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Criptomoedas

Bitcoin sobe após decisão de juros nos EUA; veja o que esperar do preço

Corte nas taxas americanas deve impulsionar migração de investidores para ativos de risco, como as criptomoedas

Bitcoin sobe após decisão de juros nos EUA; veja o que esperar do preço
O bitcoin é maior criptomoeda em valor de mercado (Foto: Envato Elements)
O que este conteúdo fez por você?
  • A condução da política monetária dos EUA tem peso na cotação do Bitcoin por influenciar no apetite a risco dos investidores
  • Se o início do corte de juros ocorrer ainda este ano, o cenário torna-se ainda mais otimista para o mercado de criptomoedas
  • Halving e o fluxo de capital dos ETFs de bitcoin à vista serão determinantes para direcionar os rumos da maior criptomoeda em valor de mercado

A condução da política monetária dos Estados Unidos não faz preço apenas no mercado de renda fixa e na Bolsa de Valores. As criptomoedas – e, principalmente, a sua maior representante, o bitcoin (BTC) – também são impactadas com a decisão dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), por influenciar no apetite a risco dos investidores.

Nesta quarta-feira (20), a autoridade monetária norte-americana decidiu manter as taxas de juros no 5,25% e 5,50% ao ano, o maior patamar desde 2001. A decisão já era esperada pelo mercado, mas a atenção dos investidores se volta para os próximos passos da política monetária dos EUA ao longo do ano.

Em coletiva à jornalistas na tarde desta quarta-feira (20), o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a trajetória da política monetária no país ainda segue incerta diante dos patamares atuais da inflação. “Estamos vendo progressos em seu processo de desaceleração. Não está garantido [progresso em andamento] e o caminho a seguir é incerto”, disse Powell.

Apesar da preocupação, o BC dos Estados Unidos, assim como os analistas de Wall Street, mantém a projeção de três cortes de juros para este ano. As estimativas deram fôlego para o BTC durante a tarde desta quarta-feira (20). Por volta das 17h20, o bitcoin apresentava uma valorização de 0,95%, cotado a US$ 65,9 mil.

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Se as expectativas se concretizarem, o apetite a risco deve aumentar entre os investidores com a perspectiva de queda de rentabilidade dos ativos de renda fixa que se beneficiam com a alta dos juros. Esse contexto macroeconômico favorece a cotação do bitcoin no médio prazo, já que os analistas consideram a criptomoeda como um ativo de alto risco.

“Será um dos maiores gatilhos que o mercado espera: quando Jerome Powell informar o primeiro corte da taxa de juros dos Estados Unidos. Isso vai ser crucial porque afeta diretamente o nível de liquidez com os investidores em busca de risco no mercado”, diz Valter Rebelo, head de Ativos Digitais da Empiricus Research.

Outras variáveis no radar do bitcoin

O cenário macroeconômico não será o único fator determinante no desempenho do bitcoin nos próximos dias. Na visão de analistas, talvez, a política monetária dos EUA tenha o menor peso na cotação do BTC no curto prazo. A volatilidade da maior criptomoeda será influenciada, especialmente, pela proximidade do halving, previsto para acontecer em abril.

O evento ocorre a cada quatro anos e é responsável por reduzir pela metade as recompensas dadas aos mineradores de criptomoedas. Na prática, a medida limita ainda mais a criação de novos bitcoins, o que pressiona os preços do ativo diante da queda da oferta no mercado.

Atualmente, a recompensa em cada bloco minerado é de 6,25 BTC. Após o halving deste ano, a recompensa cai para 3,125 BTC por bloco minerado – os cálculos matemáticos que registram as transações de criptomoedas na rede. “Nos três primeiros eventos de halving na história do bitcoin, em 2012, 2016 e 2020, vimos um aumento exponencial dos preços”, afirma Israel Buzaym, diretor de Comunicação do Bitybank.

No dia do primeiro halving, em 2012, o preço era de US$12 e seis meses depois atingiu US$130”, acrescenta Buzaym. O avanço consistente seguiu nos eventos seguintes. Ainda de acordo com a Bitybank, em 2016, no segundo halving, o preço do BTC era de US$ 660 e seis meses depois alcançou o patamar de US$ 900.

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A importância do evento para os fundamentos do BTC seria uma das justificativas, na avaliação de Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, para a queda de 11% dos últimos sete dias. A correção do preço seria algo natural mediante ao movimento de alta em 2024.

“A correção do mercado cripto é saudável. Trata-se de uma tensão pré-halving, que falta menos de 30 dias para acontecer. Ou seja, todo o mercado vai ficar bastante volátil e nervoso mediante a proximidade dessa data”, afirma Lago. O fluxo de capital dos ETFs de bitcoin à vista, negociados nos Estados Unidos, também deve fazer direcionar os rumos da cotação da moeda digital no curto prazo.

O papel dos ETFs na volatilidade do bitcoin

Desde as primeiras negociações, em janeiro deste ano, a valorização do BTC era motivada pelo volume de negociação dos fundos. Os 11 ETFs movimentaram juntos US$ 9,6 bilhões apenas nos três primeiros dias de negociação, em janeiro deste ano, na bolsa de valores de Nova York (NYSE), na Nasdaq e na Chicago Board Options Exchange (CBOE). No entanto, a saída de US$ 1 bilhão do GBTC, ETF de bitcoin à vista da GrayScale, nos últimos dois dias ajudou na depreciação do bitcoin durante a semana.

“O comportamento do investidor não é um descrédito ou falta de interesse sobre BTC, mas, sim, um êxodo dos investidores do fundo da GrayScale, que buscam por produtos semelhantes e melhores”, explica Beto Fernandes, analista da Foxbit. Para conter a crise, o CEO GrayScale, Michael Sonnenshein, informou à CNBC nesta terça-feira (19) que as taxas administrativas do fundo iriam cair nos próximos meses para tornar o ETF GBTC mais competitivo no mercado.

Até onde o preço do BTC vai chegar?

O bitcoin renovou a sua cotação máxima ao alcançar o patamar dos US$ 73 mil na última semana. Mas diante do cenário econômico, os analistas enxergam espaço para novos ganhos em 2024. Rebelo avalia que o BTC pode alcançar a cotação de US$ 100 mil até o fim do ano.

José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, tem uma visão mais conservadora. Segundo ele, o bitcoin deve experimentar faixas de preços acima de US$ 80 mil até dezembro deste ano.“A demanda tem de crescer muito e, após halving com uma redução ali drástica de também de bitcoin disponíveis no mercado, os preços devem ser pressionados para cima”, diz Ribeiro. Já Rebelo, da Empiricus, estima que o BTC possa alcançar a cotação de US$ 100 mil até o fim do ano.

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