- No início de janeiro, Alhassan Hafiz Bakarr-Kanu de Serra Leoa lançou a versão de teste do Supfrica
- Em tempo recorde, três dias, o aplicativo foi o mais baixado (100.000 vezes) no Google Play
- Segundo o criador do app, os africanos e a diáspora africana estão procurando por algo que represente algo próprio e que seja criado por eles
(María Rodríguez/EFE) – Uma invenção para africanos criada por um africano. Este é o Supfrica, um aplicativo semelhante ao WhatsApp que concentra-se nas necessidades dos usuários do Continente, na diáspora e reforça os valores de produtos “made in Africa”.
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No início de janeiro, Alhassan Hafiz Bakarr-Kanu de Serra Leoa lançou a versão de teste do Supfrica. Em tempo recorde, três dias, o aplicativo foi o mais baixado (100.000 vezes) no Google Play, a plataforma de distribuição para dispositivos com sistema Android operando, embora ainda não fosse o lançamento oficial do Supfrica. “Os africanos e a diáspora africana estão procurando por algo que represente algo próprio e criado por elesmesmo” afirmou o criador do app.
Posteriormente, ele fundou a Techfrica, empresa de tecnologia com sede nos Estados Unidos e em Serra Leoa, com a qual desenvolveu outros aplicativos, sempre voltadas para o mercado africano.
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Após concluir que os outros apps de mensagens gratuitas que utilizam ligação à internet para fazer chamadas e videochamadas, além de enviar fotos e vídeos, não são destinadas ao mercado africano, Hafiz decidiu começar a desenvolver em 2017 este app, cujo nome significa “Olá África” – usando a expressão coloquial do inglês” Sup.
“A maioria das plataformas não se destina ao mercado africano, por isso as pessoas estão lutando para criar negócios de propriedade de negros e africanos”, diz Hafiz. “Quando eles criam esses aplicativos, você pode perguntar aos fundadores se eles têm especialmente os africanos ou a diáspora africana em mente e eles dirão honestamente que não. Não está definido na pedra, mas é sabido.”
Pensado para avós em zonas rurais
Apesar do crescimento exponencial das cidades africanas, a população do continente continua em grande parte rural. Mais de 59% dos africanos ainda vivem no campo, de acordo com dados de 2019 do Banco Mundial.
Nessas áreas, não é estranho ver um smartphone de última geração em uma região em que 50% da população fez suas conexões com um deles em 2020 – e espera-se chegar a 65% em 2025 -, segundo o mais recente relatório anual para a África Subsaariana da organização de operadoras móveis GSMA.
No entanto, muitas vezes a rede não ultrapassa 2G (rede de telefonia móvel de segunda geração, agora obsoleta), limitando a recepção de mensagens, mas também de fotos e vídeos, e impossibilita chamadas e videochamadas por meio deste tipo de aplicativos de mensagens amplamente utilizado.
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Uma das maiores aspirações de Hafiz com a Supfrica é “garantir que as avós das zonas rurais com rede 2G façam e recebam chamadas” através de um app como este, que utiliza ligação à Internet e torna mais econômica a comunicação com familiares e amigos – de dentro ou de fora dos países.
Entre as outras aspirações de seu criador, busca também que as informações dos usuários sejam seguras, protegidas e privadas, que as qualidades das chamadas, tanto de áudio como de vídeo, “sejam incríveis” e tenham a capacidade de se atualizar continuamente para que funcione bem.
Espírito comunitário
O app mostra também o aspecto comunitário, tão relevante para as sociedades africanas, com possibilidade de criação de grupos de mais de 500.000 pessoas, ao contrário dos 256 que o WhatsApp permite ou dos 200.000 do Telegram.
Essa característica é importante “porque acreditamos na unidade, um ambiente comunitário é o melhor cenário”, afirma Hafiz.
Em caráter de teste, o aplicativo possui, por enquanto, um logotipo provisório: um telefone amarelo dentro de um balão amarelo, verde e vermelho, cores compartilhadas por muitas das bandeiras do Continente, em um fundo preto.
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Mas esta logo pode mudar, pois o criador serra-leonense garante que têm duas versões diferentes e que decidirá por uma delas quando for lançada a versão final do app, prevista para março de 2021, quando também deverá estar disponível a versão para iOS, o sistema operacional móvel da Apple.