Fernando Gabriades é sócio e diretor comercial da MAG Investimentos, gestora com R$ 17 bilhões sob gestão (Foto: MAG Investimentos)
O ano de 2025 trouxe dias de glória para a bolsa de valores do Brasil. De janeiro até hoje, o Ibovespa, principal índice da B3, renovou 31 vezes a sua máxima histórica, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. O recorde mais recente ocorreu no dia 4 de dezembro, quando o índice avançou 1,64% e fechou a 164.455,61 pontos.
Ainda assim, para 2026, o foco da MAG Investimentos está voltado para a expansão da sua carteira de crédito privado. A escolha tem um porquê: apesar do bom desempenho da bolsa, o investidor brasileiro segue preferindo ativos de renda fixa em função do atual nível da Selic.
Com R$ 17 bilhões, a gestora pretende ampliar em 50% o seu portfólio em crédito privado até junho do próximo ano. Parte dessa meta, lançada no último mês de julho, já foi alcançada. Segundo Fernando Gabriades, sócio e diretor comercial da MAG Investimentos, o volume sob gestão nesta vertical subiu 35% nos últimos seis meses.
“Estamos ‘surfando’ bem essa onda do crédito privado e acredito que, no ano que vem, há bastante espaço para o crescimento dessa classe”, diz Gabriades.
A aceleração foi impulsionada por três fundos da casa: MAG Cash 10, MAG DI Premium Crédito Privado e o MAG High Grade Plus. Juntos, os produtos registraram um aumento de R$ 787,1 milhões no seu patrimônio líquido em 2025. O trio ainda compartilha outra característica em comum: ativos de baixo risco e focados em crédito bancário, como Letras Financeiras (LFs), que se beneficiam dos juros na casa dos dois dígitos. Com essa estratégia, os fundos entregaram ao longo do ano um retorno médio mensal de 1% ao mês sem apresentar fortes variações de preço: dois elementos preferidos pelos investidores com aversão a risco.
“Acredito que essa demanda terá força também em 2026”, diz Gabriades.
Dados do Boletim Focus, que reúne as projeções das principais instituições do País, estimam uma queda de 2,75 pontos percentuais da taxa Selic em 2026. No entanto, o patamar esperado de 12,25% ainda mantém a atratividade da renda fixa por viabilizar retornos de 1% ao mês sem exigir dos investidores exposição a riscos elevados.
E-Investidor – Em julho, a MAG tinha uma projeção de expandir para R$ 20 bilhões o seu portfólio em 2025, com aquisições e ofertas de novos produtos. A gestora vai alcançar essa meta?
Fernando Gabriades – Travar o volume sob gestão que teremos até o fim do ano é difícil, mas estamos trabalhando e crescendo. Hoje, temos um volume em torno de R$ 17 bilhões sob gestão. Para 2026, queremos trabalhar no crescimento dos nossos produtos e que, ao longo do ano, tiveram uma boa performance. Na parte de crédito privado, temos uma meta de crescer 50% a nossa carteira em 12 meses. Essa projeção foi estabelecida no início do segundo semestre. Até o momento, conseguimos crescer em torno de 35%. Vejo que estamos ‘surfando’ bem essa onda do crédito privado e acredito que, no ano que vem, há bastante espaço para o crescimento dessa vertical.
Como tem sido o crescimento da carteira de crédito privado em meio aos recentes episódios de estresse, como Ambipar, Braskem e Banco Master?
Não tivemos nenhuma exposição a ativos ligados à Ambipar, Braskem e Banco Master. O que vemos é que, com a Selic ainda em 15%, a demanda por crédito privado continua.
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O mercado estima que o ciclo de corte de juros no Brasil tenha início já em janeiro. Faz sentido apostar no crédito privado mesmo com essa projeção de cortes da Selic?
Acredito que no ano que vem essa demanda terá força também. Esses fundos que mencionem possuem estratégias voltadas para letras financeiras que se beneficiem com a taxa de juros em níveis elevados. Mesmo com a queda projetada para o primeiro trimestre, a Selic vai continuar atrativa.
O Ibovespa rompeu recentemente o patamar dos 164 mil e já acumula uma valorização de 33% em 2025. Está nos planos da gestora priorizar também a carteira de renda variável?
A bolsa de valores vem subindo, mas muito por causa do fluxo estrangeiro. Ainda assim, em 2026, iremos conseguir colher bons frutos nos fundos deste segmento. É claro que vamos crescer em renda variável, mas não na mesma velocidade. Investimos bastante no time de renda variável para estarmos bem posicionados e estruturados a esses momentos do mercado. Por enquanto, com essa taxa de juros nesse patamar, é difícil ver um investidor em busca de alocações em renda variável. Também temos visto maior interesse tanto no varejo quanto institucional pelos nossos produtos de renda fixa offshore e acredito também que, no primeiro semestre de 2026, essa demanda vai continuar crescendo.
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Os juros elevados no Brasil e no restante do mundo são as razões para essa demanda crescente?
Sim, mas vejo também um interesse por diversificação. Os investidores estão tirando um pouco da renda fixa no Brasil para alocar no exterior porque desejam ficar posicionados em estratégias vencedores.