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Criptomoedas

“O caso da Argentina prova a tese do Bitcoin”, diz CEO da Foxbit

Para Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, a eleição de Javier Milei pode levar a uma balança comercial em cripto entre Brasil e Argentina

“O caso da Argentina prova a tese do Bitcoin”, diz CEO da Foxbit
Foto: Freepik
  • A eleição de Javier Milei na Argentina pode ter um impacto positivo para o cenário das criptomoedas na América do Sul
  • Para criptomoedas, antes, havia correlação grande com o mercado de ações global, mas neste ano vimos um descolamento dos ativos
  • O Drex (moeda digital brasileira) ajuda o mercado de criptomoedas

A eleição de Javier Milei na Argentina pode ter um impacto positivo para o cenário das criptomoedas na América do Sul, na avaliação de Ricardo Dantas, CEO da Foxbit. Para ele, a adoção do Bitcoin (criptomoeda descentralizada e de código aberto), como reserva de valor por parte da população argentina está relacionada com os princípios do ativo, são ser anti-inflacionário e uma forma de proteção ao mercado interno. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no país chega a 142,7% . “O caso da Argentina prova a tese do Bitcoin”, diz Dantas.

A maturidade dos projetos e dos investidores em criptomoedas é outro fator que leva o Bitcoin e similares a um novo patamar. Grandes fundos, como BlackRock e Fidelity, aguardam a aprovação de ETFs (títulos de índices) ligados ao Bitcoin. Com isso, o mercado de criptomoedas ganhará um volume de capital mais parecido com o de outros ativos, como o ouro, avalia Dantas.

Leia os principais trechos da entrevista a seguir.

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E-Investidor – Diante do cenário macroeconômico global, influenciado por juros acima da média nos Estados Unidos, como o sr. vê o momento atual das criptomoedas?

Ricardo Dantas – O momento é positivo. Talvez tenhamos um “soft landing” (pouso suave no ciclo de negócios) em vez de uma recessão global. Não temos mais aquela crise que sempre foi esperada no horizonte. Isso é bom para o mercado todo. Para criptomoedas, antes, havia correlação grande com o mercado de ações global, mas neste ano vimos um descolamento dos ativos.

Apesar de todos os problemas com a FTX (empresa falida que anteriormente operava uma bolsa de criptomoedas), o mercado de criptomoedas nos Estados Unidos está ficando mais claro. Estamos na iminência das aprovações de ETFs de Bitcoin no mercado americano, que deve acontecer no começo de 2024. Isso vai mudar o patamar do investimento em criptomoedas. Elas deixarão de ser ativos visionários para se tornarem commodities (produtos básicos globais não industrializados), como o ouro.

De qual forma a eleição de Javier Milei como presidente da Argentina vai impactar o mercado de criptomoedas?

O caso da Argentina prova a tese do Bitcoin. A tese foi feita em 2008, com Satoshi Nakamoto dizendo que ele é uma reserva de valor, uma proteção ao mercado e um ativo anti-inflacionário. Quem acreditou nisso lá atrás provou a tese. Ao mesmo tempo, essa mudança do governo na Argentina pode levar a abertura de portas para o Bitcoin no país. O Milei usa uma tese muito libertária, que é a raiz do Bitcoin.

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Isso influencia a América Latina como um todo. Segundo um estudo da Chainalysis, a Argentina é o 15° país que mais negocia criptomoedas, o Brasil está entre os dez primeiros. Com a regulação das criptomoedas no Brasil, haverá uma balança comercial grande entre Brasil e Argentina, por exemplo, para o pagamento de outras commodities.

Como o avanço nas discussões sobre o Drex impacta o mercado de criptomoedas?

O Drex (moeda digital brasileira) ajuda o mercado de criptomoedas. Em primeiro lugar, ele comprova toda a tecnologia que existe por trás delas. As criptomoedas vêm para resolver algum problema. O Drex é pareado ao real. Há projetos pareados ao dólar, assim como projetos que tentam resolver problemas ligados a ESG. O Drex vai facilitar muita coisa. No crédito com colateral de imóveis ou carros, por exemplo, toda a estrutura necessária, com documentos e autenticações de cartórios, poderia ser inserida em um código.

Como está o grau de maturidade do investidor em criptomoedas depois dos ciclos de altas e baixas vividos nos últimos anos?

O consumidor tem ficado cada vez mais maduro. As pessoas entendem que é um ativo de médio a longo prazo. Diminuiu a vontade de operar trade de criptomoeda, uma prática que, em si, não tem nada a ver com criptomoedas. As pessoas estão mais maduras, estão acompanhando as notícias e fazendo perguntas mais profundas sobre o assunto. O próximo bull market tende a ser um dos mais representativos da história.

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Como os ETFs de criptomoedas vão influenciar o mercado de criptomoeda? Grandes fundos, como BlackRock, Fidelity e Grayscale, já aplicaram para criação de ETFs de Bitcoin. Há pressão sobre a SEC para a aprovação, que vem sendo adiada, apesar de haver data limite.

A expectativa do mercado é que a aprovação saia em janeiro. Isso abrirá o mercado para US$ 9 bilhões de ativos sob gestão da BlackRock e US$ 4,5 bilhões da Fidelity, para citar alguns exemplos. Todos os grandes fundos vão poder oferecer Bitcoin, é como o que aconteceu com o ouro no começo dos anos 2000. Isso vai mudar os jogadores do mercado. Não teremos mais só dinheiro vindo do varejo, mas também dos investidores institucionais.

O processo de halving do Bitcoin, que vai reduzir a emissão de novas unidades do ativo, será em abril de 2024. Podemos esperar uma alta de preços do ativo no ano que vem?

Historicamente, o bull market vem de 180 dias a 300 dias após o halving. Então, o mercado deve ter uma alta entre o fim de 2024 e o começo de 2025.

Quais são os fatores que influenciam no preço de uma criptomoeda atualmente?

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Em primeiro lugar, é a demanda. A liquidez também é muito importante. É preciso comprar e vender a criptomoeda com facilidade. O terceiro ponto é o objetivo. Qual problema ela resolve? O Bitcoin é o ouro digital. E Ethereum é um sistema operacional ligado aos contratos inteligentes.

Quem entender esses pontos terá muito mais clareza em relação aos investimentos em criptomoedas. Fora isso, como em qualquer mercado, ainda existe muita concentração nas mãos de grandes e pequenos. Os grandes fundos americanos, de certa forma, controlam o preço do ativo se comprarem ou venderem em grande volume. O melhor é comprar criptomoedas aos pontos, de forma recorrente, em vez de acertar o momento perfeito para investir.

O mercado já superou o boom de criptomoedas de pequeno valor?

Gosto de comparar isso com os sites nos anos 2000. Nem todos funcionaram, mas não era um mercado só para meia dúzia. As criptomoedas vão resolver problemas diferentes. Algumas vão progredir e outras não. Mas a maturidade dos projetos melhorou. No passado, uma criptomoeda nascia a partir de uma apresentação de PowerPoint. Agora, as pessoas avaliam a comunidade, os desenvolvedores e o projeto.

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