Bitcoin tem o seu pior 1º trimestre desde 2018. Novos recordes estão ameaçados?

Os investidores de criptomodas iniciaram 2025 com as expectativas elevadas em torno do bitcoin com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Contudo, a euforia vista após o resultado das eleições americanos não se manteve por muito tempo. Um levantamento da Underblock, research especializada em cripto, com base nos dados da CoinGlass, mostra que o BTC teve o seu pior primeiro trimestre dos últimos sete anos ao registrar uma queda de 11,82% no acumulado do período. O desempenho só perde para o meses de janeiro a março de 2018, quando a criptomoeda caiu 49,7%.

A depreciação reflete o estresse dos mercado em torno das tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos nas últimas semanas. “Trump está em uma postura um pouco mais agressiva nesse mandato (em comparação ao seu primeiro). Isso causa receio dos mercados de risco como todo”, diz Vinicius Bazan, CEO da Underblock e responsável pelo levantamento. Essas medidas protecionistas alimentaram uma guerra comercial entre os países atingidos pelas taxas e eleveram as chances de uma possível recessão econômica nos EUA.

Veja o desempenho do bitcoin no 1º trimestre dos últimos cinco anos

Isso porque as taxas sobre os itens de importações têm potencial de pressionar a inflação americana e atrasar o ciclo de queda de juros no país. Nesta terça-feira (1), as incertezas permanecem em nível elevado com os investidores à espera das tarifas recíprocas que devem ser anunciadas por Trump na quarta-feira (2). O novo pacote promete atingir todos os países que cobram taxas de importação sobre os produtos americanos.

Por essas questões de ordem macroeconômica, o bitcoin tem operado com baixa volatilidade devido à cautela dos investidores em se expor ao risco. Como mostramos aqui, desde o dia 14 de março, o BTC é negociado entre os intervalos de preço de US$ 83 mil a 88 mil. “O mercado deve optar por aguardar o quão real será o tarifaço proposto pelo presidente na próxima quarta-feira. Mais cedo, Trump confirmou, mas já vimos ele voltando atrás de suas decisões, além de “suavizar” as sanções”, diz Beto Fernandes, analista da Foxbit.

Tarifas de Trump podem barrar novos recordes do BTC?

O estresse dos mercados em torno das tarifas de Trump, responsável por aumentar a tensão comercial entre os países, não deve impedir novos recordes do bitcoin. Os especialistas acreditam que o BTC pode chegar até US$ 200 mil ao longo de 2025. A expectativa se baseia na postura pró-cripto do novo governo que prometeu criar um ambiente favorável para as criptomoedas.

Uma das promessas de campanha que já foi cumprida pelo republicano. No início de março, Trump assinou um decreto que determinava a criação de uma reserva estratégica de bitcoin. O estoque será formado apenas por BTCs que foram detidos pelo governo americano em processos legais. Na época, os especialistas avaliaram a política como um reconhecimento da maior economia do mundo de que o BTC é um investimento importante..

A nova presidência da Securities and Exchange Commission (SEC) – órgão dos Estados Unidos equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira – sob os comandos de Paul Atkins, empresário com uma postura pró-cripto, também trouxe otimismo para o mercado. A nova gestão deve simplificar a regulação em torno da indústria de cripto e viabilizar um ambiente mais favorável para os ativos digitais.

“O lado regulatório está extremamente positivo porque muitos dos processos que tinham sido iniciados pela SEC contra a Coinbase e Binance, por exemplo, foram retirados”, diz Bazan. Em março, o CEO da Ripple, Brad Garlinghouse, comunicou ao mercado que a SEC desistiu do processo judicial contra a plataforma de pagamento. A declaração trouxe euforia para a criptomoeda XRP que subiu mais de 10% com o anúncio. Dado a esses recentes eventos, Bazan acredita que as projeções iniciais ainda se mostram factíveis. “Estamos falando de uma valorização em torno de 100%, o que acontece de forma corriqueira em ativos, como o bitcoin“, diz o especialista.