“Na incerteza, modelo de negócios mostra diversificação de nossas exportação”, diz CFO da Klabin
Na estreia do Balanço em Foco, Marcos Ivo comentou o impacto do tarifaço de Trump no balanço da produtora de papel e celulose, sobre dividendos e gestão de custos; confira
Marcos Ivo, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Klabin (Crédito: Klabin)
O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá impacto limitado sobre o balanço da Klabin (KLBN11), segundo Marcos Ivo, CFO e Diretor de Relações com Investidores da companhia. Do total das exportações da produtora de papel e celulose, apenas 2% vão para a economia estadunidense — e a celulose entrou na lista de quase 700 exceções da cobrança de tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros que chegam naquele país, já em vigor.
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Mesmo assim, em entrevista à websérie Balanço em Foco, o executivo reconheceu que o risco global aumentou com a guerra comercial de Trump e outros conflitos geopolíticos — o que, segundo ele, não reduz a expectativa de manutenção de bons resultados da Klabin nos próximos balanços.
O programa foi ao ar neste domingo (10) no canal do E-Investidor no YouTube — veja aqui a programação completa e se inscreva para ser avisado sobre as novas entrevistas em primeira mão.
“De maneira estrutural, as exportações representam aproximadamente 50% do volume de vendas da Klabin. Metade do volume. Na receita líquida, representa aproximadamente 40%. Como o que eu vendo no Brasil tem mais valor agregado, na receita líquida o mercado interno é um pouco mais importante que a representatividade no volume de vendas. Portanto, a Klabin sempre será um importante exportador”, afirmou o executivo.
“Neste momento de bastante incerteza, temos que olhar ao nosso modelo de negócios e à diversificação das exportações da Klabin. Os Estados Unidos não são um destino relevante das nossas exportações. Se vocês olharem os nossos números, no ano de 2024, nossas exportações para o mercado norte-americano representaram apenas 2% da receita.
Não temos concentração em nenhum país específico, mas Itália, Espanha, Argentina, México e China são bem mais relevantes que os EUA
Ivo destacou a competitividade do custo caixa da Klabin, que é muito baixo, além da facilidade que a empresa tem em repassar preços, o que lhe permite manter um constante crescimento de rentabilidade. O executivo lembrou dos pesados investimentos que a companhia fez nos últimos anos para aumentar sua capacidade produtiva e disse que o mercado tem demanda para absorver o ramp up desses novos projetos. Conforme previsto em guidance, neste ano os investimentos da companhia já estão menores que no ano passado, o que também beneficia o balanço.
Celulose e dividendos
O CFO da Klabin comentou sobre o bom momento do segmento de embalagens e se mostrou otimista também com a celulose fluff, usada na fabricação de fraldas infantis, geriátricas e em absorventes femininos, por exemplo. A Klabin é a única produtora desse tipo celulose no País. “Este mercado tem uma dinâmica de oferta e demanda muito diferente da celulose de fibra curta, porque nos últimos não tivemos entradas de novas capacidades [no mercado brasileiro], enquanto tivemos importantes fechamentos de capacidades no Hemisfério Norte, de fábricas muito velhas e com custo caixa altíssimo, assim o balanço entre oferta e demanda ficou apertado, e tivemos aumentos de preços de forma consistente”, disse.
O preço por tonelada da celulose fluff de fibra longa no segundo trimestre deste ano foi de US$ 1.010, enquanto o preço por tonelada de celulose de fibra curta ficou em US$ 585. “Quando o investidor for modelar a Klabin, não pode esquecer da nossa capacidade de aproximadamente 400.000 toneladas de celulose fluff, porque esse mercado tem condições muito diferentes da celulose de fibra curta”, explicou. “Somos otimistas com esse mercado de fluff.”
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O executivo falou também sobre dividendos, ressaltando que a companhia deve continuar fazendo distribuição de seus lucros aos acionistas, uma vez que está inserida em um mercado bastante resiliente, na cadeia produtiva de itens de higiene, bebidas e alimentos. “Temos rentabilidade mesmo em momentos de contração econômica”, disse. A Klabin anunciou junto com seu balanço um pagamento de R$ 306 milhões em dividendos.
Lucro dispara 86% ano a ano
O lucro líquido da Klabin foi de R$ 585 milhões no segundo trimestre de 2025, uma alta de 86% em relação ao mesmo período de 2024 e de 31% frente ao trimestre imediatamente anterior.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação) ajustado somou R$ 2,041 bilhões no segundo trimestre, queda de 1% frente ao mesmo período do ano anterior e alta trimestral de 10%.
Enquanto isso, a receita líquida da Klabin totalizou R$ 5,247 bilhões entre abril e junho deste ano, o que representa uma alta de 6% sobre o segundo trimestre de 2024 e de 8% ante o trimestre anterior.