Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, gestora especialista em crédito privado com R$ 17 bi sob gestão. (Foto: Divulgação/Sparta)
A Sparta acaba de reabrir a captação dos fundos de debêntures incentivadas que estavam fechados há mais de um ano. A gestora é especialista em crédito privado e viu os ativos sob gestão saltarem a R$ 17 bilhões com o boom da estratégia em 2024 – desde então, na metade do primeiro semestre do ano passado, barrou a entrada de novos cotistas para evitar a pressão de alocar a qualquer preço em um cenário de spreads mais comprimidos.
Isso não mudou, mas, há poucas semanas, a discussão que pode acabar com a renda fixa isenta fez a asset enxergar uma nova janela positiva de captação. É a possibilidade de que a Medida Provisória (MP) 1303/25, que prevê, entre outros pontos, a cobrança de uma alíquota de 5% de imposto de renda sobre produtos hoje isentos como debêntures incentivadas, LCIs e LCAs a partir de 2026, crie um novo boom no mercado de crédito privado com investidores que queiram garantir a isenção nos meses finais de 2025.
A regra garante a isenção para estoque e emissões realizadas antes de 31 de dezembro. Ou seja, quem investir nesses ativos ou em fundos que compram esses títulos antes do fim do ano mantém a isenção para o longo prazo.
A MP ainda precisa ser aprovada no Congresso e há uma discussão acalorada sobre se o texto passará ou não da forma como foi proposto. De todo modo, a possibilidade de tributação dos produtos de renda fixa que hoje são isentos já fez efeito no mercado; o suficiente para fazer a Sparta repensar a estratégia.
“Se a MP passa, da forma como está configurada, quem entrar até 31 de dezembro vai ter uma isenção garantida por um tempo bem maior mesmo que o fundo venha a comprar ativos emitidos depois. Se torna um veículo muito eficiente, com uma assimetria muito favorável para os investidores, o que justifica a reabertura”, diz Ulisses Nehmi, CEO da gestora. “E não é um desafio do ponto de vista de ativos; não é uma coisa que vai fazer abrir os spreads, mas também não vai faltar títulos para alocar, o que seria uma preocupação.”
Do contrário, ainda que os spreads permaneçam comprimidos, o carrego nominal ainda é muito positivo para o investidor. Uma leitura de cenário que já tinha feito a Sparta se movimentar há poucos meses, sobretudo nas estratégias IPCA+. Em maio, a casa reabriu o Sparta Debêntures Incentivadas Inflação; depois, foi à Bolsa lançar seu terceiro FI-Infra, como contamos aqui.
Mas a gestora não está interessada em qualquer investidor. Como no ano passado, quando não queria se ver pressionada pelo excesso de liquidez do mercado, a asset gostaria de evitar um fluxo focado no curto prazo – alguém que poderia investir nos ativos agora e sair nos próximos meses, se a MP não for aprovada, por exemplo.
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“Para quem tem um horizonte mais de curto prazo, não acho que os fundos de debêntures incentivadas sejam mais atrativos do que outras alternativas isentas, como uma LCA ou uma LCI”, diz Nehmi. “É para o investidor de longo prazo que a equação mudou bastante.”
A reabertura dos fundos não está condicionada a volume de captação e a priori deve ser mantida até 31 de dezembro. Depois, com a cobrança de IR, se a MP passar, a Sparta pretende fechar a captação dos ativos novamente.
Se a medida não for aprovada, a gestora vai analisar como o fluxo de investidores se comporta. “Se julgarmos que estamos em um ritmo de captação inadequado ou se nos vermos em qualquer dilema de ter que alocar em condições piores do que deveríamos, não vamos hesitar em fechar. Como fizemos no passado”, destaca o CEO.