- Os defensores da lei dizem que ela melhorará as finanças dos americanos e reduzirá o déficit federal em US$ 300 bilhões
- Já seus críticos afirmam que ela levará a impostos maiores, sobretudo para as empresas, e será ineficaz para derrubar a maior inflação em décadas
- Veja como a Lei de Redução da Inflação pode afetar as finanças das famílias americanas, tanto agora como no futuro
Abha Bhattarai, Washington Post – A Lei de Redução da Inflação é o mais recente esforço do Congresso dos Estados Unidos para iniciar uma nova era de políticas de combate às mudanças climáticas.
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Mas, para milhões de americanos, o projeto de lei pode significar grandes economias ao fazer compras favoráveis ao meio ambiente (porém com preços altos), assim como ter despesas menores com energia, cuidados de saúde e até mesmo declaração de impostos mais rápidas.
Embora o presidente Joe Biden tenha sancionado a Lei de Redução da Inflação na terça-feira (16), a maioria dos americanos não verá nenhum dinheiro ser economizado tão cedo – inclusive no que diz respeito à inflação, apesar do nome da lei.
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Os defensores da lei dizem que ela melhorará as finanças dos americanos e reduzirá o déficit federal em US$ 300 bilhões. Já seus críticos afirmam que ela levará a impostos maiores, sobretudo para as empresas, e será ineficaz para derrubar a maior inflação em décadas.
“Em termos gerais, este é um projeto de lei com muitos elementos”, disse Marc Goldwein, diretor sênior de políticas do Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos que defende déficits mais baixos. “A maioria das famílias não verá muitas mudanças neste momento, mas algumas vão perceber reduções reais no que estão pagando por coisas como cuidados de saúde e energia.”
Veja como a Lei de Redução da Inflação pode afetar as finanças das famílias americanas, tanto agora como no futuro.
1. Despesas menores com energia
O principal objetivo dos legisladores era criar uma nova estrutura para abrir caminho às fontes de energia mais limpas e sustentáveis. Nesse sentido, ela inclui US$ 80 bilhões em descontos, incluindo até US$ 14 mil em reembolsos, ajudando as famílias a pagar por benfeitorias para uso de energia verde.
Os subsídios cobrem uma série de melhorias, entre elas bombas de calor eficientes (US$ 8 mil por residência), aquecedores elétricos de água (US$ 1.750) e cooktops elétricos (US$ 840).
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Os proprietários de imóveis também podem receber um crédito de 30% pela instalação de painéis solares.
“Haverá créditos fiscais consideráveis para ajudar na transição para a energia limpa: descontos para pessoas que comprarem veículos elétricos, que colocarem painéis solares em suas casas, que fizerem outros tipos de benfeitorias para melhorar a eficiência energética em suas residências”, disse Heidi Shierholz, presidente do Instituto de Política Econômica (EPI, na sigla em inglês), um think tank com tendências de esquerda. “Isso tornará mais fácil para as famílias realizarem de verdade essas mudanças para a energia limpa.”
As famílias que usarem os recursos do projeto de lei para passar a fazer uso de uma tecnologia mais ecológica podem economizar até US$ 1.840 por ano em gastos com energia, de acordo com as estimativas da organização sem fins lucrativos Rewiring America.
2. Créditos fiscais para migrar para veículos elétricos
A nova rodada de incentivos à energia verde inclui um crédito de US$ 7.500 para pessoas que comprarem veículos elétricos novos a partir do próximo ano.
“Os benefícios diretos não serão imediatos, mas há muitos nesse sentido, começando com a economia se você estiver comprando um veículo elétrico”, disse William Hoagland, vice-presidente sênior do think tank Bipartisan Policy Center.
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Além disso, a legislação também oferece um crédito de US$ 4 mil para quem comprar carros elétricos usados, o que poderia ser um passo importante para afastar mais americanos de veículos movidos a gasolina, disse Joe Britton, diretor-executivo da Associação de Transporte com Emissão Zero (ZETA, na sigla em inglês), ao Washington Post.
“Esse será um dos tipos de catalisadores realmente invisíveis”, disse ele. “Porque quando você dirige um veículo elétrico, as chances de você não voltar [a um modelo movido a gasolina] são de 95%. Expor americanos de todos os níveis de renda aos veículos elétricos terá um impacto bastante positivo em nossa capacidade de transição.”
3. Restituição mais rápida de impostos
Este é o benefício mais imediato para as famílias americanas, de acordo com especialistas: reembolso de impostos com rapidez e agentes da receita federal americana mais responsivos, graças aos US$ 80 bilhões em recursos financeiros adicionais para o serviço de receita do governo federal americano (IRS) ao longo de dez anos.
“As pessoas receberão retorno por telefone muito mais rápido”, disse Hoagland. “E para os indivíduos ainda esperando pelo processamento de suas declarações de impostos de 2021 ou 2022 – é provável que isso aconteça muito mais rápido também.”
A legislação também inclui a estrutura para um programa que tornaria possível aos americanos declarar seus impostos anuais diretamente com o IRS e de forma gratuita. Isso poderia fazer com que os americanos economizassem dois bilhões de horas e US$ 30 bilhões em taxas com a declaração de impostos todos os anos, de acordo com Emily DiVito, gerente sênior de programa do Instituto Roosevelt.
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“Uma opção de declaração gratuita poderia transformar a experiência que milhões de pessoas têm ao declarar seus impostos – e , portanto, melhorar sua experiência de interação com o governo”, escreveu Emily em uma postagem recente no blog do instituto, observando que isso seria mais benéfico para as famílias de baixa renda.
4. Medicamentos mais baratos para idosos
Levará alguns anos, mas os beneficiários do Medicare vão ter despesas menores com alguns remédios.
A nova legislação permite que o Medicare negocie preços com empresas farmacêuticas, começando com dez medicamentos prescritos em 2026 e 20 em 2029.
“As [reduções de custos] são muito graduais”, disse Jeffrey Singer, cirurgião geral e pesquisador sênior do Instituto Cato, um think tank libertário. “Elas vão acontecer aos poucos a cada vez, mas vão deixar o beneficiário do Medicare mais feliz.”
De forma mais imediata, as empresas farmacêuticas terão que arcar com descontos a partir do próximo ano se aumentarem os preços dos medicamentos mais rápido que a inflação. Há também outras vantagens reservadas para os beneficiários do Medicare: as despesas pagas do próprio bolso serão limitadas a US$ 2 mil por ano a partir de 2025. E os gastos com insulina para pessoas com diabetes terão como teto US$ 35 por mês.
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“Se você for beneficiário do Medicare, suas contribuições e os preços de medicamentos vão começar a cair – não todos de uma vez e não imediatamente, mas você verá essas despesas subindo de forma mais lenta”, disse Goldwein, do Comitê para um Orçamento Federal Responsável.
5. Preços mais baixos em outros itens – talvez, em algum momento
Economistas dizem ser pouco provável que a Lei de Redução da Inflação reduza a alta dos preços, pelo menos por enquanto.
Há uma chance de que a legislação possa reduzir os preços em cerca de 0,1 ponto percentual daqui a cinco anos, de acordo com uma análise do Penn Wharton Budget Model, da Universidade da Pensilvânia. Mesmo assim, os analistas observam que eles têm “um nível de confiança baixo de que a legislação teria algum impacto mensurável na inflação”.
Há também a possibilidade de que parte do aumento dos fundos da legislação para agricultores e programas de desenvolvimento rural possa ajudar a diminuir os preços de produtos como milho e soja dentro de um ano ou dois, de acordo com Hoagland, do Bipartisan Policy Center.
As famílias nos EUA têm lidado com o aumento rápido dos preços – que subiram cerca de 8,5% em relação a um ano atrás – em uma série de itens essenciais, entre eles alimentos, gás e habitação. A inflação diminuiu ligeiramente em julho, mas ainda está oscilando perto da máxima de 40 anos.
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O Federal Reserve tem aumentado de forma rápida as taxas de juros na esperança de desacelerar a economia o suficiente para baixar os preços.
Allyson Chiu, do Washington Post, contribuiu com esta reportagem./Tradução de Romina Cácia