À Dívida Ativa paulista, por exemplo, Bolsonaro deve R$ 1 milhão. Foto: REUTERS/Adriano Machado
Entre 1 de janeiro e 4 de julho deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões em transferências feitas via pix. Os valores constam de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro.
Ao todo, foram 769 mil transações registradas. Nesse período, a conta do ex-presidente movimentou R$ 18,5 milhões, dos quais R$ 17,2 milhões chegaram via Pix.
Pelo menos parte dessa movimentação pode estar relacionada a “vaquinhas” virtuais criadas por parlamentares aliados para ajudar o ex-líder do Executivo a pagar multas judiciais por descumprimento de regra sanitária imposta em meio à covid-19. Especialistas ouvidos pelo Estadão divergem sobre as consequências legais da não utilização dos recursos arrecadados para essa finalidade.
O próprio Coaf classifica essas movimentações nas contas de Bolsonaro como atípicas. A suspeita do órgão, que investiga se houve lavagem de dinheiro, é que os recursos tenham sido doados por apoiadores do ex-presidente para pagar multas judiciais recebidas por ele. Parte dos recursos recebidos, indica o relatório, foi convertida em aplicações de renda fixa.
No sábado (29), ele esteve em Florianópolis e disse que o valor “dá pra pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro pra tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle”, uma referência à esposa.
Com o montante aplicado em Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e Recibos de Depósito Bancário (RDB), o ex-presidente conseguiria um rendimento bruto de 1,08% ao mês em um título com rentabilidade de pelo menos 100% da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano.
Descontando o Imposto de Renda (IR) de 22,5% para resgates feitos em até 180 dias, o retorno líquido ficaria em cerca de R$ 142,3 mil por mês ou R$ 4,7 mil por dia.
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que a divulgação das informações bancárias do ex-presidente consiste em “inaceitável” e “criminosa” violação de sigilo bancário e que os valores vêm de doações feitas por apoiadores, com origem absolutamente lícita.