou vestuário. Depois da produtora de carnes vegetais Beyond Meat (NASDAQ: BYND) ter sido pioneira ao abrir capital, chegou a vez dos laticínios de origem vegetal. Saiba como investir nesse mercado aqui no Brasil e o que esperar do desenvolvimento do setor para os próximos anos.
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Na última sexta-feira (4), a Beyond Meat nomeou como CFO o veterano da Amazon Phil Hardin, elevando as expectativas para o futuro da empresa. Na última semana de maio, foi a vez da produtora de leites veganos Oatly (NASDAQ: OTLY) se lançar no mercado com oferta inicial de US$1,4 bilhões. Entre os investidores da marca estão o rapper Jay-Z e o ex-presidente do Starbucks (SBUB34), Howard Schultz.
Assim como o cantor, a atriz Jessica Alba, além de estrela do filme Quarteto Fantástico, investe no setor. Ela é cofundadora da Honest Company (NASDAQ: HNST), empresa de cosméticos com todos os produtos Cruelty Free (sem realizar testes em animais) e com larga linha de produtos veganos. A empresa foi a público em maio deste ano.
Outra empresa que chama a atenção no mercado de alimentação à base de plantas é a Impossible Foods. Apesar de ainda não ter feito o IPO, como fez a concorrente, já recebeu investimentos de nomes como Ruby Rose, will.i.am, Katy Perry e Serena Williams.
Para o investidor brasileiro que tem interesse em entrar no setor, é possível fazer as aplicações por meio de BDRs, ETF e corretoras internacionais. Nos Estados Unidos, o US Vegan Climate ETF (VEGN) é um fundo de índice composto por empresas de diferentes setores que possuem o selo vegano.
Para Felipe Arrais, especialista em investimentos globais da Spiti, o interesse em investimentos neste setor não parte apenas de pessoas que se identificam com o modo de viver. Há uma tendência geral de preocupações com questões ambientais, sociais e de governança corporativa, o ESG, principalmente entre Millennials e Geração Z. “Onde a nova geração vai, o mercado vai atrás”, afirma.
Arrais aponta ainda que a indústria vegana girou US$ 14,44 bilhões em 2020 e é esperado um crescimento de quase 10% para o ano de 2021. “O crescimento não vai ser linear nos próxim,nos pois essa transformação possui cada vez mais aceleração”, diz.
Segundo pesquisa da Ingredion (NYSE: INGR), empresa de processamento alimentício com cidadãos da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, divulgada no fim de 2020, 90% dos entrevistados afirmaram ter interesse em consumir alimentos vegetais, movidos pelo desejo de se alimentar de forma mais saudável.
Guilherme Zanin, estrategista da corretora americana para brasileiros Avenue Securities, relata que a procura por oportunidades sustentáveis no mercado americano acontece de forma mais acelerada e, por conta disso, investidores brasileiros procuram cada vez mais plataformas que possibilitem estar perto de inovações do setor.
“É uma quebra de paradigma. As empresas que não conseguirem se adaptar a uma nova forma de pensar, como essas transformações da ‘onda verde’ do ESG, vão ficar atrasadas por não conseguir atrair a nova sociedade”, afirma.
Ainda segundo o estrategista da Avenue, mesmo as empresas que não são puramente veganas, estão se adaptando. Para Arrais, ainda não há perspectiva para o lançamento de uma companhia no Brasil. O investidor que deseja ter esse mercado na carteira deve pesquisar sobre selos de compromisso ambiental em geral ou buscar no mercado internacional.
Além do setor de alimentos, cosméticos e vestuário também buscam selos de identificação. A brasileira Grendene (GRND3), por exemplo, divulga em seu relatório para investidores a certificação pela Vegan Society, garantindo que nenhum produto possui origem animal.
O dilema do investimento no mercado vegano
Apesar das empresas de produtos completamente plant-based estarem entrando no mercado, tradicionais companhias do setor alimentício, incluindo grandes frigoríficas, têm investido nos produtos em busca do alcance de um público de consumidores e investidores mais preocupados com questões sustentáveis e sociais.
Como é o caso do surgimento de linhas vegetais da Seara, do Grupo JBS (JBSS3), da Sadia, parte da BRF (BRFS3) e dos Revolution Burger, da Marfrig (MRFG3). No âmbito internacional, McDonald’s (MCDC34) e Burger King (BKBR3) também investem em produtos de origem vegetal.
Para quem tem interesse em possuir na carteira ativos que possibilitam o crescimento do mercado vegano, pode optar por uma empresa que também possui produtos de origem animal.
O próprio ETF Vegano (US Vegan Climate ETF) ainda recebe críticas por ter, em sua maioria, setores que não estão diretamente relacionados à questões sociais e sustentáveis. O índice é formado por 51% por tecnologia, 13% pelo setor financeiro, 11% por consumo cíclico (automóveis, imóveis) e 10% pela indústria.
Para Arrais, da Spiti, à medida que novas empresas entrem no mercado, é possível que um fundo vegano formado essencialmente pelos setores de alimentos, vestuário e cosméticos surja nos próximos anos.
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