- Nos últimos dias, governo de Joe Biden e o Congresso norte-americanos seguem em negociação para elevar o teto da dívida dos EUA
- Caso não haja um consenso até o dia 1º de junho, o governo norte-americano pode não ter recursos para arcar com as suas despesas financeiras
- O impacto desse possível evento poderá ser catastrófico para a economia global que já segue com cenário de alta de juros
Os mercados globais seguem atentos às negociações sobre o teto da dívida (nível máximo de endividamento) dos Estados Unidos. As conversas para aumentar o teto da dívida avançaram no fim de semana e o representante do Congresso americano Kevin McCarthy informou que falou duas vezes com o presidente Joe Biden no domingo (28) e diz que espera votar o projeto já na próxima quarta-feira (31).
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O risco é a maior potência econômica do mundo não cumprir com as suas obrigações financeiras e causar um default temporário dos títulos do tesouro americano. Nesta entrevista, a estrategista de ações da XP Jennie Li diz que não enxerga uma janela de oportunidade de investimento no mercado americano.
Embora os riscos sejam baixos, a possibilidade de um possível calote no pagamento das dívidas dos Estados Unidos fez com que os investidores considerassem o bitcoin (BTC) como um dos principais ativos de proteção para este possível cenário.
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Segundo a pesquisa Markets Live Pulse da Bloomberg, publicada no dia 14 de maio no site de notícias da Bloomberg, a criptomoeda ficou em terceiro lugar entre os ativos financeiros escolhidos por 637 investidores consultados.
A maior criptomoeda em valor de mercado perdeu apenas para o ouro, que ficou em primeiro lugar, e também para os treasuries (títulos de dívida do governo norte-americano), que ocuparam a segunda posição no ranking. O interessante da pesquisa é que mostra o BTC acima do dólar, considerada a moeda fiduciária mais importante do planeta.
“Com apenas 14 anos, o bitcoin já começa a ser visto como uma forma de dinheiro mais segura do que as moedas fiduciárias e pode se aproximar cada vez mais do tesouro dos EUA e do ouro nos próximos anos”, diz Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.
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A percepção de “segurança” se deve à tese de investimento do BTC que busca oferecer aos investidores um sistema financeiro descentralizado (ou seja, sem um banco central conduzindo a política monetária). Isso significa que, caso haja um calote na dívida dos Estados Unidos, a economia tradicional poderia entrar em colapso e o ativo digital ganharia relevância entre os investidores por estar descorrelacionado ao evento econômico.
“Quando há uma insegurança do sistema financeiro mundial, tendo os Estados Unidos como figura central, a tese das criptomoedas, como o BTC, ganha força”, diz Tasso Lago, especialista em Criptomoedas e fundador da Financial Move.
O movimento seria semelhante ao que ocorreu durante as falências de bancos regionais dos Estados Unidos em março. Diante do medo de uma nova crise no sistema financeiro, semelhante ao de 2008, os investidores viram no BTC uma alternativa de proteger o seu patrimônio por se tratar de um ativo descentralizado. Veja os detalhes nesta reportagem.
No entanto, o episódio não transformaria, segundo Rony Szuster, analista de Research do Mercado Bitcoin, o BTC em um investimento considerado defensivo. “Não mudaria o seu perfil de risco, mas poderia reforçar a narrativa de que a moeda digital pode ser uma reserva de valor”, avalia Szuster. “O BTC se tornaria um investimento ainda mais descorrelacionado ao cenário macroeconômico”, acrescenta.
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Ao contrário de 2022, quando o ativo foi considerado o pior investimento, o BTC acumula ao longo deste ano uma valorização de 54%, sendo cotado a US$ 26,4 mil.