O que este conteúdo fez por você?
- Conhecido também como esquema de Ponzi, em homenagem a Carlos Ponzi, que trouxe a fraude para o país em 1939, o golpe consiste no recrutamento de novos investidores para sustentar a rentabilidade dos mais antigos
- Segundo um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 11% das pessoas caem em investimentos fraudulentos, das quais 55% são cooptadas por pirâmides
- Para Reis, a maior arma dos golpistas é a promessa de riqueza, sempre apelando para a ganância das pessoas que desejam ficar ricas
Fazendas Boi Gordo, Telexfree, Avestruz Master. Quem nunca ouviu falar dessas pirâmides financeiras, que já vitimaram milhares de pessoas nos últimos anos? Por mais que o esquema importado para o Brasil por Carlos Ponzi, em 1939, já seja muito conhecido, ainda assim todos os dias novas vítimas perdem dinheiro ao fazer investimentos em empresas fraudulentas. Saber como não cair em pirâmides se torna, portanto, de fundamental importância.
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Em levantamento feito em 2019 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com 900 entrevistados, 11% declararam que já perderam dinheiro em esquemas fraudulentos, dos quais 55% caíram em pirâmides financeiras.
Para ajudar a minimizar os estragos na vida financeira das pessoas, Tiago Reis, fundador da Suno Research e analista certificado, decidiu desmascarar as pirâmides. Com duras críticas e argumentos sólidos, sua iniciativa, apelidada de #OperaçãoFaraó, já ajudou a derrubar as pirâmides Unick, DD Corporation e A2 Trader.
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Recentemente, Reis identificou mais um suposto esquema fraudulento. É o caso da BraisCompany, que se autointitula a maior holding de Blockchain da América Latina. A companhia, apesar de não possuir vínculos com a CVM e Anbima, utilizava a logomarca das instituições, sem possuir registro ou autorização. A própria Anbima, inclusive, divulgou uma nota no dia 18 de janeiro esclarecendo que não possui nenhum vínculo com a empresa.
Na visão de Reis, a legislação deveria ser mais rígida para quem comete esse tipo de crime. Muitos desses golpistas conseguem fugir com o dinheiro dos clientes e, em alguns casos, até abrem outra pirâmide após a primeira ruir. “Tem que pegar todo mundo como exemplo e processar, não só a liderança, mas também quem estava embaixo”, diz.
Mas, afinal, como fazer para não cair em investimentos fraudulentos? Confira as dicas de Tiago Reis:
1- Cuidado com promessas de grandes retornos
“Ganhe 1% ao dia”. “Dobre seu investimento em pouco tempo”. Esses argumentos são sinais de que o dinheiro rápido virá por meio do recrutamento de novos entrantes, ao invés da renda gerada pela venda de ativos.
“Qualquer pessoa que te prometer mais de 1% ou 2% por mês é irreal. Lógico que existem alguns créditos que custam mais caro e que pagam até um pouquinho mais, mas existe o risco desse crédito e não há nada que possa ser prometido sem risco, ainda mais acima desse patamar”, explica.
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“O maior investidor de todos os tempos, Warren Buffett, ganhou em média 1,6% ao mês, desta forma, o retorno médio possível é daí para baixo. Se alguém te promete mais do que isso, fique esperto, pois isso é uma bandeira vermelha”, completa.
2- Você não sabe como a empresa ganha dinheiro
Uma das maiores táticas dos golpistas é oferecer um modelo de serviço confuso ou difícil de avaliar. Muitas empresas, inclusive, vendem produtos tecnológicos que acabam atraindo pessoas que não têm conhecimento o suficiente para saber distinguir se os produtos e serviços oferecidos pela empresa são reais ou não.
“Se você não sabe explicar como a empresa irá ganhar dinheiro, é uma cilada. É preciso saber como ela irá te dar os retornos prometidos”, diz.
3- Procure por instituições reguladas e auditadas
Empresas de investimentos sérias são reguladas pela CVM ou pela Anbima. Sendo assim, a primeira coisa que você deve procurar saber é se essas empresas possuem registro, no caso da CVM, ou se é associada à Anbima. “Caso a empresa não tenha nenhuma das duas, é mais um alerta para os investidores”, explica Reis.
4 – Você tem que trazer mais gente
Essa talvez seja a estratégia mais típica das pirâmides: quando o recrutamento de novos membros possui mais ênfase do que a venda de um ativo. Além disso, o aliciamento de novos integrantes é um dos principais motivos por trás da queda das pirâmides, pois há um número finito de pessoas e as pirâmides precisam de novos entrantes para continuar crescendo para sempre.
“A estratégia é típica das pirâmides financeiras: traga mais pessoas e você será premiado de alguma forma, ou convide seis amigos para atingir o nível ouro”, diz.
5 – Ostentação cafona
Ostentação fora do normal! Apelar para a ganância das pessoas também é uma das estratégias utilizadas por esse tipo de negócio, pois eles entendem que todo mundo tem o desejo de ser rico. As empresa sabem disso e prometem essa riqueza, que não será entregue. Uma instituição regulada não pode prometer nada”, diz Reis.
“Para muita gente, ostentar é uma espécie de validação social. Sendo assim, é normal ver as empresas alugando carros de luxo, como por exemplo, uma Ferrari, para gravar vídeos publicitários com o intuito de demonstrar sucesso e riqueza, para atrair novos entrantes no negócio fraudulento”, diz.
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