Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset. (Foto: Hélvio Romero/Estadão)
Para a Verde Asset, do gestor Luis Stuhlberger, os investidores – sobretudo os estrangeiros – têm subestimado os riscos que podem ser gerados por uma eventual reeleição do atual governo em 2026. Nesse cenário, a gestora busca alinhar exposição ao potencial de alta dos ativos no próximo ano com uma proteção para os cenários mais negativos que parecem “mal precificados”, em sua visão. As informações estão presentes na última carta mensal, divulgada nesta terça-feira (9).
“Nos parece que muitos participantes do mercado reconhecem o potencial upside (valorização) de uma mudança política, mas em geral o consenso, especialmente do investidor estrangeiro, minimiza o downside (risco de desvalorização) de uma manutenção do atual governo no poder”, afirma.
A gestora relembra que o Ibovespa teve um novembro positivo, com ganhos de 6,37%, seu melhor desempenho mensal desde agosto de 2024. No entanto, o cenário se modificou nos primeiros dias de dezembro, com o índice fechando em queda de 4,31% na última sexta-feira (5), a maior perda diária desde fevereiro de 2021, após o senador Flávio Bolsonaro (PL) anunciar sua pré-candidatura à Presidência em 2026.
A casa vê um tabuleiro político ainda incerto e mantém a visão de grande incerteza probabilística em relação ao próximo ciclo eleitoral, além de prêmios de risco para os ativos mais apertados que no começo deste ano.
Em novembro, o fundo Verde teve ganhos em ações brasileiras, ouro, crédito e nas posições de juro real local. As perdas vieram de criptomoedas, Bolsa global e juro real americano. O fundo subiu 1,06% no mês, ganhando do desempenho do CDI, de 1,05% no período. No acumulado de 2025, o Verde também sai na frente: avança 14,78%, enquanto o CDI valoriza 12,94%.
Na carta, a Verde relata ter ampliado a exposição à Bolsa brasileira por meio de estruturas de opções longas, enquanto manteve estável o portfólio global. Na renda fixa local, preservou a posição comprada em juro real. Nos Estados Unidos, seguiu aplicada em juro real e comprada na inflação implícita. A gestora também manteve a posição comprada em uma cesta de moedas contra o dólar – além de renminbi chinês, ouro e real – e conservou a alocação em crédito. Em contrapartida, reduziu a exposição a criptomoedas.
Verde alerta para risco de Fed “subserviente” a pressões políticas
A política monetária do Federal Reserve (Fed) tem sido um dos focos principais do mercado, com divergências dos dirigentes entre realizar novos cortes ou não nos juros. Os dados mais recentes da plataforma FedWatch, do CME Group, apontam 88,6% de chances de uma redução nas taxas americanas de 25 pontos-base na reunião desta quarta-feira (10).
Para a Verde, um risco não precificado pelo mercado é o de que a próxima liderança do banco central americano seja mais “subserviente” aos interesses políticos, com taxas de juro reais e nominais abaixo do que o conjunto de fundamentos macroeconômicos indicariam.
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Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou que possui apenas “um nome em mente” para indicar ao cargo de presidente do Fed em substituição a Jerome Powell, cujo mandato se encerra em maio de 2026. O republicano disse que possivelmente anunciará o indicado no começo de 2026, alterando seu discurso anterior de que o faria até o Natal.
A Verde Asset também enxerga outros riscos para os mercados globais em 2026. “Vemos uma série de estímulos fiscais se materializando na primeira parte do próximo ano, empurrando a economia americana para um ritmo de crescimento mais forte que o deste ano”, afirma a gestora, reiterando a sua posição vendida em dólar.