- A China é o principal parceiro comercial do Brasil porque é o maior comprador das commodities brasileiras
- Contudo, especialista acredita que o Brasil ainda mantém uma postura fechada comercialmente e acaba perdendo oportunidades de acordos, mesmo com a parceria chinesa
- De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a guerra entre Rússia e Ucrânia será um dos tópicos a serem discutidos pelo presidente Lula e Xi Jinping
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou sua agenda oficial de viagens aos três maiores parceiros comerciais do Brasil ao embarcar para a China, na última terça-feira (11), junto a uma comitiva composta por 40 parlamentares e políticos.
Leia também
Os motivos da visita ao país estão relacionados com as intenções do governo brasileiro de aproximar-se economicamente do gigante asiático, que hoje é o maior parceiro comercial do País. Lula já visitou a Argentina e os Estados Unidos nos primeiros três meses de governo.
A viagem à China estava programada para acontecer no mês de março, porém problemas de saúde do presidente o impediram de embarcar e o encontro com o presidente chinês Xi Jinping foi adiado para a sexta-feira (14). No país, Lula também participa da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do banco do Brics, grupo econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“A China sabe que o governo atual é muito mais diplomático e sem aquela oscilação do governo anterior. Isso facilita bastante para a China, que também deve usar essa diplomacia para aumentar mais a sua presença na América do Sul. Nós precisamos deles e eles de nós. O País perdeu no passado muitas oportunidades, por isso hoje tem muitos empresários refazendo negociações que deixaram passar”, afirma Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos nesta reportagem do Bora Investir.
Por que a China é um parceiro importante para o Brasil?
A China é o principal parceiro comercial do Brasil porque é o maior comprador das commodities brasileiras. Além disso, o país vem aumentando seus investimentos em setores como tecnologia, indústria automobilística e energia. O governo quer então vender mais produtos nacionais à China, fortalecendo as relações econômicas entre as duas nações. Educação, finanças, agricultura, saúde e indústria também estão no radar e já existem acordos prontos para assinatura em que essas áreas são contempladas.
A construção do primeiro satélite sino-brasileiro para monitoramento da superfície da Terra, com foco em florestas, o CBERS-6, é um dos projetos mais esperados da parceria. A tecnologia deve permitir que especialistas acompanhem biomas naturais, como o Amazônico, mesmo com a presença de nuvens. O governo brasileiro tem expectativas quanto a investimentos chineses voltados para a fome, o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente.
O embate entre China e EUA afeta o Brasil?
Hoje, a China e os Estados Unidos protagonizam o embate econômico mundial, e o setor de tecnologia entra como principal fator na disputa. Os países brigam pela principal influência no mercado de semicondutores, materiais essenciais para o funcionamento de carros, equipamentos médicos, smartphones, computadores e equipamentos militares. O país asiático tenta se aproximar cada vez mais da posição dos EUA na área, enquanto os norte-americanos respondem com restrições às exportações de tecnologia para a China acusando o país rival de roubo de propriedade intelectual.
Para Barral, o embate tecnológico acaba afetando o Brasil, mas defende que o País não tome partido para nenhum dos lados. “Essa disputa vai ser a marca do século XXI, sem dúvida. O Brasil foi afetado, inclusive, por algumas dessas questões de comércio de chips. É preciso tentar manter um bom relacionamento com os dois países, reconhecendo o alinhamento político que existe com os Estados Unidos, mas também a relevância da relação econômica com a China”, explica.
Piter Carvalho da Valor Investimentos vê o Brasil como dependente tecnológico e suscetível de ser um refém da disputa, mas acredita que o País deve tentar atrair as fábricas do setor para atuarem no território nacional.
Publicidade
“Muitas fábricas estão voltando para os Estados Unidos e o Brasil pode tentar trazê-las para cá, mas vai ser muito difícil. Nós não temos a tecnologia nem a expertise nesse setor que é o suprassumo da tecnologia. Resta, então, que a gente seja amigo dos produtores para não ficar sem esse pequeno e importantíssimo produto para a indústria hoje”, defende.
Para saber mais, acesse aqui.