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Comportamento

Como um grupo de militares conseguiu triplicar a renda mensal com day trade

Eles encontraram no mercado financeiro uma oportunidade de renda extra, mas é importante avaliar todos os riscos

Como um grupo de militares conseguiu triplicar a renda mensal com day trade
O bombeiro Alex Ervilha entrou na bolsa de valores em 2016 em busca de ganhar uma renda extra (Foto: Arquivo Pessoal)
  • Jomarilo Gomes, de 41 anos, faz parte do grupo de militares que entraram na bolsa de valores para conseguir uma renda extra
  • Em média por mês, o policial militar do Estado de São Paulo consegue uma renda de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil
  • Alex Ervilha também se tornou um investidor de day trade e consegue ter uma renda duas vezes maior ao seu salário como bombeiro militar

A realidade do policial militar Jomarilo Gomes, de 41 anos, é bem distante do dia a dia das corretoras de investimentos que cercam o entorno da avenida Faria Lima, região da cidade de São Paulo que concentra o centro financeiro do País. Enquanto os analistas acompanham o sobe e desce das ações de bolsa, Gomes, que faz parte da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo, fica atento às movimentação das ruas da capital.

São 12 horas diárias de trabalho para atender as ocorrências de várias regiões do estado. Nas horas fora da escala, porém, a rotina fica mais próxima da realidade dos profissionais do mercado financeiro. Isso porque Gomes deixa de lado o fardamento militar e assume o papel de um investidor de day trade.

“Vi que dá para ter um dinheiro extra sem correr o mesmo risco que corro na rua”, diz o PM. O primeiro contato com o mundo dos investimentos aconteceu em 2021 com outros militares da mesma corporação. O começo não foi como imaginava. No lugar de lucro, perdeu R$ 2 mil que havia investido em mini dólar, derivativo da moeda norte-americana.

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“Tirei do meu salário sem nenhum planejamento financeiro e perdi quase 50% em um único dia”, conta. A experiência nada agradável serviu de aprendizado para as próximas operações. O prejuízo no bolso obrigou Gomes a perceber que lucrar na bolsa de valores exige estudo e estratégia de investimento. Hoje ele estuda cerca de cinco horas nos tempos de folga.

As horas de estudo contam com a ajuda de outros 40 colegas de profissão e com até mais tempo de experiência na bolsa. Em um grupo nas redes sociais, chamado de Ewtinvest, eles compartilham as principais notícias do mercado. A ideia é auxiliar outros investidores nas operações de compra e venda de mini dólar. O controle do grupo fica nas mãos de Alex Ervilha, bombeiro militar do estado de São Paulo, que está desde 2016 na bolsa de valores.

“Como as minhas operações estavam dando certo, comecei a ensinar outros policiais militares interessados no assunto”, relata Ervilha sobre a criação do grupo em 2021. A parceria entre esses investidores não se resume apenas no compartilhamento de informações. O grupo também realiza reuniões on-line para estudar as particularidades do mercado financeiro e, principalmente, do mini dólar.

Renda extra

Os erros cometidos no passado ajudaram Gomes a finalmente conseguir a renda extra na bolsa. Ele relata que as operações em mini dólar entregam um retorno mensal entre de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil nos últimos seis meses. “O dinheiro ajuda a melhorar as nossas vidas e até a da nossa família”, diz o policial.

No entanto, ao contrário das primeiras vezes, os investimentos não são mais feitos com o próprio capital. Gomes faz parte da lista dos 4,5 mil investidores que já passaram pela Axia Investing, que atua desde 2017 como mesa proprietária no mercado – empresas que disponibilizam o seu capital para outras pessoas operarem no day trade na bolsa de valores.

“Só o nosso capital entra em jogo. O risco do investimento fica 100% para a gente”, diz Antonio Marcos Samad Júnior, CEO da Axia Investing. A contratação não acontece de forma aleatória. Antes de entrar para a mesa proprietária, o investidor passa por uma avaliação com provas e simuladores de operações para saber se possui conhecimento e habilidade para operar o capital da empresa na bolsa.

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Se aprovado, o profissional assina um contrato em que estabelece todas as regras para as operações, assim como a divisão dos lucros. “Se tiver resultados financeiros positivos, o investidor recebe um percentual do lucro. Há também um limite de perdas que já consta no contrato. Se atingir esse limite, automaticamente, o profissional é desligado da nossa mesa proprietária”, esclarece Júnior.

Ervilha também faz parte da lista dos investidores contratados pela Axia. Assim como Gomes, após perder cerca de R$ 20 mil na bolsa de valores, o bombeiro militar opera apenas na mesa proprietária para não colocar em risco o seu patrimônio e consegue triplicar a renda mensal ao conquistar uma extra até duas vezes maior que o seu salário de militar. “É mais fácil largar o copo de bombeiros do que a bolsa de valores”, ressalta o bombeiro.

Retorno alto, risco elevado

Segundo os dados da B3, os contratos futuros de dólar comercial, conhecidos também como mini dólar, são o segundo contrato derivado mais negociado no mercado brasileiro. Ele perde apenas para o contrato futuro de DI. O ativo costuma ser utilizado para proteger ou para especular os preços da moeda norte-americana em uma data futura e possui um aporte inicial de R$ 10.

O valor inicial baixo atrai os investidores, especialmente, os de pessoa física que encontram nesta classe de ativos uma oportunidade de ter lucro. No entanto, Ernani Reis, analista da Ágora Investimentos, alerta para uma característica de risco dessa classe de ativos: a alta volatilidade.

“Esses são os contratos mais voláteis da bolsa de valores. O mini dólar pode subir 10% a 15% e logo depois cair mais de 20%”, afirma Reis. Nessa toada, os investidores precisam ter um tempo maior para entender a dinâmica do mercado e ter sucesso nas operações.

“Day trade é a modalidade que mais exige tempo”, ressalta. “Muitas vezes, os investidores deixam essa modalidade de mercado porque não se preparam corretamente e tiveram uma sequência de prejuízo”, acrescenta Reis.

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As mesas proprietárias podem ser uma alternativa para os investidores que desejam fazer day trade sem expor o próprio capital, como acontece com Jomarilo Gomes e Alex Ervilha. No entanto, ao escolher uma empresa para atuar, os investidores precisam ficar atentos às condições impostas no contrato.

De acordo com o Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimento, algumas mesas proprietárias do mercado vendem cursos e certificações para que o profissional opere na empresa antes de firmar contrato com o investidor. “A pessoa gasta R$ 2 mil a R$ 3 mil para conseguir operar e depois opera com um capital pequeno”, alerta Brasil.

Para evitar esses riscos, a dica é avaliar as condições para operar o capital, conhecer a política de remuneração e entender quais são os suportes disponíveis na casa para os traders.

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