Criptomoedas

Terra 2.0: o que esperar da nova Luna, criptomoeda que já caiu 70%

Saiba se é um bom negócio comprar o novo token Terra 2.0

Derretimento do ecossistema LUNA colocou todo o sistema de stablecoin sob a mira dos órgãos regulatórios. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • A Luna chegou a ser considerada um dos dez maiores projetos de criptomoeda do mundo, mas faliu devido ao algorítmico de paridade com a stablecoin UST
  • A Terra 2.0 foi criada para recompensar o prejuízo dos investidores e adota nova estratégia para garantir a viabilidade
  • Depois da falta de transparência com a morte da Luna, investidores têm dificuldade para confiar em novo projeto

O projeto Terra 2.0 foi lançado em 28 de maio, 15 dias após o colapso da antiga Luna, – ecossistema derreteu quase US$ 60 bilhões em valor de mercado –, que passou a se chamar Lunc. O objetivo da nova criptomoeda é recuperar os fundos perdidos por meio de um airdrop, termo utilizado para definir a distribuição gratuita de tokens. Cerca de 70% foram direcionados para os antigos investidores do ecossistema, enquanto os outros 30% foram reservados para novos detentores.

Parece que a estratégia não deu certo. Quando foi lançada no fim de maio, a Terra 2.0 despencou 70%, saindo de US$ 17 para US$ 5,50 em pouco mais de um dia. O ativo chegou a esboçar uma recuperação, superando US$ 7 no início de junho, mas a tendência de queda se manteve mais forte e a moeda digital está abaixo do patamar de US$ 3.

O que aconteceu com o antigo projeto Luna?

Antiga LUNA perdeu quase todo o valor após colapso e foi abandonada. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A antiga Luna foi considerada um dos dez maiores projetos de criptomoeda do mundo em valor de mercado. “Ela tinha a concepção de uma stablecoin pareada ao dólar, de modo a dar mais estabilidade às oscilações de mercado inerentes aos criptoativos”, explica a advogada Elaine Keller, especialista em Direito Digital.

Ela mantinha a stablecoin UST, que tinha paridade com o dólar, baseada em uma estrutura algorítmica. Quando o preço da stablecoin UST era superior ao do dólar, a Terra incentivava as pessoas a trocá-las por Lunas, dando um lucro ao investidor. Já quando o dólar estava mais valorizado em relação ao stablecoin UST, incentivavam o movimento contrário.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Tudo começou com um boato no mercado de que a UST tinha perdido a paridade com a moeda norte-americana. Apesar de ter sido considerada apenas uma reação emocional pelos investidores, o temor se confirmou com a emissão de novos tokens.

Diferente das stablecoins mais tradicionais, que têm lastro em moedas fiduciárias, guardando uma reserva em dólar no valor de sua capitalização, o ecossistema usava algoritmos para garantir a equiparação do ativo digital com seu equivalente. Quando a UST se desvalorizava, mais stablecoins eram emitidas, e a velha LUNA era “queimada” para equilibrar a oferta.

“O que foi concebido para gerar relativa estabilidade no mercado de criptoativos não se mostrou bem-sucedido na prática”, analisa Keller. O mecanismo automático levou a uma corrida pela venda da antiga Luna e da UST, praticamente zerando seu valor de mercado e fazendo que seus criadores simplesmente abandonassem o projeto.

Por que a Terra 2.0 foi criada?

Investidores decidiram iniciar um novo projeto para tentar recuperar os recursos perdidos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Com a falência do antigo ecossistema Luna, foi realizada uma votação entre os detentores de tokens para decidir o que fazer para tentar recuperar o dinheiro perdido. Mais de 65% decidiram pelo lançamento de um novo ativo digital, enquanto 21% resolveram se abster e pouco mais de 13% foram contra.

O fundador do projeto, Do Kwon, anunciou a Terra 2.0 por meio de um hard fork, uma espécie de ramificação da rede (blockchain) inicial em caminhos distintos. “A Terra-LUNA seguia um caminho que se mostrou tortuoso, então o fundador criou uma nova estrada com um protocolo atualizado e mais seguro”, simplifica Keller.

O novo projeto foi desvinculado do mecanismo de stablecoin da UST e pretende se tornar uma organização autônoma descentralizada (DAO), de propriedade da comunidade. Também foi estabelecido um limite de emissão de 1 bilhão de tokens. A taxa de inflação foi definida em 7% ao ano para remunerar os mineradores e garantir a segurança da rede.

A decisão teve o apoio de grandes exchanges de criptomoedas, que abriram as portas para a negociação do novo ativo.

Vale a pena investir na Terra 2.0?

“Desde os primórdios, o mercado financeiro trabalha sob uma premissa básica: confiança”, lembra Keller. O fundador do ecossistema, após o colapso do projeto inicial, não respondeu aos investidores de forma transparente as questões importantes sobre a liquidação dos criptoativos que mantinha na operação.

Em curto tempo, decidiu adotar o hard fork em meio às turbulências ocasionadas pelos impactos da crise gerada. “Nesse cenário, a forte insegurança do mercado impossibilitou o interesse genuíno e o sucesso da versão 2.0”, avalia a advogada.

Assim, a Terra 2.0 nasceu em decadência e não parece ter um futuro promissor, de acordo com os analistas financeiros. “Em síntese, por enquanto é apenas uma moeda que oscila em virtude das especulações de alguns investidores, mas que não trouxe um plano sólido para ser considerada um bom investimento”, completa a especialista.