Comportamento

Demanda no setor imobiliário aumenta preço do aluguel em Nova York

Com a recuperação do mercado, proprietários estão aumentando os aluguéis e diminuindo benefícios

Demanda no setor imobiliário aumenta preço do aluguel em Nova York
Cidade de Nova York (Foto: Envato Elements)
  • A parcela de negociações com incentivos caiu para 38% no mês passado, bem abaixo do pico de 60% em outubro, segundo os dados da avaliadora Miller Samuel Inc e da corretora Douglas Elliman Real Estate
  • Os incentivos estão desaparecendo mais rapidamente em bairros mais caros de NY, como Greenwich Village e Chelsea - onde qualquer apartamento que ainda esteja anunciando vantagens está sendo alugado rapidamente.
  • A demanda está aumentando em parte porque os jovens que atrasaram as mudanças estão atualmente procurando um lugar para morar. Alguns foram embora durante o lockdown para trabalhar remotamente e estão sendo chamados de volta para os escritórios em Manhattan. Outros estão voltando com os amigos.

(Maria Heeter, Bloomberg) – Aqueles à procura de um apartamento estão invadindo Manhattan em busca das barganhas que estavam por todos os lados há apenas alguns meses. Mas muitos descobrirão que estão um pouco atrasados demais.

Os proprietários estão aumentando os aluguéis e diminuindo as concessões das quais dependiam para preencher as unidades durante os meses mais difíceis da pandemia, quando muitos nova-iorquinos se mudaram para os subúrbios. Agora que a reabertura da cidade está atraindo de volta os exilados, eles estão disputando com recém-formados e profissionais jovens que estão ansiosos para se mudar – e os proprietários de imóveis não precisam mais se esforçar tanto para conseguirem contratos de aluguel assinados.

“Este mercado agora está provavelmente mais agitado do que nunca”, disse Gary Main, diretor de operações da corretora Corcoran Group, que trabalha no mercado imobiliário há mais de duas décadas. “Você está vendo as pessoas às vezes entrando em guerras de ofertas, vendo as pessoas mudando os aluguéis imediatamente e os apartamentos sendo alugados antes mesmo das pessoas irem visitá-los.”

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Três meses de aluguel recorde acabaram com a pilha de unidades disponíveis em Manhattan, devolvendo aos proprietários a vantagem que haviam perdido no ano passado. A parcela de negociações com incentivos caiu para 38% no mês passado, bem abaixo do pico de 60% em outubro, segundo os dados da avaliadora Miller Samuel Inc e da corretora Douglas Elliman Real Estate.

Benefícios menores

E o valor desses benefícios está diminuindo. A média de junho foi de 1,9 mês de aluguel gratuito, a menor desde agosto. Há pouco tempo, não seria uma surpresa a oferta de vários meses grátis, junto com outras vantagens, como espaços de armazenamento e no pagamento de taxas de corretagem.

Se os proprietários não estão confiantes o suficiente para retirar totalmente as concessões, pode ser porque o estoque de apartamentos da região – 11.853 unidades no final de junho – ainda está acima dos patamares antes da pandemia.

O recuo é, “sem dúvida, gradual”, disse Ray Houseknecht, chefe da empresa imobiliária Rudin Management Inc. “Não é como um interruptor de luz, lembra mais um dimmer.”

Os incentivos estão desaparecendo mais rapidamente em bairros mais caros, como Greenwich Village e Chelsea – onde qualquer apartamento que ainda esteja anunciando vantagens está sendo alugado rapidamente.

Em um vídeo no TikTok publicado em 5 de julho, a “caçadora de apartamentos” Kaitlyn Walker filmou uma fila de cerca de 80 pessoas esperando para visitar um imóvel de dois quartos em Chelsea, cujo aluguel era de US$ 2.950 e se ganhava um mês grátis. As pessoas começaram a acampar na fila de madrugada, ela disse. “A fila apenas continuou a crescer e crescer”, disse Kaitlyn, 24 anos. “Foi insano.”

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Por um imóvel de dois quartos com aquele preço – com uma lavanderia dentro do apartamento e um punhado de eletrodomésticos de aço –, Kaitlyn não estava tão surpresa, mesmo com usuários do TikTok de fora da cidade comentando estarem chocados. “Quando você tem certos tipos de critérios que deseja ter um aparamento”, disse ela, “pode ser difícil de encontrar”.

A Landlord Stonehenge Apartments está oferecendo menos incentivos em Chelsea e no West Village e mais em bairros como Upper East Side, Upper West Side e Murray Hill, disse o CEO da empresa Ofer Yardeni.

No Uptown, em Morningside Heights, popular entre os estudantes da Universidade Columbia, a Stonehenge ofereceu até três meses grátis em um contrato de um ano na Avenida Amsterdam, 1080. Isso foi no início da pandemia, quando a ocupação das 96 unidades do edifício caiu para quase 33%, disse Yardeni. Agora, o prédio está praticamente todo ocupado, à medida que os estudantes ensaiam um retorno às aulas presenciais no próximo semestre.

Nos 23 edifícios da Stonehenge, “nossa equipe de aluguéis está trabalhando sem parar”, disse Yardini. “As concessões estão sendo eliminadas enquanto estamos conversando.”

Jovens estão voltando a procurar imóveis

A demanda está aumentando em parte porque os jovens que atrasaram as mudanças estão atualmente procurando um lugar para morar. Alguns foram embora durante o lockdown para trabalhar remotamente e estão sendo chamados de volta para os escritórios em Manhattan. Outros voltam com amigos e temem ficar de fora da festa de reabertura.

Ryan Eppolito, formado pela Columbia, voltou para Nova York depois de passar um ano viajando pelo país em uma van, trabalhando como professor para pagar a gasolina e a alimentação. Ele começou a trabalhar na empresa de gestão de investimentos D.E. Shaw & Co. em abril e pretende assinar um contrato de aluguel de 12 meses, em vez de continuar para lá e para cá em temporadas de curto prazo.

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Eppolito está vendo imóveis sendo rapidamente alugados enquanto procura por um de três quartos para compartilhar com amigos no East Village ou no Lower East Side.

“Sem dúvida, havia algumas boas ofertas” por cerca de US$ 1.500 por pessoa – se ao menos eles tivessem topado voltar em março ou abril, disse ele. “A maioria delas já acabaram agora, então, provavelmente, acabaremos em um lugar menor.”

Mesmo para quem ficou na cidade, o ritmo da recuperação pode parecer uma surpresa.

Laila Mowafi, 24 anos, que começou a trabalhar como analista de derivativos no Deutsche Bank AG depois de se formar em Columbia em 2019, mudou para um espaçoso apartamento de dois quartos em Boerum Hill, no Brooklyn, durante a pandemia. Agora ela está em busca de um novo lugar outra vez, pois o aluguel de 15 meses de seu “apartamento unicórnio” – que veio com três meses grátis e uma redução no aluguel de US$ 1.000 por mês – expirou.

Ela esperava encontrar algo que pudesse pagar perto da nova sede do Deutsche Bank em Columbus Circle, que fica a apenas alguns passos do Central Park. Mas os anúncios “não estão nada baratos”, Laila disse. Agora ela pode acabar voltando para onde morava antes de se formar, no Uptown.

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“Achava que esses efeitos fossem durar”, disse ela, “mas acho que há muitas pessoas voltando para o trabalho”.

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