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- Petrobras e Vale, duas das empresas mais lucrativas do Brasil, foram beneficiadas pela cotação de seus principais produtos no mercado internacional, mas vivem cenários diferentes. Enquanto a petrolífera deve se aproveitar do cenário global, a mineradora pode sofrer redução da demanda chinesa.
- Considerando apenas o fluxo operacional, a Suzano poderia ter um prejuízo líquido no trimestre. Contudo, a alta da celulose e a variação cambial garantiram o lucro da companhia nos três primeiros meses de 2022.
Em meio a uma das maiores crises das últimas décadas, as empresas mais lucrativas do Brasil “recuperaram o fôlego” e registraram resultados históricos depois da desaceleração causada pela pandemia.
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Entre as dez empresas com maiores lucros no primeiro trimestre de 2022, nove apresentaram recordes, impulsionadas pela alta de commodities no mercado global.
As três empresas que tiveram um maior lucro no trimestre foram Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) — PETR3; Vale — VALE3; e Suzano — SUZB3.
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Veja o que explica o resultado delas no período.
1. Petrobras – R$ 44,5 bilhões
A Petrobras viu seu lucro multiplicar 15 vezes entre 2020 e 2021, saindo de R$ 7,1 bilhões para R$ 106,7 bilhões, uma marca histórica.
O ritmo continuou forte nos três primeiros meses de 2022, quando a companhia registrou R$ 44,5 bilhões em lucro líquido, o melhor desempenho histórico em um trimestre entre todas as empresas mais lucrativas do Brasil.
“A companhia foi beneficiada com o aumento do preço dos derivados básicos no mercado interno, que subiu 55,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado”, explica Flávio Riberi, coordenador de cursos de pós-graduação e Master of Business Administration (MBA) da Faculdade FIPECAFI.
Outro fator benéfico ao desempenho da Petrobras foi a redução de seu endividamento em um momento de taxas de juros crescentes.
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A Petrobras continua obtendo ganhos pelo repasse de custos de produção aos preços cobrados do consumidor, enquanto seu índice médio de produção em barris de óleo equivalente por dia cresceu 2,4% no primeiro trimestre de 2022, em comparação aos três últimos meses do ano anterior.
Com o prolongamento da guerra contra a Ucrânia, o mapa do comércio internacional de petróleo poderá ser redesenhado, beneficiando a petrolífera brasileira. O preço do barril deve continuar subindo. “É possível que novos reajustes de combustíveis entrem no radar, o que pode ajudar a alavancar a receita”, considera Riberi.
2. Vale – R$ 23 bilhões
O minério de ferro tem subido nos últimos dois anos, o que resulta em um aumento no faturamento e consequentemente no lucro das mineradoras.
Nos últimos 24 meses, o valor do produto teve um crescimento de 100%, saindo de US$ 80 em abril de 2020, para US$ 160 no mesmo mês de 2022.
Isso fez o lucro da Vale saltar de R$ 26,7 bilhões em 2020 para o recorde de R$ 121,2 bilhões em 2021.
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Apesar de o preço do produto ter avançado 30,4% no primeiro trimestre de 2022, a empresa registrou R$ 23 bilhões de lucro líquido, um número 24% menor em relação ao mesmo período do ano anterior.
A redução da produção da companhia contribuiu para o resultado. A paralisação de 38 dias do complexo de Serra Norte de Carajás, devido ao licenciamento ambiental e à instalação de britadores primários, fez o volume de minério de ferro produzido encolher 6% em comparação com os três primeiros meses do ano passado.
A ação da Vale, entretanto, passou por uma grande correção saindo de um pico de R$ 105,07, em 7 de março, para R$ 79,76, em 6 de maio. “Isso reflete as expectativas criadas diante de uma contração econômica mais prolongada na China, seu principal destino de exportação”, comentou Riberi.
3. Suzano – R$ 10,3 bilhões
A Suzano também é uma das maiores empresas brasileiras. Apesar de não estar no ranking das empresas mais lucrativas do Brasil em 2020 e 2021, melhorou o desempenho a partir do quarto trimestre do ano passado, quando registrou um lucro líquido de R$ 5,9 bilhões.
No início de 2022, a companhia manteve o ritmo forte e apresentou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, superando as instituições financeiras.
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O lucro é explicado pela influência da cotação da celulose no mercado internacional e na taxa de câmbio. “Expurgando esses efeitos de natureza financeira, o resultado em alguma medida refletiria um prejuízo líquido, descontados os efeitos de Imposto de Renda (IR) e de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) diferidos”, avaliou Riberi.
Nesse sentido, a melhor medida para compreender o desempenho da empresa está na geração de caixa operacional, que saiu de uma performance de R$ 3,6 bilhões, entre janeiro e março do ano passado, para R$ 3,4 bilhões no mesmo período de 2022.
A tendência da Suzano a curto prazo é uma incógnita. “A receita da companhia estará vinculada ao comportamento do preço da celulose no mercado internacional e com os conflitos geopolíticos na Europa, que podem ainda ter efeitos imprevisíveis”, comentou o coordenador.