O que este conteúdo fez por você?
- A repercussão do risco de solvência da corretora “pesou” no desempenho das principais criptomoedas ao implantar uma crise “sistêmica”
- Em virtude do receio dos investidores, o bitcoin e o ethereum passaram a testar novos suportes ao longo desta quarta-feira (9)
- A Binance anunciou que pretende comprar a FTX para mitigar os danos da crise financeira da corretora para o mercado
O risco de solvência da corretora FTX surpreendeu os investidores em criptomoedas nesta semana e despertou o medo de que os problemas financeiros da empresa pudessem contaminar todo o mercado. Mas o que antes era um sentimento, tornou-se realidade ao longo da noite desta terça-feira (8) e as principais criptomoedas registraram intensas quedas. Para analistas, a situação reforça o debate sobre a necessidade de órgãos reguladores para fiscalizar o mercado.
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Segundo dados do Mercado Bitcoin, o BTC sofreu uma queda de quase 10% nesta terça-feira, enquanto o ethereum despencou 15%. A derrocada se intensificou ao longo da manhã desta quarta-feira (9). Por volta das 9h, o bitcoin caía 8,9% e passou a testar um novo suporte ao ser negociado a US$ 17,7 mil. O ethereum seguiu o mesmo caminho. A queda foi de 17,68%, cotado a US$ 1,2 mil. Veja os detalhes nesta reportagem.
“Não há uma certa clareza do que pode acontecer no curto prazo. Acho que o pior cenário é o BTC chegar aos US$ 14 mil. Mas entendo que esse patamar pode representar uma oportunidade de compra no longo prazo”, afirma Tasso Lago, gestor de fundos privados criptomoedas e fundador da Financial Move.
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Diante da repercussão do mercado sobre a crise financeira da FTX, Changpeng Zao, CEO da Binance, anunciou no Twitter na tarde de ontem ter assinado uma carta de intenção para adquirir integralmente a corretora rival. O objetivo da transação é mitigar os danos da crise para a economia de criptoativos. Veja os detalhes nesta reportagem.
A sinalização da Binance em adquirir a FTX pode ser positiva no curto prazo. Por outro lado, Bernardo Srur, diretor da ABCripto, aponta que o grande problema não será resolvido com a transação. Segundo ele, a atual crise da FTX reforça a necessidade de regulação para o mercado de criptoativos.
“Como uma empresa tão grande como a FTX se torna insolvente em tão pouco tempo? Isso mostra a necessidade mais uma vez de existir regras claras e uma regulação para que tenhamos uma governança e solidez das empresas”, afirma Srur.
Os projetos e propostas de regulação para as criptomoedas ainda “engatinham” nos principais mercados do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Joe Biden assinou no início de março um decreto que serviria de orientação para as agências federais regularem o setor no país.
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Já no Brasil, um projeto de lei tramita no Congresso com o objetivo de trazer regras para a venda de criptoativos e para o funcionamento das corretoras, além de estabelecer penas para crimes relacionados a essa classe de ativos. A votação do texto na Câmara dos Deputados estava prevista para acontecer em julho, mas foi adiada e segue sem previsão de nova data.
Entenda o caso
A crise de liquidez iniciou após o balanço patrimonial, divulgado na semana passada, mostrar a realidade financeira da FTX e da Alameda Research, empresa-irmã da corretora. Os números mostravam que as duas companhias de Sam Bankman Fried (dono e ambas) sofriam um risco de não honrarem com seus compromissos financeiros em virtude da baixa liquidez de seus ativos.
“A Alameda estava com problemas financeiros e fez acordos com a FTX. A FTX envolveu fundos de usuários (para realizar esses acordos) e agora estamos com problemas de liquidez para pagar os clientes”, afirma João Galhardo, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores.
Diante da situação, a FTX suspendeu os saques de usuários da plataforma e o temor entre os investidores ocasionou uma venda em massa do token de governança da FTX, o FTT. Segundo dados do Coinmarketcap, o ativo já sofreu uma desvalorização de 78,6% e ameaça chegar a zero já que o token segue negociado a US$ 3,87. As chances aumentam caso a Binance efetive a compra da corretora rival.
“O FTT é um token de governança utilizado para o pagamento de taxas, por exemplo. A partir do momento que a FTX é comprada pela Binance, o token passa a valer zero porque a Binance já possui o seu token de governança. Então, o FTT perde a utilidade”, diz Galhardo.
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Além disso, as duas empresas haviam tomado empréstimos tendo o FTT como uma moeda colateral. Na prática, essa situação aumenta ainda mais o prejuízo das duas companhias porque a moeda, na qual servia de garantia para o empréstimo, não tem mais poder de “compra”.
A corretora era uma das maiores do mundo e atraía a atenção de famosos. Em junho de 2021, Tom Brady e Gisele Bundchen haviam assumido participação acionária na companhia, segundo informou a Bloomberg na época.
Com a colaboração de Artur Nicoceli