Alessandra Gontijo, sócia e diretora comercial da Investo, ao lado de Cauê Mançanares, CEO da gestora (Foto: Divulgação/Investo/ Arte de Victoria Fuoco)
A Investo caminha para encerrar 2025 com R$ 5,5 bilhões em ativos sob gestão, mais do que o triplo do ano anterior, quando a marca girava em torno de R$ 1,7 bilhão. A expansão veio num contexto em que os ETFs (fundos de índice), carros-chefe da casa, viraram febre no mercado.
Até o início de dezembro, a B3 recebeu 53 lançamentos de ativos da modalidade. Isso na prática significa dizer que, em quase todas as semanas do ano, houve ao menos uma nova listagem de ETF na Bolsa brasileira.
De acordo com dados da B3, o patrimônio consolidado dessa indústria no Brasil já ultrapassa R$ 75 bilhões. O avanço também é perceptível na base de investidores: o número de pessoas físicas com aplicações nesses fundos saltou de 42 mil para 666 mil nos últimos sete anos.
Atualmente, cerca de 10% dos investidores brasileiros possuem ao menos um ETF na carteira, percentual ainda distante do observado em mercados mais maduros, como o dos Estados Unidos, onde esse patamar chega a 50%.
Somente a Investo foi responsável pelo lançamento de 11 ETFs em 2025. Com isso, seu portfólio passou a reunir 28 fundos dessa categoria, além de dois fundos de ações e um fundo de previdência.
A base de cotistas também avançou: a gestora superou a marca de 180 mil investidores, 74 mil a mais que no fim de 2024, com predominância de pessoas físicas. Já o volume médio diário negociado dos fundos da casa atingiu R$ 70 milhões em 2025, quase cinco vezes o registrado no ano anterior.
As estratégias da Investo para triplicar de tamanho
Com atuação independente, sem contar com os mesmos canais de distribuição de gestoras ligadas a grandes bancos, a Investo investiu em programas de educação financeira, treinamentos e roadshows (eventos itinerantes) pelo País para crescer.
Segundo Alessandra Gontijo, sócia e diretora comercial da gestora, a atuação especializada em ETFs representa um diferencial. “Acordamos e vamos dormir pensando em ETF. Não temos outras áreas em que precisamos ter sinergia para ofertar um produto”, afirma.
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O desconhecimento sobre esse tipo de fundo ainda figura entre os principais desafios enfrentados pela Investo, o que reforça a aposta da gestora em educação financeira. Temas como liquidez e tributação geram dúvidas entre clientes, enquanto muitos investidores associam esses produtos exclusivamente à renda variável, sem saber que existem opções atreladas à renda fixa.
“Hoje o ETF ainda é pouco conhecido pelo investidor pessoa física em geral. A educação financeira dos brasileiros representa uma agenda que nunca vai deixar de ser prioridade”, destaca Cauê Mançanares, CEO da Investo.
Expectativas para os próximos anos
Com uma potencial queda da Selic a partir de 2026, a gestora acredita que o crescimento do mercado de ETFs deve ganhar força. A mediana do último Boletim Focus aponta para uma taxa básica de juros de 12,13% no final do próximo ano.
A Investo avalia novas estratégias de renda fixa, previdência e parcerias estratégicas para 2026. A gestora projeta alcançar R$ 25 bilhões em ativos sob gestão até 2027.
No que se refere a parcerias, a busca é por empresas que complementem o portfólio da casa, tanto em termos de produtos quanto de canais de distribuição. A escolha também envolve um processo de avaliação, que inclui a análise do risco reputacional das potenciais parceiras.
Os produtos que estão no radar da gestora
Entre os fundos da Investo, um dos destaques de 2025 foi o LFTB11, que acompanha a performance de títulos públicos pós-fixados ligados à Selic e ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No acumulado do ano, o ETF sobe 13,91%, enquanto o CDI valoriza 13,68%.
O fundo já soma R$ 1,7 bilhão em ativos sob gestão e se destaca pelas vantagens tributárias. A incidência de Imposto de Renda (IR) corresponde à alíquota única de 15% sobre o ganho de capital, enquanto outros investimentos em renda fixa estão sujeitos à tabela regressiva, que varia de 22,5% a 15%. Além disso, o LFTB11 não sofre cobrança de come-cotas nem de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
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Para desenvolver novos produtos, Mançanares tem olhado para estratégias globais que ainda faltam no portfólio da Investo. “No Brasil, fizemos vários lançamentos em renda variável, mas na renda fixa há muito a se explorar”, diz.
O executivo aponta que há um nível elevado de desconhecimento entre os brasileiros sobre a possibilidade de investir em renda fixa por meio de fundos de índice. Muitos investidores não sabem, por exemplo, que esses produtos estão sujeitos a uma alíquota única de IR ou que o tributo é retido na fonte.
Nesse segmento, a Investo buscou se diferenciar com uma estrutura de custos mais competitiva. A taxa de administração e gestão é de 0,19%, inferior à taxa de custódia de 0,2% cobrada pela B3 para aplicações em títulos públicos via Tesouro Direto.
Mançanares afirma ainda que a gestora acompanha de perto um tema que vem ganhando espaço nas discussões da indústria: os ETFs de gestão ativa, hoje não permitidos no Brasil. Na prática, esses veículos possibilitam que gestores façam a seleção discricionária de ativos, como ocorre nos fundos de investimento tradicionais.
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O assunto integra a agenda regulatória da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para 2026. Embora a Investo não atue hoje com gestão ativa, a VanEck – sua controladora global – possui experiência nesse tipo de estratégia. “Certamente vamos explorar essa área quando for permitida”, afirma Mançanares.