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Comportamento

Poder de compra da geração Z realmente diminuiu?

A sensação de "logo na minha vez, está tudo caro" pode estar mais relacionada ao comportamento de consumo dos jovens

Poder de compra da geração Z realmente diminuiu?
Geração Z realmente está com poder de compra reduzido? (Foto: Adobe Stock)

Nos últimos anos, inflação e renda têm sido assuntos recorrentes na vida dos brasileiros. O jovens se queixam daquela sensação de “logo na minha vez de ser adulto, está tudo mais caro”. Entretanto, um estudo realizado pela Rico indicou que o poder de compra desse grupo não diminuiu necessariamente, mas outros fatores contribuíram para essa sensação.

O efeito da inflação faz os valores ficarem mais altos ao longo do tempo pela variação positiva dos preços de bens e serviços em uma economia. A alta de preços é resultado de diversos fatores econômicos, como a oferta e demanda e taxa de câmbio – principalmente em produtos internacionais.

No Brasil, o Plano Real foi essencial para afastar a hiperinflação atingida no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, permitindo que a população passasse a conviver com níveis de preços mais equilibrados. Mas os jovens que nasceram após a mudança da moeda brasileira, a famosa geração Z, sentem que estão chegando à vida adulta com baixo poder aquisitivo.

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Mas essa pode ser mais uma sensação do que a realidade. Pesquisa feita pela Rico mostra que o valor do salário mínimo no País teve maior valorização aos preços de outros produtos e bens nos últimos 12 anos.

É importante destacar, ainda, que nem todos os bens e serviços variaram da mesma maneira ao longo desse período. Por exemplo, o que mais impactou esse aumento foi o setor de alimentos e bebidas, que variou quase na mesma proporção do piso salarial. Além disso, hábitos de consumo – especialmente o dos jovens – também mudaram significativamente nos últimos 30 anos, o que também tende a impactar a análise de poder de compra.

Em parte, essa impressão se dá pelo fato de que, sem considerar a inflação, os preços realmente subiram. Ou seja, os brasileiros desembolsam hoje um valor maior para adquirir diferentes bens e serviços, como um carro popular, um imóvel ou itens de uso na rotina. Entretanto, nem todos os bens e serviços irão registrar o mesmo padrão de variação de preços ao longo do tempo. Por exemplo, enquanto os alimentos tiveram sua inflação acumulada perto de 145% entre 2012 e 2024, os automóveis tiveram seu valor reajustado em “apenas” 45%.

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A diferença de comportamento entre os preços deriva de uma série de fatores, incluindo questões climáticas, demanda por certos bens e serviços, ganhos de produtividade do setor, entre outros. Além disso, a metodologia utilizada nos diferentes índices de inflação, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tende a demorar um pouco a refletir novos hábitos de consumo. Serviços de streaming, como a Netflix, passaram a compor o cálculo do IPCA somente a partir de 2020.

Mudança de hábitos de consumo

É interessante perceber que mudanças de hábitos de consumo e anseios da população jovem ao longo dos anos também interferem para essa sensação de um menor poder de compra. A geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) foi a primeira que nasceu em uma era 100% digital e que teve acesso precoce a internet e redes sociais, o que pode impactar diretamente nas escolhas do dia a dia dessa geração.

Um estudo de 2023 feito pela Bain e Google relevou que as gerações Millennials e Z têm o dobro de probabilidade de serem influenciados a realizar compras por meio de uma publicidade em um vídeo online. Elas também são 3,7 vezes mais propensas a afirmar que as redes sociais foram a maior influência para realizar uma compra.

Nesse cenário, novos gastos aparecem como prioridade, a exemplo das assinaturas mensais de serviços de streaming. Como visto nesta matéria, esses serviços podem se tornar gastos invisíveis que prejudicam as finanças.

Uma pesquisa da Rico realizada recentemente trouxe perspectivas positivas em relação a esse panorama. Segundo o levantamento, os jovens estão cada vez mais interessados em investir na educação financeira e desenvolvimento pessoal, buscando cursos e atividades que melhorem suas perspectivas profissionais. A pesquisa revela que cerca de 48% dos jovens optam por não sair nos finais de semana para se dedicarem aos investimentos. Além disso, 45% evitam gastos desnecessários e 37% não utilizam serviços de delivery.

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Entre os entrevistados, 46% investem regularmente, mesmo que não seja a prioridade do orçamento, enquanto 41% consideram o investimento como a principal prioridade. Além disso, mais de 65% dos jovens mencionaram realizar novos investimentos mensalmente.

Os resultados indicam que, apesar de hábitos de consumo imediatos, há uma crescente conscientização sobre a importância de pensar no futuro financeiro. Por isso, ter um bom planejamento financeiro é essencial para entender melhor sobre o seu poder de compra.

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