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Criptomoedas

Bitcoin se beneficiou da crise bancária? Não como os entusiastas queriam

Há poucos indícios de que falências bancárias tenham gerado apoio geral à cripto como alternativa financeira

Bitcoin se beneficiou da crise bancária? Não como os entusiastas queriam
Bitcoin chegou ao mercado em meio à crise financeira de 2008. Foto: Pixabay
O que este conteúdo fez por você?
  • A ideia de que a crise bancária fez investidores migrarem para a criptomoeda é equivocada
  • Aumento do valor do Bitcoin foi influenciado por outros fatores, como a expectativa do fim da alta de juros nos EUA
  • Traders de criptomoedas que tinham reservas em stablecoins migraram para o bitcoin depois da crise, o que também valorizou o ativo

Pouco depois de o Silicon Valley Bank falir em março, o preço do bitcoin disparou para acima de US$ 25 mil, alcançando um patamar não visto para a moeda digital desde junho do ano passado. Nesta semana, o bitcoin chegou a aproximadamente US$ 30 mil, uma alta de 70% no ano.

Os defensores do bitcoin aproveitaram o aumento dos preços para argumentar que a crise bancária estava levando os investidores a converter moedas convencionais em moedas digitais. Um executivo do mundo das criptomoedas chamou as falências bancárias de “o fim do USD e a aurora da hiperbitcoinização”. Uma empresa que comercializa bitcoin para investidores começou a incluir referências às corridas bancárias em seus materiais promocionais.

Mas, apesar do alarde, há poucos indícios de que as falências bancárias recentes tenham gerado apoio geral ao bitcoin como alternativa financeira.

Em vez disso, o aumento no preço do bitcoin foi motivado por uma série de tendências financeiras que têm pouco a ver com os fundamentos filosóficos da tecnologia, disseram os analistas. As razões para o aumento incluem o otimismo crescente de que o Federal Reserve talvez interrompa o aumento da taxa de juros, assim como as preocupações cada vez maiores com a segurança das chamadas stablecoins, um tipo de criptomoeda projetada para manter um preço de US$ 1.

“Há um interesse generalizado e um crescimento chegando para o setor? É bastante dinheiro novo?”, perguntou Ed Moya, analista de criptomoedas da corretora OANDA. “Não parece ser isso que está acontecendo de verdade.”

O recente aumento do bitcoin também é resultado da baixa liquidez, uma medida do quanto é fácil comprar e vender um ativo digital sem afetar seu preço, de acordo com uma análise da empresa de pesquisa sobre o mercado de criptomoedas Kaiko. Desde que o mercado de criptomoedas passou por uma crise no ano passado, menos grandes empresas financeiras têm comprado e vendido bitcoin, dificultando a negociação da moeda. O preço do Bitcoin sempre foi volátil, mas no mercado atual pode aumentar ou diminuir de forma considerável depois de apenas algumas transações. Na semana passada, a liquidez do bitcoin atingiu uma mínima de dez meses, de acordo com a Kaiko.

“Isso não significa que, porque há uma grande mudança de preços, esta é uma nova onda de dinheiro institucional ou algo assim”, disse Conor Ryder, analista de pesquisa da Kaiko. “É mais uma questão de liquidez.”

O bitcoin foi criado depois da crise financeira de 2008, que semeou uma falta de confiança generalizada no sistema bancário. Seus primeiros defensores apregoavam a nova tecnologia como uma alternativa mais segura no longo prazo que os bancos e as moedas tradicionais.

Essa perspectiva nunca se tornou realidade. Ao longo dos últimos 15 anos, os traders têm tratado o bitcoin em grande parte como um investimento especulativo –, em alguns casos, como uma ferramenta para lavagem de dinheiro e outros crimes.

Entretanto, a implosão do Silicon Valley Bank – e da crise mais ampla que ela desencadeou – parecia dar crédito à tese original do bitcoin.

“O Bitcoin é um claro vencedor da crise bancária dos Estados Unidos”, declarou uma coluna do site de notícias especializado em criptomoedas CoinDesk este mês.

O preço do bitcoin aumentou cerca de 40% desde a falência do Silicon Valley Bank no início de março, subindo de US$ 20 mil para US$ 28 mil. Mas isso ainda está longe do maior valor do bitcoin de aproximadamente US$ 70 mil em novembro de 2021.

E o aumento foi potencializado em parte por problemas em outras áreas do setor das criptomoedas. A crise bancária colocou em risco por um breve período bilhões de dólares detidos pela Circle, um dos maiores emissores de stablecoins, causando pânico aos investidores. Alguns traders de criptomoedas que mantinham suas economias digitais como stablecoins agora estão em busca de outras opções.

“Estamos vendo algumas movimentações [de pessoas] deixando as stablecoins e indo para o bitcoin”, disse Moya.

As corridas aos bancos também despertaram um entusiasmo entre os investidores de criptomoedas com esperança de que o Federal Reserve desacelere o aumento da taxa de juros para acalmar o pânico. No ano passado, a elevação da taxa prejudicou o mercado das criptomoedas ao tornar mais caro investir dinheiro em ativos especulativos.

Em um post de blog bastante compartilhado na semana passada, Molly White, crítica das criptomoedas, observou que o preço do bitcoin começou a subir mais ou menos quando o governo anunciou que apoiaria o Silicon Valley Bank – uma intervenção que alguns analistas interpretaram como um sinal de que o Fed poderia adotar outras medidas para acalmar a situação.

“Se o pico fosse motivado pelo medo, esperaria que ele tivesse começado durante a corrida bancária ao SVB”, escreveu ela.

Na semana passada, o Fed anunciou que seguiria em frente com outro aumento da taxa. O preço do Bitcoin permaneceu relativamente estável desde então, ficando em torno de US$ 28 mil.

No entanto, os defensores do bitcoin disseram que perceberam uma oportunidade para recrutar novos interessados.

A Swan Bitcoin, uma empresa de serviços financeiros que ajuda as pessoas a investir em bitcoin, vivenciou uma onda de novos clientes querendo comprar a moeda digital como uma alternativa a manter o dinheiro no banco, disse Cory Klippsten, CEO da empresa.

“Eles acreditam que esta será a moeda de reserva global”, disse Klippsten. “Este é o melhor momento para o criptomarketing e a adoção do bitcoin em sua história.”

Cody Candee, CEO da startup Bounce, entrou em contato com a Swan em março, na esperança de converter uma parte dos fundos de sua empresa em bitcoin.

“Ter alguns por cento em bitcoin parece mesmo uma ótima apólice de seguro para o dólar americano, para o sistema bancário, para o Fed, para toda a infraestrutura”, disse ele.

Mas Candee hesitou em se comprometer completamente. A Bounce, que administra uma rede de locais de armazenamento de bagagem e pontos de retirada de encomendas, arrecadou US$ 12 milhões em uma rodada de financiamento no ano passado. Candee disse que planejava gastar apenas US$ 200 mil com bitcoin. “Se o valor diminuir consideravelmente, isso não teria impacto nos negócios”, disse ela.

TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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