O que este conteúdo fez por você?
- 50% das mulheres que tiram licença maternidade acabam fora do mercado de trabalho após dois anos
- O empreendedorismo tem se apresentado como uma alternativa para muitas mães, com mais de 1,88 milhão de mães empresárias no Brasil
- A gestão ativa de investimentos também tem crescido, com as mulheres se reconectando com temas como independência financeira e planejamento de longo prazo
A maternidade pode ser um divisor de águas na carreira de muitas mulheres, que se veem diante de desafios como a falta de flexibilidade para viabilizar as novas demandas. Em busca de alternativas, uma parcela cada vez mais significativa tem encontrado oportunidades no mundo dos investimentos, seja por meio do empreendedorismo ou da gestão ativa de patrimônio.
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Na última pesquisa realizada sobre o tema, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que 50% das mulheres que tiram licença maternidade acabam fora do mercado de trabalho após um período de dois anos. Além dos vários casos de demissão por decisão da própria empresa, outras são empurradas a optar pelo desligamento.
“Muitas encontram um ambiente pouco acolhedor no retorno da licença, o que as leva ponderar se vale a pena alocar seu tempo ali em detrimento dos preciosos momentos da primeira infância de um filho”, observa Carolina Ragazzi, cofundadora do movimento Mulheres do Mercado.
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Marina Franciulli, head de diversidade e inclusão na B2Mamy, destaca que as mulheres sofrem com um fenômeno chamado “penalidade da maternidade”. “Qual mulher nunca foi questionada, durante uma entrevista de emprego, se ela é ou deseja ser mãe? Ou, qual a idade dos seus filhos e com quem eles ficariam para que ela pudesse trabalhar?”
Novos negócios pensados por mães
Seja por oportunidade ou necessidade, esse ambiente acaba potencializando a escolha de caminhos como o do empreendedorismo. Dados elaborados pela Datahub, plataforma de Big Data & Analytics, apontam que o Brasil possui mais de 1,88 milhão de mães empresárias. Em quadros societários, elas somam 479 mil em todo o País.
Vanessa da Silva, de 35 anos, está entre essas mulheres. Após a maternidade, ela decidiu abandonar a carreira como corretora de imóveis para abrir uma unidade da Arena Baby, rede de brechó e outlet infantil em Boituva, São Paulo. “Meu objetivo era encontrar algo em que eu pudesse conciliar o suporte para minha filha e o trabalho”, explica.
Em outros casos, experiências menos pretensiosas, com o objetivos temporários, acabam se tornando permanentes. Foi o caso do Desapeguei Bonito, brechó de Brasília. A proprietária, Ana Carolina Rosignoli, conta que o negócio começou quando decidiu vender peças do próprio guarda-roupa para ter uma renda enquanto esperava a filha.
“Com muitas roupas que já não me cabiam, decidi abrir uma página no Instagram para vender peças minhas, mas em um curto espaço de tempo, percebi que já não sabia mais de quem as peças que eu vendia eram. Ali entendi que um empreendimento estava nascendo”, explica Rosignoli.
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Para Franciulli, da B2Mamy, socialtech que conecta mulheres com objetivo de formar líderes, apesar de ser uma possibilidade para muitas mães, não se pode romantizar o empreendedorismo. “É um processo intenso e de incertezas. Traz a possibilidade de flexibilização da rotina, ao mesmo tempo que traz a responsabilidade integral de fazer tudo acontecer”, afirma Franciulli.
No mundo dos investimento
No mundo da gestão ativa de investimentos o crescimento também é visível. Carolina Cavenaghi, fundadora e CEO da Fin4She, diz que o avanço das discussões sobre maternidade tem feito as mulheres se reconectarem com temas como investimentos, independência financeira e planejamento de longo prazo. “O empreendedorismo faz parte também desse processo”, afirma Cavenaghi.
Ragazzi, do Mulheres do Mercado, diz que o engajamento no mundo dos investimentos pode trazer uma rotina mais tranquila a depender do tipo de ativos escolhidos. “Uma gestão de patrimônio focada em investimentos de baixo risco e pouca volatilidade de fato permite à mãe ter maior disponibilidade de tempo e flexibilidade, pois requer um menor monitoramento”, observa.
Contudo, para aquelas que querem ter uma estratégia de investimentos mais agressiva ou empreender, há necessidade de vigilância permanente. “Nunca conheci uma empreendedora que tenha dito ter uma vida mais tranquila que a vida corporativa, mas a grande maioria relata ter maior senso de realização profissional”, afirma Ragazzi.
Seja na gestão ativa de patrimônio ou no empreendedorismo, Franciulli considera que uma saída para tornar o processo mais fácil pode estar em unir forças. “Empreender e maternar pode ser muito solitário. E o caminho pode ficar mais leve se for compartilhado e potencializado se você está em comunidade”, diz.
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